Luísa:- Amor? - Escutei Ana me chamar. - O que houve? Quem te ligou?
- Vamos pra casa, por favor.
Engoli o choro e lhe encarei. Minha cara provavelmente não estava das melhores, então Ana apenas assentiu e voltou para a sala, avisando que teríamos que ir embora. Me despedi dos meninos falando o básico e fui chamar o elevador, enquanto Ana pegava a bolsa.
- Fui muito grossa com eles? - Perguntei quando Ana tirou o carro da frente da portaria.
- Não, acho que eles se tocaram que tinha acontecido algo, eu também notei e quero saber o que é.
- Vamos chegar em casa, vai ser melhor.
- Estou curiosa, Luísa.
- Me deixe pensar um pouco, amor.
Ana assentiu e desligou o som do carro.
- Te ajudar a pensar melhor. - Ela disse sorrindo de lado, mas encarando a via.
Quando finalmente entramos em casa, coloquei meu celular na mesa e ela fez o mesmo com suas coisas. Retirei os chinelos e segui para o lado do sofá.
- Então, o que houve?
Peguei meu celular e coloquei na chamada. Eu havia acesso as minhas chamadas pelo aplicativo da operadora, era um benefício para os clientes advogados. A voz do meu chefe, ou ex, ecoou pela casa e eu simplesmente desabei em lágrimas quando escutei a frase que ele havia dito.
Ana arregalou os olhos e correu para me abraçar. Ela sentou no sofá e me puxou para seu colo, me abraçando forte enquanto eu soluçava e chorava igual a um bebê.
- Ô meu amor, isso não vai ficar assim... - Ela disse baixo.
- Estou desempregada, Ana! Apesar de ficar apenas pouco tempo no escritório, ficar peticionando em casa e tudo, ele não tem esse direito! - Falei me irritando.
- Vamos processa-lo, temos essa conversa e é discriminação. Pediremos danos morais, vamos conversar com Cecília e Fernando, isso é um absur... - Eu voltei a chorar mais ainda e ela se calou.
Um tempo depois, cansei de chorar e me sentei melhor, com rosto inchado e vermelho. Ela segurou minha mão forte e me beijou no rosto.
- Vamos tomar um banho?
- Quero sumir.
- Não diga isso, ele é um homem ridículo, não merece nada na vida, muito menos que você chore ou suma por sua causa. Vamos para o quarto.
Levantei e lhe acompanhei até o quarto, ela fechou a porta e me puxou até o banheiro. Tirei a roupa e entrei debaixo do chuveiro. Ela ficou me observando enquanto tirava a maquiagem do rosto. Quando saí, ela me entregou a toalha e me enxuguei.
Coloquei apenas a calcinha e liguei a TV em um canal qualquer, só para iluminar e fazer barulho no quarto. Ana estava no banho, então fui colocar meu notebook para carregar no escritório, pois iria precisar para dar aula no dia seguinte e retornei para a cama. Ana estava penteando o cabelo, totalmente nua, no meio do quarto, enquanto assistia alguma notícia do Fantástico, ou algo assim.
- Amanhã vamos juntas para a faculdade? - Perguntei e ela me encarou, assentindo. - Tenho aula às 7:30 da manhã.
- Temos a consulta, amor. Você até pediu dispensa do primeiro horário, lembra?
- Ana, não temos como fazer inseminação agora, o tratamento e procedimento é caro, estou desempregada, salário a menos, não vai rolar por enquanto.
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Ela e eu
RomanceLuísa sempre teve um olhar diferente para uma professora de sua faculdade. Quando finalmente consegue lhe ter nas mãos, será mais difícil do que pensava para manter quem sempre quis ao seu lado.