Ana:Fiquei um tempão com Cecília e Raquel nos corredores do hospital, esperando por notícias. Ninguém sabia o que estava acontecendo, visto que Luísa havia entrado numa sala com os médicos e enfermeiros e não havia saído ninguém de lá.
Eu já havia chorado, me estressado e chorado mais uma vez. Estava agarrada com Raquel quando uma enfermeira saiu da sala onde Luísa estava e me entregou uma roupa e touca de hospital de cor azul.
- Vista isso e volte aqui. - Franzi o cenho, mas apenas fiz o que pediu.
Fui ao banheiro mais próximo, troquei de roupa, coloquei a touca e entreguei minha roupa para Raquel levar para o quarto.
- Fiz o que pediu. - Falei para a enfermeira.
- Ótimo, entre comigo, vamos fazer a cesária em sua esposa.
Meu coração acelerou mais ainda e minhas mãos começaram a suar de nervosismo.
- Vai dar tudo certo! - Raquel falou animada.
- Estaremos esperando lá na recepção. - Cecí me abraçou.
Fui para a sala junto com a enfermeira. Luísa estava deitada de olhos fechados na maca enquanto algumas pessoas organizavam tudo. O médico se aproximou de mim e abaixou a máscara branca.
- A Luísa precisou tomar um remédio para dormir por algum tempo, mas ela pode acordar a qualquer momento, pois tomou assim que chegamos aqui na sala. Faremos a cesária por questão de emergência, não queremos que os bebês sejam prejudicados com algo.
- Eles estão bem?!
- Acreditamos que sim, mas vamos fazer logo o parto. Falta apenas duas semanas para completar nove meses, ela aguentou firme essa gravidez. E mais uma coisa, não temos 100% de certeza que todos sairão bem daqui.
- Como assim?!
- Temos prioridade em deixar Luísa viva, você sabe que é questão de Justiça e de Lei, então fique ciente que caso aconteça algo, demos nosso melhor.
- Doutor, está tudo pronto! - Um enfermeiro falou mais alto.
- Com licença. - Ele levantou a máscara e foi fazer o parto.
Estava em choque. Apenas me movi quando uma enfermeira me puxou para perto de Luísa e ficou ao meu lado.
Eles fizeram o procedimento de cesária e o médico logo começou a receber ajuda de uma enfermeira mais velha.
Escutei um choro baixo, mas logo se intensificou quando o médico levantou o bebê e a enfermeira cortou o cordão umbilical. Estava ensanguentado e vermelho, com a garganta rasgando em choro. Minhas lágrimas rolaram e eu chorei que nem uma criança.
- O Gael nasceu. - O médico disse entregando o bebê a enfermeira ao seu lado.
Me aproximei mais do rosto de Luísa e passei a mão em sua bochecha. Ela continua dormindo.
O médico tirou o segundo bebê. Mais uma vez com um choro alto, ele estava vermelho e com um pouco de sangue. A enfermeira cortou o cordão e pegou o bebê.
- Esse é o Gustavo. - O médico disse olhando enquanto a enfermeira levava o bebê para algum lugar perto do outro.
Olhei Luísa e ela estava de olhos semi-abertos. Finalmente tinha acordado. Me abaixei e lhe dei um beijo na testa.
- Meu amor, nossos gêmeos nasceram... - Falei e ela sorriu. - Eles são lindos...
- Cadê? Quero ver. - Ela moveu os lábios e os olhos encheram-se de lágrimas.
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Ela e eu
RomansLuísa sempre teve um olhar diferente para uma professora de sua faculdade. Quando finalmente consegue lhe ter nas mãos, será mais difícil do que pensava para manter quem sempre quis ao seu lado.