Ana:Fiquei sentada em uma poltrona por tanto tempo que a enfermeira retornou com um copo de suco e um sanduíche para mim, quando levantei meu corpo estava formigando.
- Não fique pensando no que eu falei, por favor. - Ela disse antes de abrir a porta e sair.
Dei uma mordida no sanduíche e fiz uma careta. Eu estava enjoada, não conseguia comer, então tomei o copo de suco e deixei na bandeja para que levassem.
No quarto tinha um cama baixa e de solteiro para o acompanhante. Retirei meus sapatos e me deitei. Não era 100% confortável, mas dava para tirar um cochilo de meia hora alguma vez ou outra. Depois de muita insistência, virando de um lado para o outro, consegui dormir.
"Ei..." - Escutei uma voz ao fundo, parecia bem longe. - "Acorda."
Abri os olhos devagar, pois estavam pesados de tanto sono e choro. Olhei ao redor e não vi ninguém. Sentei na cama e notei um movimento na cama de Luísa. Levantei rápido e me aproximei.
Seus olhos estavam semi-abertos e quando me viu, ela esboçou um sorrisinho de lado.
- Meu amor, você acordou! - Me aproximei e beijei seu rosto devagar.
Estava tão feliz e empolgada, mas me controlei para não lhe machucar.
- Você está sentindo algo? Vou chamar a enfermeira, só um minuto.
Apertei o botão verde e fiquei a encarando.
- O que houve? - Ela disse baixo, do mesmo tom que eu escutei quando estava deitada. - Foi na rua, né?
- Fique calma, o médico deve chegar logo.
A enfermeira retornou e sorriu ao ver Luísa acordada.
- O médico já está subindo, ele vem lhe examinar, Luísa. - Ela se aproximou da cama e verificou o soro. - Vou buscar mais soro.
O médico entrou na sala e começou a examinar Luísa. Me afastei um pouco, mas não retirei os olhos dela, estava tão feliz ao saber que ela estava acordada.
- A cirurgia foi um sucesso. Porém, precisará ficar de recuperação e observação. Pelo visto que não houve consequências. - Ele sorriu e assinou algo em uma prancheta. - Vou passar algumas orientações para a sua esposa depois, OK?
Eu assenti e ele se retirou com a enfermeira.
- Esposa? - Luísa respondeu em tom mais alto e me olhou. - Você?
Meu coração acelerou e fiquei sem saber o que falar.
- Sim, nós casamos há alguns anos e... - Comecei a mexer as mãos já nervosa. - Temos filhos também.
- Eu lembro dos meninos, mas de você não. - Ela fez uma carinha de desculpa.
Fiquei calada e respirei fundo, não podia chorar na sua frente.
- Você está com fome?! Posso perguntar se vão te trazer algo para comer. - Me aproximei e perguntei.
- Sim, morrendo de fome de você, Ana. - Ela sorriu e piscou. - Claro que lembro de você, meu amor.
- Você merece uns tapas, Luísa! - Falei rindo, mas ainda nervosa. - Te odeio.
- Pensou que eu tivesse perdido a memória?
- Para algumas coisas, o melhor seria esquecer. - Passei a mão em seu rosto.
- Meu peito está dolorido... Quantos tiros eu levei?
- Dois, um no peito e outro de raspão na cabeça. Eu fiquei tão louca e desesperada...
- Estou bem, nós ficaremos bem. Prometo que vou descobrir quem fez isso comigo.
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Ela e eu
RomanceLuísa sempre teve um olhar diferente para uma professora de sua faculdade. Quando finalmente consegue lhe ter nas mãos, será mais difícil do que pensava para manter quem sempre quis ao seu lado.