XI

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Ana:

Quando entrei no banheiro, tinham duas cabines e uma pia bem grande, onde Luísa estava enxugando as mãos enquanto a morena tatuada puxava assunto.

- Sou fisioterapeuta, tenho minha clínica no centro da cidade e em um bairro mais nobre.

A mulher estava encostada na pia, usava um vestido longo estilo indiano bem estampado, do qual era um pouco aberto a partir dos joelhos, tendo uma fenda triangular mostrando suas pernas. As tatuagens cobriam o braço direito inteiro, e ainda tinha algumas no pescoço.

Ela continuou a falar e Luísa a sorrir. Eu ia dar nas duas.

- Acho que já te vi em algum canto... - A mulher continuou. - Na TV?

- Às vezes ela dá entrevistas para alguns jornais, ela trabalha na polícia federal. - Me aproximei e fiquei ao lado de Luísa. - Delegada federal.

- Ah, sim... - A mulher parecia assustada com a carreira de Luísa e até comigo. - Nunca imaginei, pensei que você fosse...

- Casada? Também, mulher! Aliás, amor, sua mãe ligou e disse que as crianças querem desejar boa noite.

A mulher me olhou, sorriu sem jeito e saiu do banheiro. Luísa me encarou e cruzou os braços.

- Cadê a ligação pra retornar?

- Que ligação? - Me fiz de doida e entrei na cabine.

Quando saí, ela continuava encostada na pia, na mesma pose de antes.

- Não acredito que fez isso por causa daquela moça.

- Fiz o quê?

- Você disse "casada? sim". - Ela afinou a voz tentando me imitar.

- Eu não falo assim.

- Ana! Não tem direito de... Nem estamos juntas! Ela parecia legal!

- Tudo bem, vou chamar de volta, peraí. - Ergui os braços e antes de sair, ela me puxou.

Luísa segurou minha cintura contra seu corpo e nossos olhares se encontraram. Fiquei perdida naquele olhar, apesar de estarmos um pouco bêbadas, eu sabia que ela sabia o que estávamos fazendo naquele momento.

Uma mulher entrou no banheiro acompanhada de outras duas que conversavam alto, então Luísa me soltou e eu me recompus. As mulheres nos olharam e eu saí na frente, deixando ela para trás.

Retornei para a mesa e me sentei, emburrada e sem chopp.

- O que foi?

- Ficou com raiva porque eu tirei a assanhada de lá. - Revirei os olhos.

Luísa retornou para a mesa e sentou ao meu lado. Fez um sinal para o garçom para que trouxesse mais uma rodada de chopp.

- Aqui serve leite para bebês? - Questionei com a mão apoiada no queixo enquanto observava uma pessoa se aproximar.

Tainah chegou na nossa mesa e abraçou Luísa.

- Oi, gente! - Ela sorriu e acenou.

Todos responderam, menos eu. Luísa me encarou e eu nem me importei. O garçom trouxe os chopps. Logo Tainah começou a metralhar palavras na mesa, conversando bastante coisa e aquilo estava me deixando agoniada, eu mal tinha chance de falar.

- Como soube que estávamos aqui? - Perguntei.

- Hum, Luísa postou stories do Fernando bebendo e resolvi dar uma passada. - A garota segurou a mão de Luísa e sorriu mais.

Ela e euOnde histórias criam vida. Descubra agora