Ana:Peguei o carro e dirigi até a casa de Cecília e Raquel. Buzinei várias vezes até que Ceci abriu o portão. Coloquei o carro para dentro e nem tranquei, fui logo abraçando minha amiga.
- Eita, o que houve? - Ela perguntou me apertando forte.
- Luísa e eu brigamos. - Minhas lágrimas começaram a cair e ela me puxou novamente, me abraçando. - Não quero voltar para casa...
- Calma, vem para a cozinha, sua irmã ainda está preparando o almoço.
Ela me arrastou até a cozinha e eu sentei em um banco ali próximo da geladeira. Raquel veio até mim, me beijou e depois me deu um copo de água.
- Luísa mandou um áudio de cinco minutos sobre o que aconteceu. Pode contar sua versão.
Contei o que rolou e ela apenas assentiu com a cabeça, continuou calada.
- Por favor, não vai falar nada?
- Ana, daqui a pouco vocês estão transando dentro de casa, isso aí foi só discussão boba.
- Acho que não, é que... Depois que a Lu entrou para a policia, a gente meio que se afastou um pouco, ela tem muito trabalho e acaba ficando tempo demais no escritório... Isso faz com que o casamento esfrie.
- Você já traiu a Luísa?
- Cecília! - Raquel a repreendeu.
- O que? Quero ajudar, ué.
- Nunca traí, mas não faltam oportunidades, só que eu não consigo, eu amo a Luísa, amo meus filhos, amo a minha família, mas do jeito que está, não vamos para frente.
- Está pensando em divórcio?
- Não sei o que eu faço.
- Agora é conversar com calma, talvez ela esteja confusa, chorando... - Raquel disse.
Fiquei a tarde inteira com elas conversando e tentando me distrair. Luísa sequer me ligou, então quando foi 18:30h me despedi do meu casal gay favorito e retornei para casa.
Quando cheguei, Luísa estava no mezanino, onde era o nosso cineminha de final de semana. Os três estavam deitados assistindo "Os Incríveis" pela décima vez. Na verdade, Gustavo e Guilherme estavam dormindo e Gael cochilando.
Sentei ao lado de Luísa, tirei os sapatos e os coloquei em cima do sofá-cama.
- Como você está? - Ela perguntou baixinho.
- Não sei... Estava com Ceci e Raquel, conversamos a tarde inteira.
- O que falaram de mim?
- Lu, precisamos conversar... - Falei baixo.
- Já sei até o que é. Vamos colocar as crianças na cama e vamos para o quarto.
- Só não podemos deixa-los dormir demais, porque aí vão acordar mais tarde e ninguém dorme de madrugada.
- Bem lembrado. - Piscou para mim.
Levantamos, peguei Gael e ela o Gui. Levamos para o quarto e logo ela foi buscar Gustavo. Colocamos cada um em suas camas, ligamos o ar-condicionado, liguei o maior abajur e encostei a porta.
De longe vi Luísa desligar a TV do mezanino e depois descer com o balde de pipoca. Aproveitei para ir ao banheiro do quarto, prendi meu cabelo em um coque e molhei o pescoço. Quando saí, ela estava sentada na ponta da cama.
- O que precisa me falar?
Verifiquei se a porta estava devidamente trancada e me encostei na parede.
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Ela e eu
RomanceLuísa sempre teve um olhar diferente para uma professora de sua faculdade. Quando finalmente consegue lhe ter nas mãos, será mais difícil do que pensava para manter quem sempre quis ao seu lado.