XXXXI

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Luísa:

As semanas foram passando. Ana estava super empolgada mobiliando a nossa nova casa, dividimos o antigo apartamento em que ficamos na época do sequestro e as crianças estavam mais felizes e falantes com a nossa volta.

Fiquei focada nas aulas e na delegacia, e ainda recebi uma ótima notícia do delegado Nero na sexta à tarde.

- Boa tarde, doutora Luísa. - Ele entrou e fechou a porta. - Como vai?

- Ótima e você? - Cumprimentei segurando sua mão e ele sentou à minha frente.

- Estou bem sim, vim trazer notícias boas. - Ele riu e olhou a sala.

- Espero que seja boa para todos nós.

- Doutora Diane foi afastada por ordem pública, está sendo investigada por receber propina de traficante e algumas outras coisas.

- Hum, isso é realmente novidade. Só não sei onde isso encaixa pra ser boa.

- Pra você é ótimo. Uma das denúncias é que estava envolvida em um sequestro e claro, a mulher tinha um rolo com a Maya, encontraram algumas fotos das duas em momentos íntimos, tudo indica cumplicidade no crime. Diane está sendo investigada e Maya finalmente entrará para julgamento.

- Isso significa que preciso ir na audiência... - Falei baixo e ele negou.

- Não, está tudo resolvido, ela confessou os crimes, não precisará de você. Depois da sentença tudo se resolve, eu te mando notícias sobre a pena.

- Não quero receber notícias sobre isso, quero esquecer, por favor.

Nero assentiu e bateu a mão na minha mesa.

- Vamos tomar um café juntos? Quero te contar algumas coisas e preciso da sua ajuda.

- Opa, tem um cafe barato, mas bom aqui do lado.

Peguei minha carteira, mas ele balançou a cabeça.

- Por minha conta, doutora.

Fomos conversando e rindo até a cafeteria, eu contei sobre algumas coisas das crianças e ele estava maravilhado com as novas fotos em família que tiramos na praia.

- Quando tivermos na nova casa vou te convidar para um almoço. - Prometi enquanto puxava a cadeira para sentarmos.

- Por favor, ficarei honrado em almoçar com a doutora. - Ele fez o pedido de dois cappuccinos e uma porção de pão de queijo.

- E o que precisa me contar? Ajuda com algum caso?

- Na verdade um caso pessoal. - Ele respirou fundo e apoiou os cotovelos sobre a mesa. - Como foi a aceitação dos seus colegas de trabalho quando descobriram que você era casada com uma mulher?

Fiquei surpresa com a pergunta, mas eu nunca tinha parado para saber como. Quando passei no concurso e fui chamada, consegui a delegacia de onde morava e isso me ajudou muito a não ter que encarar afastamento de Ana. Quando entrei para a delegacia, me apresentei a toda equipe, mas nunca dei tamanha liberdade sobre minha vida pessoal.

- Com o tempo Ana começou a ir vez ou outra na delegacia para me buscar ou algo assim, acredito que a ficha foi caindo, principalmente no meu aniversário que eu estava trabalhando e ela levou os meninos para me fazer uma surpresa. Não são todos que dou a devida liberdade para falar comigo sobre meu casamento, mas eles não me desrespeitam, ao menos na minha frente. Eles tem noção do perigo de joga-los atrás de uma grade.

- Estou sofrendo pressão do meu namorado para assumir nosso namoro, ele não aguenta mais ser apresentado como um parceiro de apartamento.

- Você é gay?! - Perguntei surpresa e ele assentiu, corado. - Desculpa, eu pensei que fosse casado com alguma mulher foda e uns 3 filhos adolescentes.

Ela e euOnde histórias criam vida. Descubra agora