Luísa:Acordei de madrugada, exatamente às 02:34h. Olhei para o lado e vi Ana com os braços ao meu redor. Respirei fundo, saí devagar para não acorda-la, fui ao banheiro, vesti sua blusa de botão e depois na cozinha.
Quando abri a geladeira, senti minha barriga roncar de fome. Peguei um macarrão que estava guardado, esquentei no microondas, sentei no balcão e comi em silêncio. Coloquei o prato na pia, voltei para o quarto e deitei. Retirei sua blusa chique, joguei no chão e logo voltei a dormir.
- Bom dia... - Escutei ao longe e virei para o outro lado. - Senhorita, bom dia. Dona Ana pediu que lhe acordasse às 9 da manhã.
Abri os olhos e encontrei Maria, sua empregada, no pé da cama com um sorriso simpático. Olhei para o lado e a cama estava vazia.
- Como?! São nove da manhã?
- Sim. Ela pediu que eu preparasse seu café da manhã e deixou dinheiro para o táxi. Vou esquentar o café, com licença.
Ela saiu do quarto e eu levantei devagar. Iria matar Ana. Faltei todas as aulas do dia e ainda fui acordada pela empregada me vendo nua.
Tomei um banho, escovei os dentes com a mesma escova da outra noite, já que ela guardara no armário novamente e abri seu guarda-roupa procurando algo para vestir. No canto, vi a calcinha do dia do escritório, agora limpa e guardada perto dos perfumes. Vesti-a, e também peguei um de seus shorts e uma camisa social rosa. Calcei minha sapatilha, enfiei minhas roupas em uma sacola de loja chique que ela comprou e sai do quarto. Maria havia colocado todo o café na mesa para mim.
- Não vou comer, muito obrigada.
- Dona Ana mandou você comer, menina.
- Ela não manda em mim. - Observei a mesa farta e o rosto de Maria. - Tudo bem, mas irei comer só para não estragar.
Comi mais do que deveria, pois não se pode negar comida, principalmente um banquete igual aos de hotéis. Ajudei Maria a retirar a mesa e fui pegar o ônibus para ir até a faculdade. Liguei algumas vezes para ela, mas sempre caía na caixa postal.
Desisti de ir até a faculdade e fui para casa. Já tinha perdido o dia inteiro de aula mesmo.
No fim da tarde, dei uma corrida na praia e quando voltei para casa, Ana me ligou pela primeira vez no dia.
- Porque não me acordou hoje?! - Falei assim que atendi. - Perdi uma prova, sabia?
- Todas as provas serão semana que vem, e seu professor do primeiro horário faltou, você perdeu apenas a segunda aula, daria muito bem para ir na última.
- Porque não me acordou?
- Você parecia um anjo dormindo na minha cama, não quis acorda-la. - Escutei o barulho do carro parando e logo desligar. - Está onde?
- Acabei de chegar em casa. Quer vir dormir comigo?
- Nada disso, preciso terminar um trabalho e estudar para as provas.
- Eu te ajudo, sou professora e sei da matéria.
- Hum, e o que você entende sobre Processo Penal? - Perguntei sentando na cadeira de minha escrivaninha e colocando a ponta da caneta na boca.
- Que se você não chegar na minha casa em meia hora, irei até sua casa lhe sequestrar, aí sim terá que estudar processo penal para me tirar da cadeia.
- Nunca lhe tiraria da prisão, Ana. Se fez por merecer...
Ana riu do outro lado e eu sorri de lado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ela e eu
Lãng mạnLuísa sempre teve um olhar diferente para uma professora de sua faculdade. Quando finalmente consegue lhe ter nas mãos, será mais difícil do que pensava para manter quem sempre quis ao seu lado.