8. Vingança

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Milla

Hoje era o segundo dia de atestado, e começou da mesma forma do dia anterior. Um tédio total. Tessa aproveitou que tínhamos que estar no hospital as 08:oo a.m. para a inalação que o Dr. Cullen me recomendou, para ir até a lavanderia, e em seguida fomos ao mercado fazer as compras da semana. Depois de trocar os móveis do meu quarto e os livros de lugar várias vezes consegui pensar em alguma coisa para fazer.

-Tia Tess, tem alguma tela que eu possa usar? -perguntei entrando no estúdio deles.

-Você querendo pintar?! Que surpresa! -ela brincou- Você não pinta nada há dois anos, o que aconteceu com você?

-Tédio, eu quero fazer algo que não seja ficar olhando para as paredes do quarto.

-Se anime! Vamos sair para jantar fora hoje.

-Onde? -me peguei animada com essa ideia.

-Tem um restaurante aqui em Forks, me disseram que a comida é incrível.

Minha animação foi toda embora. Tinha que ser em Forks? Por que não poderia ser em outro lugar como Port Angeles, eu não me importaria com a demora só queria ficar longe dessa cidade maluca.

Ela me entregou a tela, era pequena do tamanho de um caderno, era tudo o que eu precisava. Tessa me ajudou a carregar o cavalete até o quintal dos fundos, não estava chovendo hoje, apenas nublado. Eu tinha uma visão ampla da floresta perto da casa, as árvores em tons de verde escuro com gotas de chuvas acumuladas nas folhas nos cercavam.

Peguei o pincel fino e molhei a ponta na tinta verde-escura. Sem nenhuma inspiração comecei a deslizar o pincel sob a tela em branco. Comecei com uns esboços das árvores, sempre alternado entre o verde, o marrom e o azul escuro. Aos poucos a floresta ia tomando forma em minha pintura, mas em uma versão mais depressiva e melancólica do que a original.

Não me importei quando começou a garoar. Minha mão se movia livremente pela pintura, não me importava se estava chovendo ou não, eu começava a entrar na minha fantasia de solidão, me imaginando naquele lugar escuro e frio. Foi então que como um flash, um relâmpago, ele apareceu na minha mente. Os olhos como topázio, o cabelo cor de bronze, a pele fria e o sorriso misterioso de Edward Cullen surgiram. Será que ele se importava comigo? Claro que não. Quem eu era, além de uma completa estranha e depressiva? A gentileza dos primeiros dias provavelmente havia passado, ele devia ter coisas mais importantes a fazer do que pensar em uma garota estúpida como eu.

Quando terminei a pintura fiquei satisfeita com o que tinha, queria ter retocado mais algumas coisas, mas Tessa me chamou antes da chuva começar a ficar forte. As gotas que caíram na tela deram uma textura escorrida a floresta. Como se ela estivesse chorando.

***

Já estávamos prontos quando a tarde terminou. Me dediquei a tarde inteira a pintura que nem vi as horas passar, foi uma ótima descoberta, pintar me fazia esquecer do mundo ao meu redor. Minha nova válvula de escape. Tessa insistiu para que eu usasse o vestido que Sarah havia me dado ano passado, mas eu não cedi. Vesti uma calça jeans e uma blusa de renda mais feminina, com minha jaqueta por cima.

Edward

A noite estava perfeita para o meu plano. Escura e sem estrelas, meu alvo estava do outro lado da rua e eu esperava paciente até chegar o momento perfeito.

-Já podemos ir? -Emmett sussurrou.

-Ainda não. -respondi irritado. Era a vigésima vez que ele me perguntava a mesma coisa.

-Quando vamos partir para o ataque? -ele murmurou.

-Quando for o momento certo. -Jasper respondeu.

-E se Alice estiver errada? -ele revidou.

-Não, dessa vez ela vai estar certa. -eu disse me lembrando da visão que Alice teve. "Não Edward, eu tenho certeza. Os Newton vão sair essa noite e deixaram Mike sozinho em casa.'' "Não deixe ele machucado, eles vão desconfiar de alguma coisa".

Depois de esperarmos cerca de uma hora o Sr. e Sra. Newton saíram, deixando Mike sozinho em casa. Hora de pôr o plano em ação. Não era nossa intenção deixar ele ferido -embora eu realmente desejasse isso-, Jasper sugeriu a ideia de darmos um pequeno susto nele.

Ele estava dormindo no quarto, em um estado transitório. Entramos pela janela em silêncio, Jasper ficou encarregado de desligar o alarme e a energia. Uma das vantagens de ler a mente das pessoas era descobrir as maiores fraquezas e medos delas. Comecei a observar Mike Newton e descobri que ele morria de medo de uma coisa em particular. Não foi difícil de achar, deixei isso por conta de Emmett, tudo o que me importava era deixar bem claro que se ele entrasse no caminho de Milena novamente eu arrancaria a cabeça dele sem nenhum esforço.

-Já sabem o que fazer. -eu disse saindo do nosso esconderijo.

-Até que enfim. -Emmett saiu segurando a caixa.

Entramos na casa em silêncio. Cada um fez sua parte. Jasper desligou os sistemas de segurança.

Mike dormia tranquilo, mal podia imaginar o que aconteceria com ele. Amarrei com cuidado os braços e pernas dele. Terminei de amordaça-lo e esperei meus irmãos para começarmos a festa.

Milla

Nunca pensei que ficaria tão feliz com a chegada do final de semana, ouvir dizer que o clima ia melhorar no domingo. Tio Joe se animou com a notícia e programou um passeio até La Push, uma praia que fica perto de uma reserva Quileute não muito longe daqui.

Os dois estão muito inspirados para trabalhar, pelo menos alguém está se dando bem aqui. Eu não tinha nenhum plano para hoje, apenas ficar no meu quarto ou ler algum livro.

-Querida, você pode pegar o jornal para mim? -Tessa perguntou enquanto tomávamos o café da manhã.

Me levantei e fui até porta. O vento frio encheu o corredor com gotas de chuva. Abri o guarda-chuva. Nosso gramado estava úmido e o carro dos meus tios estacionado na entrada, me agachei para pegar o jornal quando escutei alguém passado perto de mim.

-Bom dia, Milla. -a nossa vizinha, a Sra. Harris venho me cumprimentar com um sorriso no rosto.

-Bom dia, Sra. Harris. Tudo bem?

-Sim, na verdade eu estava mesmo querendo ver você.

-Algum problema?

-Bom, eu não quero assustar você. É que o Adam estava na em casa ontem e percebeu uma coisa estranha.

-Que coisa? -perguntei preocupada.

-Não sei muito bem, as vezes o Adam exagera, mas tem grande chance de ser verdade. Ele disse que ontem um carro prata, um Volvo, ficou estacionado durante um bom tempo em frente à casa de vocês. Eu disse a ele que podia ser uma visita, mas ele garantiu que um garoto saiu de dentro do carro e ficou parado na porta da casa e depois voltou.

-E como era esse garoto?

-Pela descrição de Adam, ele era um pouco maior que você. Muito pálido, e tinha um cabelo próximo a cor bronze, ou avermelhado. Você conhece ele? -a descrição que ela acabara de fazer era similar a aparência de Edward. Tinha uma grande chance de não ser ele, mas quem mais em Forks tem um carro sofisticado a não ser os Cullen?

-Sim, eu conheço ele. -respondi pensativa.

-Me desculpe por estar tomando seu tempo, só fiquei preocupada.

-Não se preocupe, e obrigado por ter avisado. -respondi com um sorriso.

-Não foi nada. -ela disse saindo.

Fiquei refletindo, o que será que ele queria? Por que ficou parado e não tocou a campainha? 

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