Bêbado | 50

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Lucas Olioti POV

Estava dormindo tranquilamente com a Malu, quando alguém estava tocando a campainha desesperadamente.

– Já vai, porra – gritei do quarto e alcancei uma cueca e um short limpo no armário e me vesti, olhando a Malu acordar.

– O que aconteceu? – Ela perguntou, olhando-me com dificuldades por causa do sono.

– Não sei, alguém quer estragar minha campainha, fica aí, eu já volto. – Caminhei até a porta e girei a chave, destrancando e, logo, abrindo a porta, sem acreditar no que estava vendo.

– Pai? Tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa? — Questionei assustado pelo estado dele, parecia ter chorado muito e só me pedia desculpas. O que ele poderia ter feito? — Entra aqui, o senhor bebeu?

Puxei-o para dentro do apartamento e fechei a porta, encarando-o.

– Só um pouco pra criar coragem. Minha vida tá acabada, Lucas, sua mãe me colocou pra fora, to dormindo na casa do seu irmão, tudo por causa daquela menina. Você terminou com ela como eu mandei?

Ele dizia com dificuldade, enquanto eu tentava entender e processar suas palavras, buscando algum sentido naquilo tudo.

– Pai, calma, você tá bêbado... Toma um banho, dorme um pouco, depois a gente conversa melhor – digo, encarando-o sério. Por que ele bebeu tanto? O que a Malu tem a ver com isso?

– Lucas, é sério, vocês não podem ficar juntos, não podem. – Ele afirmou com toda a certeza do mundo.

– Por quê, pai? Eu amo ela, ela me ama... Por que minha mãe te colocou pra fora de casa? Senhor não tá falando nada com nada.

– Porque a Malu é minha filha com a Marta. Você e ela são irmãos, por isso. A sua mãe não quer aceitar e tá com ódio de mim – ele cuspiu aquelas palavras, e eu comecei a rir loucamente, ele estava muito bêbado.

– Bebeu quantas, pai? Vamo lá no banheiro pro senhor tomar um banho, vou passar um café forte pra melhorar sua bebedeira, e depois a gente vai rir dessa loucura juntos – digo, conduzindo-o até o banheiro e fechei a porta com ele lá dentro.

Voltei para o quarto, rindo do absurdo que ele disse e vi a Malu terminando de se vestir rápido, um pouco abalada, olhando-me.

– O que foi, amor? Onde você vai? – Questionei, parando de rir.

– Eu ouvi tudo, Lucas... A gente... Eu sou filha do seu pai? Somos irmãos? – Ela perguntou séria, encarando-me.

– Sério que acredita nisso? Ele tá bêbado, linda, relaxa. – Aproximei-me, abraçando-a, mas ela se esquivou.

– No jantar, no dia em que conheci seus pais, ele não estava bêbado e ele disse que achava que tinha namorado minha mãe. No aniversário da sua mãe, a minha mãe foi embora e ela nunca recusa ou sai de uma festa antes de acabar... Eu não quero acreditar, mas tudo se encaixa e faz sentido, Lucas; eu preciso falar com minha mãe.

Enquanto ela dizia, andando de um lado para o outro dentro do quarto, terminando de se arrumar, eu pensava em suas palavras e, por mais que tentasse, eu não conseguia acreditar naquilo; por mais que fizesse sentido, eu não pudia ser irmão da mulher da minha vida, isso tá errado.

– Não pensa nisso, Malu, ele tá bêbado, talvez ele tenha se confundido. – A encarei. – Fica calma, eu vou te levar em casa.

– Não. Eu vou sozinha, chamo um táxi, você fica e cuida dele; se eu descobrir algo, eu te ligo. – Ela, então, aproximou-se de mim, como todas as vezes em que iria despedir-se de mim com um beijo, mas recuou, passando as mãos em seus cabelos e saiu pela porta do quarto. A segui até a sala e a olhei sair em silêncio. Eu até tentaria impedir que ela fosse, mas não iria adiantar nada.

Besides The Life - T3ddy | Lucas OliotiOnde histórias criam vida. Descubra agora