Ana:Quando entrei no banheiro, tinham duas cabines e uma pia bem grande, onde Luísa estava enxugando as mãos enquanto a morena tatuada puxava assunto.
- Sou fisioterapeuta, tenho minha clínica no centro da cidade e em um bairro mais nobre.
A mulher estava encostada na pia, usava um vestido longo estilo indiano bem estampado, do qual era um pouco aberto a partir dos joelhos, tendo uma fenda triangular mostrando suas pernas. As tatuagens cobriam o braço direito inteiro, e ainda tinha algumas no pescoço.
Ela continuou a falar e Luísa a sorrir. Eu ia dar nas duas.
- Acho que já te vi em algum canto... - A mulher continuou. - Na TV?
- Às vezes ela dá entrevistas para alguns jornais, ela trabalha na polícia federal. - Me aproximei e fiquei ao lado de Luísa. - Delegada federal.
- Ah, sim... - A mulher parecia assustada com a carreira de Luísa e até comigo. - Nunca imaginei, pensei que você fosse...
- Casada? Também, mulher! Aliás, amor, sua mãe ligou e disse que as crianças querem desejar boa noite.
A mulher me olhou, sorriu sem jeito e saiu do banheiro. Luísa me encarou e cruzou os braços.
- Cadê a ligação pra retornar?
- Que ligação? - Me fiz de doida e entrei na cabine.
Quando saí, ela continuava encostada na pia, na mesma pose de antes.
- Não acredito que fez isso por causa daquela moça.
- Fiz o quê?
- Você disse "casada? sim". - Ela afinou a voz tentando me imitar.
- Eu não falo assim.
- Ana! Não tem direito de... Nem estamos juntas! Ela parecia legal!
- Tudo bem, vou chamar de volta, peraí. - Ergui os braços e antes de sair, ela me puxou.
Luísa segurou minha cintura contra seu corpo e nossos olhares se encontraram. Fiquei perdida naquele olhar, apesar de estarmos um pouco bêbadas, eu sabia que ela sabia o que estávamos fazendo naquele momento.
Uma mulher entrou no banheiro acompanhada de outras duas que conversavam alto, então Luísa me soltou e eu me recompus. As mulheres nos olharam e eu saí na frente, deixando ela para trás.
Retornei para a mesa e me sentei, emburrada e sem chopp.
- O que foi?
- Ficou com raiva porque eu tirei a assanhada de lá. - Revirei os olhos.
Luísa retornou para a mesa e sentou ao meu lado. Fez um sinal para o garçom para que trouxesse mais uma rodada de chopp.
- Aqui serve leite para bebês? - Questionei com a mão apoiada no queixo enquanto observava uma pessoa se aproximar.
Tainah chegou na nossa mesa e abraçou Luísa.
- Oi, gente! - Ela sorriu e acenou.
Todos responderam, menos eu. Luísa me encarou e eu nem me importei. O garçom trouxe os chopps. Logo Tainah começou a metralhar palavras na mesa, conversando bastante coisa e aquilo estava me deixando agoniada, eu mal tinha chance de falar.
- Como soube que estávamos aqui? - Perguntei.
- Hum, Luísa postou stories do Fernando bebendo e resolvi dar uma passada. - A garota segurou a mão de Luísa e sorriu mais.
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Ela e eu
RomanceLuísa sempre teve um olhar diferente para uma professora de sua faculdade. Quando finalmente consegue lhe ter nas mãos, será mais difícil do que pensava para manter quem sempre quis ao seu lado.