Lágrimas Silenciosas

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Lágrimas silenciosas.

Desde que haviam pegado o táxi em frente a casa de Thaisi ela permanecia incrivelmente quieta. Seus olhos fitavam o vazio e as únicas coisas que evidenciavam que Yoongi não estava sentado ao lado de uma estátua eram a leve respiração e as lágrimas, que rolavam sem parar pelo seu rosto. Ela nem mesmo soluçava.

Yoongi não conseguia tirar o olhos dela. Ele estava consternado. A cena que ele presenciara na casa dela tinha sido terrível. Apesar de não ter entendido uma palavra do que tinha sido tido, ainda pode entender todo o contexto: ela tinha sido posta pra fora da própria casa. Ele sempre achara que os pais coreanos poderiam ser bem cruéis com os filhos que não superassem suas altas expectativas, mas não imaginava que isso também poderia acontecer em um lugar totalmente diferente da Coréia, como o Brasil.

E tudo isso era culpa dele. De diversas formas. Afinal o filho era dele não é mesmo? Isso pra não dizer o fato de os pais dela terem descoberto tudo porque ele não tinha confiado nela. Se sentia péssimo, com a culpa e também com o fato de que nem pra consolar alguém ele prestava. Pensou que se Jimin estivesse nessa situação saberia exatamente o que dizer a Thaisi. Ou mesmo Jin, poderia distraí-la fazendo-a rir involuntariamente de alguma piada de tiozão. Mas ele não fazia idéia do que fazer, além de sentir culpa, então preferiu permanecer quieto, mas sem deixar de olhar pra Thaisi, que não parecia perceber nada em volta, como se tivesse ido para um mundo a parte, um mundo profundamente triste.


E ela permaneceu assim, mesmo após chegarem no hotel e terem subido com as malas. No quarto ela se esgueirou, ainda silenciosamente, pra cima da cama, abraçando os joelhos e se encolhendo em uma posição fetal. As lágrimas dela pareciam vir de um reservatório infinito, e ainda escorriam mesmo após ela fechar os olhos.


Quanto a Yoongi, permaneceu parado em frente a cama, ainda sem saber o que fazer ou dizer. Os dois permaneceram daquele modo durante um bom tempo.


Era a segunda vez que ela estava no seu quarto desde que ele chegara ao Brasil naquela manhã, Yoongi pensava, e ele havia imaginado ela ali de diversas formas possíveis, antes de todos os acontecimentos das últimas horas, mas a única que não tinha aparecido na sua mente era a Thaisi arrasada que agora estava deitada na cama. Ele nem sabia se ela tinha percebido que ele havia reservado o mesmo quarto de dois meses atrás, mas desconfiava que não.

Nesse momento, o telefone do quarto começou a tocar e Yoongi atendeu.

-- Sim? Quem? Luciana? -- Yoongi estava prestes a dizer que não sabia quem era e a desligar, quando sentiu algo puxando a barra da sua camiseta. Olhou e era Thaisi, que agora o fitava.


--  Deve ser a minha unnie. -- A voz dela saiu num sussurro rouco.


-- Oh, ah. Sim, pode mandá-la subir. -- Ele falou pra recepção do hotel e desligou o telefone logo em seguida. Agora era a irmã dela e ele não sabia o que esperar. Seria mais uma cena trágica?


Thaisi tinha sentado na cama e enxugava os olhos, quando ouviu-se uma batida forte na porta.

-- Vou ao banheiro. -- Disse Thaisi levantando da cama antes que ele fosse atender a porta. Ou a irmã dela tinha chegado em tempo recorde ao quarto, ou então era outra pessoa. Era realmente outra pessoa, constatou Yoongi ao abrir a porta e ver Sejin hyung.

-- Acabei de voltar da reunião com o advogado brasileiro e... -- Sejin começou a dizer ao mesmo tempo em que Yoongi percebeu com a visão periférica a aproximação de uma mulher alta com uma cara furiosa pelo corredor.

Don't Leave Me [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora