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Luísa:

- Estou me achando um lixo, Raquel. - Falei assim que ela abriu a porta com um pijama de estampa de porquinhos. - Aliás, maturidade.

- Não me julgue, só consegui dormir depois de confirmar a quantidade de cervejas que consegui pra festa. - Ela fechou a porta e foi pra cozinha. - Tem achocolatado na geladeira, pode tomar.

Peguei o achocolatado e bebi enquanto ela preparava café. Ficamos acertando o resto das coisas que faltavam para a festa e quando deu dez da manhã, terminamos.

- Ela está triste, já chorou e implorou para que eu fique. - Comentei me jogando no sofá ao lado da loira. - Vou pro inferno.

- Todas nós vamos! - Escutei uma voz conhecida e quando olhei, Cecília estava de pijama. - Bom dia!

- Cecí?! - Perguntei surpresa.

- Oi, Luísa. Então, tudo preparado?

- Pensei que tivesse viajado!

- Tudo é parte do plano. Só o Fernando que viajou, mas ele retorna hoje, deve estar chegando do interior. - Ela deu um selinho em Raquel. - Aliás, estamos namorando.

- Está brincando, né? - Olhei Raquel e ela negou, rindo. - Gente, ser sapatão é fazer parte de um rebuceteio.

- A cidade é pequena. - Raquel balançou os ombros. - Fiz café.

- Vou tomar, já volto.

Cecília foi para a cozinha e olhei Raquel, que sorria.

- Você sabe que Cecí e eu...

- Claro que sei, relaxe. Isso é passado, nós estamos bens e você com minha irmã também.

- Acho que Ana vai me odiar quando souber que passei a semana enganando ela para que a festa desse certo. - Raquel riu. - É sério!

- Ela mandou currículo pra Recife.

- Eu sei disso! Agora só falta ela receber oferta mais alta, me largar e ir.

- Seria bem feito. - Cecí voltou com uma xícara de café preto.

- Ai, Cecí! - Dei um leve empurrão nela que riu.

Após o almoço, Cecí me deu uma carona para casa e segui para a dela. Quando cheguei, fiquei um pouco com minha mãe e ela começou a chorar, me fazendo chorar junto.

- Mãe, vai dar tudo certo. Vou continuar na cidade, apenas em outra casa.

- Mas... Promete que vou almoçar na sua casa aos domingos?

- Se eu não tiver de ressaca, sim. - Ela me deu um tapinha e me abraçou.

- Seja educada, seja a menina que eu criei.

- Eu sei... E relaxa, você vai viver naquele apartamento. Obrigada por me entender.

- Boa sorte no seu emprego e na sua vida. - Ela beijou meu rosto e apontou para as duas malas no canto da sala. - O que precisar, é só pedir.

- Sim, senhora.

Olhei o celular e Raquel me disse que estava tudo certo. Eu poderia colocar o plano em prática.

***

Ana:

Acabei almoçando um pote de sorvete com refrigerante. Me joguei no sofá e liguei o celular em músicas da Marília Mendonça que era pra rasgar mesmo a cara no asfalto enquanto chorava.

Quando deu três da tarde, meu celular parou para tocar a ligação de Raquel. Atendi e deixei no viva-voz.

- Oi, bebê.

Ela e euOnde histórias criam vida. Descubra agora