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Luísa:

Senti a raiva subir, encarei Ana e ela estava com um olhar como se pedisse para ficar quieta por apenas algumas horas. Respirei fundo e esperei Ana voltar e sentar, fiz o mesmo ao seu lado.

Peguei o cardápio e fiquei lendo cada um só para evitar a conversa na mesa. Pedi um prato com salmão e mais alguma coisa, um refrigerante e entreguei o cardápio ao garçom. Ana fez seu pedido e as outras também.

- Então, como vai a pós? - Ana perguntou a Raquel.

- Reta final do Mestrado, estou me matando pra terminar. Vou esperar um pouco para fazer Doutorado, estou cansada de livros.

- Você também é do Direito? - Puxei conversa e ela assentiu, sorrindo.

- Você está gostando do curso? - Ela perguntou.

- Sim, estou adorando. Só não sei qual área irei seguir, estou indecisa.

- Ainda é estudante? - A mãe perguntou me olhando e depois encarando Ana.

- Sim, ela é aluna da faculdade. - Respondeu calma e colocando refrigerante em meu copo.

- Ai, Ana, tomando refrigerante por causa dela?! - A mais velha falou de novo e vi Raquel revirar os olhos, então segurei o riso.

- Não estou tomando por causa dela, mãe.

- Na época que era casada não tomava nada disso. A Joyce era ótima, saudável, fazia academia e não ficava pedindo essas coisas que faz mal para a saúde.

Eu estava me segurando para não dar uns tapas naquela mulher, mas ao ouvir que Ana já foi casada, queria distribuir os tapas entre as duas.

- Então... Porque escolheu Direito? - Raquel tentou amenizar o clima que instalou.

Acabei conversando apenas o breve com Raquel e fiquei calada o resto do almoço. Sônia, o nome da mulher chata, ficou conversando com as filhas e me excluindo. Quando a conta chegou, Ana tirou o dinheiro e pagou nossa parte. Eu já sabia que viria algum comentário sobre ela pagar minha parte.

- Você está sustentando essa garota? - A mãe perguntou segurando um cartão.

- Não, viu senhora?! - Falei trazendo sua atenção para mim. - Pode ficar tranquila que eu posso muito bem pagar minhas contas, OK?

Tirei o dinheiro do bolso, coloquei na mão de Ana e me levantei.

- Tchau, Raquel, foi um prazer poder conversar com você. - Nos abraçamos.

- Adorei o corte. - Sussurrou em meu ouvido. - Vamos marcar de sair sem ela.

- Por favor. - Sussurrei de volta e me afastei.

- Estarei no carro, Ana. Tchau, dona Sônia.

Virei as costas e sai do restaurante, indo diretamente para o carro. Para minha sorte, a chave havia ficado comigo, então entrei logo no banco do passageiro e deixei a chave na ignição para Ana dirigir.

Após uns minutos, Ana saiu do restaurante e veio até o carro. Me olhou no banco do passageiro e entrou no motorista, travou as portas e me encarou.

- Se vier defender a sua mãe, eu vou embora de ônibus.

- Eu adorei o corte no final. - Ela acabou rindo e eu também. - Aliás, entreguei sua parte do almoço para que ela ficasse calada de vez.

- Tudo bem, era o resto da grana do mês. - Dei de ombros rindo.

- Quer ir tomar um sorvete? Não pedi sobremesa que era pra irmos logo embora.

- Prefiro fazer brigadeiro em casa. Sã e salva dessa mulher, bem longe dela.

Ela e euOnde histórias criam vida. Descubra agora