HELENA CARTERCada sessão de quimioterapia eu me sentia mais entregue ao câncer. Comecei a dar mais valor as pequenas coisas. Minha fé estava abalada e eu já não sabia se tinha esperanças. Hoje é sábado e minha mãe havia ido com tia Liz comprar algumas coisas que me fizesse comer.
Estava cansada de ler o mesmo livro pela terceira vez, fecho o livro e respiro fundo passando a mão em meu cabelo. Vários fios de cabelo vermelhos saem em minha mão, cada vez que eu passava saia mais e mais.
— Quer alguma coisa, Helena?— Rebecca entra no quarto.
— Não, só minha boca que está um pouco seca.
— É por isso que eu insisto para você beber bastante líquido, vou preparar um pouco de bicarbonato de sódio com água morna, dizem que ajuda.
— Obrigada, Rebecca!— ela sorri e sai do quarto.
Passo a mão nos cabelos outra vez e mais mechas saíram, olha para minha mão com vários fios e lágrimas imundam meus olhos. Me levanto e vou até o banheiro segurando firme o suporte do soro. Vejo meu reflexo no espelho, pego o pente e penteei os cabelos, mechas vermelhas saiam e eu me desesperava vendo meu cabelo em minha mão. As lágrimas escorriam, meu peito doeu e eu perdi minhas forças, apoio as mãos na pia e choro mais e mais. Escorreguei pela parede sem conseguir parar de chorar, soluços ecoaram pelo banheiro e eu só conseguia chorar.
— Helena?— minha mãe diz, ela me chama várias vezes e vem desesperadamente ao banheiro quando escuta meu choro.
— Mãe...— digo chorando, ela se ajoelha ao meu lado e me abraça, choro mais ensopando seu suéter azul. — Mãe, me ajuda...
Ela me ajuda a levantar, tia Liz pega meu braço e me leva até a cama.
— Calma, querida!— minha mãe disse e limpa o excesso de lágrimas que escorriam pelo meu rosto. Rebecca entra no quarto e me entrega a água com bicarbonato.
Estava um pouco mais calma e as lágrimas tinham cessado. Lembro de quanto meu cabelo ainda era da cor natural, eu tinha 14 anos quando fiz umas mechas rosas escondido só para chamar a atenção da minha mãe. Quando fiz 16 pintei de vermelho e desde então tento manter a cor. Eu amava meu cabelo. O que seria de Helena Carter sem seu cabelo vermelho? Eu não sou a mesma pessoa sem esse cabelo vermelho chamativo.
Depois de "será que eu vou morrer?", a segunda coisa que eu pensei depois que descobrir que estava com câncer foi se eu ficaria careca.
•••
Já estava entediada, me levanto da cama e pego o suporte do soro e caminho até a janela, consigo ver meu deplorável estado através do reflexo do vidro.
— Oi!— Henrique disse alegre e entra no quarto, logo em seguida Alice, Noah e John entram.
— Oi gente!— digo um pouco desanimada.
— Vamos levantar esse astral?— Alice disse e Henrique concorda.
— Trouxemos, torta de frango, refrigerante e brigadeiro.— Henrique disse sorrindo.
— Obrigada, mas eu não estou muito afim.—digo e o sorriso no rosto de Henrique some.
— Como não está afim? Comer é sua vida, Helena!
— Você está bem?— John pergunta.
— Pra Helena não querer a torta de frango da minha mãe com certeza não tá bem.— Alice disse.
— O que aconteceu, Helena?— Noah disse e todos ficam preocupados.
— Nada sério, só...— começo a chorar de novo, Alice se senta ao meu lado e me abraça.
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Para Sempre Ao Seu Lado
RomanceHelena Carter, 17 anos, mora com os pais e os irmãos em New York. Sempre foi uma garota com personalidade forte, não tem uma relação muito boa com a família, mas acredita que com os amigos e o namorado pode recompensar a ausência da mãe. Quando tud...