3 - Thaís

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- Tem alguma coisa escrita no papel? - Foi a vez da Lu perguntar. - Pode ser só um papel que foi parar aí por engano...

Abri o papel e tinha meu nome nele! Meu nome, dois números, um deles parecia de um telefone e o outro um número de três dígitos. No final do bilhete um S.

Nessa hora, todas estavam em volta de mim, analisando o bilhete.

- Ai meu Deus, é um bilhete mesmo. E é pra você Thaisi! - Ra se empolgou.

- Olha, esse S só pode ser de Suga, né minha gente. Foi ele que te entregou o buquê? - Perguntou KT.

- Foi, mas ele entregou pra Ra e pra Vero também. Tem alguma coisa no de vocês? - Elas olharam pra mim balançando a cabeça negativamente.

O lugar ia ficando cada vez mais cheio, nossa conversa começou a ser observada por muitas pessoas em volta.

- Olha gente, vamos conversar sobre isso mais tarde, porque estamos chamando atenção já. - B, aconselhou.

- E parece que o show já vai começar também! - Bru observou e todas percebemos as luzes sendo apagadas e as luzes do palco acendendo.

Guardei o bilhete na bolsa meio sem saber o que pensar. Será que era mesmo um bilhete do Suga pra mim? Se fosse o que será que ele queria? Me parecia muito difícil acreditar no que estava cogitando. Estava nesses pensamentos, quando o show começou. A apresentação dos meninos foi realmente incrível, mas acabei não conseguindo aproveitar totalmente, pensando no bilhete que já parecia uma bomba na minha bolsa. 

Ao final de tudo, já aguardando os Ubers que nos levariam de volta pra casa, todas as meninas super felizes, mas dessa vez eu estava mais calada. No carro, Lu me perguntou:

- Você está tão calada Tha, tudo bem?

- Apesar do show incrível, não consigo parar de pensar no bilhete. Já sinto uma certa ansiedade...

- Tha, vamos conversar todo mundo junto lá na sua casa, ver o que quer dizer esse bilhete e tudo. - Mai tentou me tranquilizar.

- Isso mesmo, fica mais sossegada.

Me odiava naquele momento por estar me sentindo daquele jeito, mas infelizmente era o que estava acontecendo. Queria tanto ser aquelas mulheres descoladas que viviam recebendo esse tipo de bilhetes! Provavelmente já saberia o que fazer se fosse.

Chegamos em casa e encontramos com as outras meninas. Sentamos todas na sala, até mesmo Keka e KT que iriam dali algumas horas pegar vôos para suas casas. Era perto da meia noite, quando tirei o bilhete da bolsa pra analisá-lo com as meninas.

- Um desses números parece de um telefone. - Comecei falando logo porque já estava com aquilo na cabeça a bastante tempo.

- Sim, sim! Vamos ligar. - B concordou. Me passaram o telefone e eu liguei.

- Hotel Hilton São Paulo, boa noite!

- Boa noite, meu nome é Thais e recebi um bilhete do senhor Min Yoongi para ligar nesse número.

- Sim, temos um recado aqui para a senhora. O senhor Min Yoongi gostaria da confirmação de sua visita aqui ao hotel amanhã, às 23h30. A senhora gostaria de confirmar?

- Visita ao hotel amanhã às 23h30? - Olhava para as meninas e parecia que todas tinham prendido a respiração enquanto  ouvia a confirmação da informação do outro lado da linha.

- Preciso verificar minha agenda, daqui a pouco ligo confirmando. Boa noite e obrigada. - Esperei a resposta ao boa noite do outro lado e desliguei o telefone.

- Ai viada, que tu foi chamada pra conhecer o hotel do Sugoiaba! Vai aceitar? - Acho que essa pergunta da Keka era o que todas queriam saber.

- Não faço idéia. - Achei que meu cérebro ia explodir, comecei a sentir uma pontada de dor de cabeça.

Começou uma discussão, algumas pontuavam se ele não tinha feito isso devido a fama das brasileiras, outras defendiam que eu deveria ir pra ver o que dava, mas que seria bom levar um spray de pimenta, porque vai quê. Outras diziam que eu não deveria me sentir pressionada e que deveria ir só se quisesse. Eu não dizia nada, porque realmente nem sabia o que pensar. O certo é que era unânime que todas nós sabíamos que ele não tinha feito esse convite só pra ele e eu termos uma conversa de como o Brasil era legal.

- Eu vou recusar. - Disse no meio da explanação delas. Fez-se um silêncio e eu pude sentir um certo clima de decepção.

- Sei que não é uma coisa que acontece todo dia, mas acho que pra minha sanidade mental, será melhor eu recusar mesmo...

- Tá certo, você tem que fazer o que é melhor pra você. - Lu me confortou.

Peguei o telefone, dei redial e recusei educadamente uma oferta que era certo nunca mais seria feita.

Depois disso a conversa deu uma desanimada e cada uma começou a se arrumar, umas pra dormir e outras como Keka e KT pra pegar o avião de volta pra casa.

Enquanto ajudava todas a se organizarem, sentia também que tinha decepcionado todo mundo com a minha decisão, inclusive sentia essa decepção em mim mesma. Tive infelizmente que escolher entre a minha paz mental ou viver uma aventura que eu não saberia onde ia dar. Escolhi a paz mental, mas só teoricamente, pois minha mente poderia estar tudo menos em paz naquele momento.

Don't Leave Me [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora