II

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Ana:

Peguei o carro e dirigi até a casa de Cecília e Raquel. Buzinei várias vezes até que Ceci abriu o portão. Coloquei o carro para dentro e nem tranquei, fui logo abraçando minha amiga.

- Eita, o que houve? - Ela perguntou me apertando forte.

- Luísa e eu brigamos. - Minhas lágrimas começaram a cair e ela me puxou novamente, me abraçando. - Não quero voltar para casa...

- Calma, vem para a cozinha, sua irmã ainda está preparando o almoço.

Ela me arrastou até a cozinha e eu sentei em um banco ali próximo da geladeira. Raquel veio até mim, me beijou e depois me deu um copo de água.

- Luísa mandou um áudio de cinco minutos sobre o que aconteceu. Pode contar sua versão.

Contei o que rolou e ela apenas assentiu com a cabeça, continuou calada.

- Por favor, não vai falar nada?

- Ana, daqui a pouco vocês estão transando dentro de casa, isso aí foi só discussão boba.

- Acho que não, é que... Depois que a Lu entrou para a policia, a gente meio que se afastou um pouco, ela tem muito trabalho e acaba ficando tempo demais no escritório... Isso faz com que o casamento esfrie.

- Você já traiu a Luísa?

- Cecília! - Raquel a repreendeu.

- O que? Quero ajudar, ué.

- Nunca traí, mas não faltam oportunidades, só que eu não consigo, eu amo a Luísa, amo meus filhos, amo a minha família, mas do jeito que está, não vamos para frente.

- Está pensando em divórcio?

- Não sei o que eu faço.

- Agora é conversar com calma, talvez ela esteja confusa, chorando... - Raquel disse.

Fiquei a tarde inteira com elas conversando e tentando me distrair. Luísa sequer me ligou, então quando foi 18:30h me despedi do meu casal gay favorito e retornei para casa.

Quando cheguei, Luísa estava no mezanino, onde era o nosso cineminha de final de semana. Os três estavam deitados assistindo "Os Incríveis" pela décima vez. Na verdade, Gustavo e Guilherme estavam dormindo e Gael cochilando.

Sentei ao lado de Luísa, tirei os sapatos e os coloquei em cima do sofá-cama.

- Como você está? - Ela perguntou baixinho.

- Não sei... Estava com Ceci e Raquel, conversamos a tarde inteira.

- O que falaram de mim?

- Lu, precisamos conversar... - Falei baixo.

- Já sei até o que é. Vamos colocar as crianças  na cama e vamos para o quarto.

- Só não podemos deixa-los dormir demais, porque aí vão acordar mais tarde e ninguém dorme de madrugada.

- Bem lembrado. - Piscou para mim.

Levantamos, peguei Gael e ela o Gui. Levamos para o quarto e logo ela foi buscar Gustavo. Colocamos cada um em suas camas, ligamos o ar-condicionado, liguei o maior abajur e encostei a porta.

De longe vi Luísa desligar a TV do mezanino e depois descer com o balde de pipoca. Aproveitei para ir ao banheiro do quarto, prendi meu cabelo em um coque e molhei o pescoço. Quando saí, ela estava sentada na ponta da cama.

- O que precisa me falar?

Verifiquei se a porta estava devidamente trancada e me encostei na parede.

Ela e euOnde histórias criam vida. Descubra agora