I'm Yours

Grenade

Boa leitura ;)

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Uma semana depois...

Quarta 18:30

E assim se passavam os dias, eu sempre ligando e ela nunca atendendo. Depois de muita insistência ela resolveu atender.

- Eu to a um ponto de trocar meu numero de telefone. - respondeu brava. - Qual parte você ainda não entendeu?

- Por favor, eu só quero ver você e as crianças. - pedi. - Eu vou acabar ficando louco.

- Sem chances! - disse ríspida.

- Então só as crianças. Eu sei que você me odeia, mas eu sou pai deles dois também. - tentei convencê-la. Dava para ouvir ela respirando profundamente do outro lado da linha, ela fazia muito isso quando estava zangada.

- E quando vai ser isso?

- Eu quero ver e ficar com eles pelo menos uma vez por dia, e também quero que eles fiquem aqui em casa umas três vezes por sem...

- O QUE? Ta falando ser... - fez um silencio. - Tá, ta legal. Só para de me ligar o tempo todo está bem?

- Sim, claro. - respondi um pouco desacreditado pela mudança de "postura".

- Quando você estiver chegando me avisa por mensagem... - fez uma pausa. - Para dar tempo de preparar as coisas das crianças.

Me despedi e Samantha apenas desligou. Cada vácuo que ela me dava parecia ser uma facada diferente.

SAMANTHA POVS

Já se passava tanto tempo que eu não lidava com términos que não sabia se tudo o que estava passando deveria ser sentido com tamanha intensidade. Minha cabeça estava confusa e os remédios - que eu ainda era obrigada a tomar - só piorava a situação.

Eu estava horrível no trabalho, não me concentrava em nada. Estava horrível em casa, horrível como pessoa e horrível como mãe. Tudo me estressava ou me deixava para baixo, ou apenas me deixava com raiva o suficiente para dar vontade de socar uma parede e depois chorar.

Me lembro de quando estava no hospital e recusei totalmente qualquer tipo de atendimento psicológico que poderiam me oferecer, eu não estava "doente" mentalmente naquela época, o meu cérebro sim, mas a minha mente continuava a mesma - tirando o fato da amnésia, é claro. Então depois de uma semana de luto praticamente eu resolvi encontrar com o Dr. Benjamin, não lembrava muito bem das nossas consultas, mas pelo o que eu sabia ele era um bom doutor, um bom amigo. Ele passou essa sensação quando foi me visitar as poucas vezes.

Fui até o consultório e fiquei surpresa pelo sorriso da atendente quando me viu. Ela parecia mais surpresa e feliz e ficou tentando puxar assunto sobre tudo o que era possível, porém eu sempre tentava mudar sobre o mesmo ou apenas sorri, não queria ser arrogante para alguém que nunca havia me feito nada.

Depois de alguns minutos que vi uma pessoa saindo chorando e ali já dava para saber que ele estava tendo um dia cheio. Levantei do sofá que fazia presença na sala de espera e entrei, respirando devagar para não haver nenhuma crise.

A primeira visão que tive foi de um consultório grande, parecia uma parte de alguma biblioteca velha por ai. Era estranhamente aconchegante. Só entrei, me sentei no divã e esperei. Ele apareceu segurando uma prancheta e coçava a cabeça de modo preocupado, fazendo caretas para acompanhar. Quando ele me viu foi um susto, logo depois ele sorriu e mais uma vez pareceu estar surpreso.