IV

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Luísa:

Aquilo estava sendo um inferno. Desliguei o celular, coloquei a arma na cintura e uma blusa frouxa. Desci as escadas e todos estavam na sala me esperando.

- Estou com fome! - Gael falou me dando a mão. - O que vamos comer?

- Vamos para a casa da vovó.

Ana apenas me olhou de relance e continuou calada segurando o celular e carteira. Ela usava o colar que eu havia lhe presenteado, então sorri de lado e pisquei.

- Você é linda. - Movi os lábios e ela apenas assentiu, ainda séria.

Colocamos os três nas cadeirinhas e entrei no carro para dirigir. O carro só não ficou em um silêncio mortal por causa das crianças que ficavam conversando e mostrando as coisas da rua. Quando chegamos na casa da minha mãe, todos os carros estavam do lado de fora, o de Cecí e o de minha sogra. Apertamos a campainha e logo ela mesma veio abrir.

- Vovó! - Os três gritaram e lhe agarraram.

- Meus amores, que saudade de vocês dois!

- Eu também estou morrendo de saudade! - Minha sogra disse e os três correram para ela.

- Feliz Dia das Mães... - Dei o presente da minha e lhe abracei.

Ana também a abraçou e depois foi presentear a sua. Quando entramos na casa, abracei Cecí e Raquel, as duas estavam sentadas no sofá assistindo TV.

- Levantem e cumprimentem seus afilhados. - Falei dando um tapa na perna de Raquel.

- Ai, sua baitola. - Ela me deu um tapa na coxa.

Os meninos vieram falar com elas e depois foram correr no jardim da casa. Sentamos no sofá e ficamos conversando e rindo. Ajudei minha mãe a colocar a mesa e depois chamamos para comer.

O domingo foi até bom, apesar das poucas palavras que Ana e eu trocamos lá. Não sei se alguém notou, mas estava um pouco evidente que não estávamos 100% bem. Depois que me despedi, Ana ainda ficou falando algo com Cecília e depois que entrou no carro.

- Mamãe, quelo sovete. - Gustavo disse.

- Passa na sorveteria. - Ela disse enquanto olhava para frente.

Mudei a rota e fiz o caminho para uma sorveteria da praia. Estacionei o carro e descemos. Os meninos pediram sorvete de morango e chocolate, então levei até a mesa e lhe entreguei. Depois Ana pediu de tapioca e eu peguei um de caipirinha. Sentamos e tomamos em silêncio.

- Mamãe, posso blincar? - Gael perguntou apontando uns brinquedos.

- Sim, mas daqui a pouco venham pois iremos embora. - Avisei e eles correram.

- Quer um pouco? É de caipirinha. - Coloquei meu sorvete para ela que logo experimentou.

- Hum, é bom, mas podia ser melhor. Ainda prefiro de tapioca. - Ela piscou e me deu um pouco.

- Por quê sorvete é tão bom?

- A vida poderia ser tomar sorvete que melhoraria todas as coisas, tudo estaria resolvido. - Ela disse um pouco abatida e aquilo partiu meu coração.

- Desculpa.

Ana me olhou e voltou a encarar o sorvete, agora quase todo derretido por ela ter parado de comer. Não falei nada, como estávamos sentadas em um sofá de couro, apenas me aproximei e passei meus braços por ela, puxando-a para um abraço.

Ela não se afastou, continuou abraçada a mim por um tempão. Fiz carinho em seu cabelo e notei que ela chorava baixinho.

- Fui completamente idiota hoje pela manhã. - Admiti e ela limpou as lágrimas com a mão. - Pensei equivocado e mudei de ideia.

Ela e euOnde histórias criam vida. Descubra agora