VII

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Luísa:

Subi as escadas com Gui no colo e o levei para o quarto com os outros. Tranquei a porta e o coloquei na cama. Sentei no chão e fiquei com ele ali chorando baixinho.

Eu estava com um ódio mortal de Ana.

Escutei algumas batidas na porta e ela tentar abrir algumas vezes.

- Luísa, vamos conversar. - Ela pediu e eu continuei calada.

Ela tentou mais algumas vezes, mas depois desistiu. Peguei um cobertor do Hulk e forrei o chão, peguei uma das pelúcias como travesseiro e um lençol para me enrolar. Me acomodei ali próximo das camas para dormir, mas demorei demais a apagar.

Acordei com o Sol entrando pelas cortinas, pois eu havia esquecido de fecha-las na noite anterior. Levantei, fechei-as e sentei na minha cama improvisada. Bocejei, prendi o cabelo e verifiquei no relógio do Homem-Aranha que ainda eram 06:15h da manhã. Abri a porta devagar, fui para o quarto de hóspedes, escovei os dentes e desci para preparar um café.

Depois que enchi a segunda xícara, fui para o escritório e liguei o computador, tentando me ocupar com algumas coisas, mas a primeira coisa com que me deparei foi com o papel de parede dos nossos filhos na última festa de aniversário, com os três batendo palmas com o bolo gigante na frente, Ana de um lado e eu do outro.

- Merda! - Falei alto e baixei a tela do notebook de uma vez; comecei a chorar mais uma vez.

Era uma mistura de decepção, tristeza, abandono, ódio e vontade de matar.

Claro, ela tinha o direito de sair, beijar e transar com quem quiser, estávamos dando um tempo e ela mesma citou que poderíamos nos envolver com qualquer pessoa durante o período. Ela só não tinha o direito de levar alguém para a nossa casa, o nosso quarto, a nossa cama, na frente dos nossos filhos.

O choro estava cada vez mais intensificado, eu estava cada vez pior. A falta de ar estava presente e o tremor também. Tentei me acalmar, mas estava sendo em vão. Procurei meu celular pela mesa e liguei para Cecília, mas quem atendeu foi Raquel.

- Oi, Lu! Aconteceu algo? - Ela parecia sonolenta e assustada ao mesmo tempo.

- Crise de ansiedade. Me ajuda. - Foi a única coisa que eu consegui falar em meio ao choro.

Fiquei sentada no escritório por cerca de vinte minutos, até quando escutei a porta da sala abrir e ela correr até o escritório, onde deve ter visto a luz acesa. Ela me puxou da cadeira e me abraçou.

- Vem, vamos para a cama.

- Não...

- Vem, ou vou te levar para o hospital.

- Não, Raquel.

- Cadê Ana?

Cecília entrou no escritório segurando as chaves do carro e me abraçou.

- O que houve? Trouxe água. - Ela me deu um copo de água gelada.

- Ela trouxe a Maya.

- COMO?! - Cecí falou quase gritando e Raquel a olhou confusa. - Vou matar a Ana.

- Que? Alguém me explica!

Cecília fechou a porta do escritório, puxou uma cadeira para sentar e me fitou.

- Conte tudo, não adianta mais ocultar isso da Raquel.

- O que está acontecendo?! - Raquel estava nervosa e ficando sem paciência.

Respirei fundo e contei o que estava rolando no casamento. Raquel transformou sua feição de nervosa para puta da vida. Raquel escutava tudo encarando as unhas, mas logo me encarou quando contei o episódio da noite anterior, quando ela levou Maya para nossa casa.

Ela e euOnde histórias criam vida. Descubra agora