Luísa:Aquilo estava sendo um inferno. Desliguei o celular, coloquei a arma na cintura e uma blusa frouxa. Desci as escadas e todos estavam na sala me esperando.
- Estou com fome! - Gael falou me dando a mão. - O que vamos comer?
- Vamos para a casa da vovó.
Ana apenas me olhou de relance e continuou calada segurando o celular e carteira. Ela usava o colar que eu havia lhe presenteado, então sorri de lado e pisquei.
- Você é linda. - Movi os lábios e ela apenas assentiu, ainda séria.
Colocamos os três nas cadeirinhas e entrei no carro para dirigir. O carro só não ficou em um silêncio mortal por causa das crianças que ficavam conversando e mostrando as coisas da rua. Quando chegamos na casa da minha mãe, todos os carros estavam do lado de fora, o de Cecí e o de minha sogra. Apertamos a campainha e logo ela mesma veio abrir.
- Vovó! - Os três gritaram e lhe agarraram.
- Meus amores, que saudade de vocês dois!
- Eu também estou morrendo de saudade! - Minha sogra disse e os três correram para ela.
- Feliz Dia das Mães... - Dei o presente da minha e lhe abracei.
Ana também a abraçou e depois foi presentear a sua. Quando entramos na casa, abracei Cecí e Raquel, as duas estavam sentadas no sofá assistindo TV.
- Levantem e cumprimentem seus afilhados. - Falei dando um tapa na perna de Raquel.
- Ai, sua baitola. - Ela me deu um tapa na coxa.
Os meninos vieram falar com elas e depois foram correr no jardim da casa. Sentamos no sofá e ficamos conversando e rindo. Ajudei minha mãe a colocar a mesa e depois chamamos para comer.
O domingo foi até bom, apesar das poucas palavras que Ana e eu trocamos lá. Não sei se alguém notou, mas estava um pouco evidente que não estávamos 100% bem. Depois que me despedi, Ana ainda ficou falando algo com Cecília e depois que entrou no carro.
- Mamãe, quelo sovete. - Gustavo disse.
- Passa na sorveteria. - Ela disse enquanto olhava para frente.
Mudei a rota e fiz o caminho para uma sorveteria da praia. Estacionei o carro e descemos. Os meninos pediram sorvete de morango e chocolate, então levei até a mesa e lhe entreguei. Depois Ana pediu de tapioca e eu peguei um de caipirinha. Sentamos e tomamos em silêncio.
- Mamãe, posso blincar? - Gael perguntou apontando uns brinquedos.
- Sim, mas daqui a pouco venham pois iremos embora. - Avisei e eles correram.
- Quer um pouco? É de caipirinha. - Coloquei meu sorvete para ela que logo experimentou.
- Hum, é bom, mas podia ser melhor. Ainda prefiro de tapioca. - Ela piscou e me deu um pouco.
- Por quê sorvete é tão bom?
- A vida poderia ser tomar sorvete que melhoraria todas as coisas, tudo estaria resolvido. - Ela disse um pouco abatida e aquilo partiu meu coração.
- Desculpa.
Ana me olhou e voltou a encarar o sorvete, agora quase todo derretido por ela ter parado de comer. Não falei nada, como estávamos sentadas em um sofá de couro, apenas me aproximei e passei meus braços por ela, puxando-a para um abraço.
Ela não se afastou, continuou abraçada a mim por um tempão. Fiz carinho em seu cabelo e notei que ela chorava baixinho.
- Fui completamente idiota hoje pela manhã. - Admiti e ela limpou as lágrimas com a mão. - Pensei equivocado e mudei de ideia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ela e eu
RomanceLuísa sempre teve um olhar diferente para uma professora de sua faculdade. Quando finalmente consegue lhe ter nas mãos, será mais difícil do que pensava para manter quem sempre quis ao seu lado.