Luísa:- Opa! - Paula disse afastando e limpando a boca, com aquela cara cínica.
- Luísa, calma! Deixe eu explicar! - Ana falou vindo em minha direção, mas eu recuei.
E recuei tanto que saí quase correndo do bloco. Escutei sua voz gritar meu nome duas vezes, mas eu estava longe. Entrei no carro e tranquei as portas, deixando as lágrimas rolarem pelo meu rosto. Queria acreditar que fosse apenas um sonho.
***
Ana:
Na quinta, o tutorial me pediu que eu aplicasse algumas provas para alunos em regime especial, esses que não podiam vir para a universidade por algum motivo.
Na sexta, às 19h, subi para aplicar as provas. Eram dez alunos, então eles terminariam logo. Após entregar os papéis, sentei na própria mesa e fiquei observando-os.
Às 19:30, Paula entrou na sala e ficamos conversando algumas besteiras enquanto os últimos 3 alunos terminavam. Quando o último terminou e entregou a prova, Paula ficou a minha frente.
- Que foi? - Perguntei séria.
- Shiu...
Paula colocou a mão no meu rosto e atacou meus lábios. Levei as mãos para o seu ombro, tentando afasta-la, mas ela forçava e eu estava agoniada. Quando ela se afastou, vi Luísa na porta nos encarando com uma feição de ódio e choro.
- Opa!
- Luísa, calma! Deixe eu explicar! - Pedi e ela recuou, depois saiu apressada da sala.
Ainda lhe segui, gritei duas vezes enquanto ela saía do bloco, mas em vão. Retornei para a sala para buscar as provas, enfiei tudo no envelope preto atordoada em querer saber onde ela havia se enfiado.
- Ana, mil desculpas... - Paula começou a falar ao meu lado.
- Se afaste, Paula. - Pedi enquanto grampeava o envelope.
- Eu só... - Ela tocou meu ombro, mas lhe empurrei com força.
Paula bateu as costas na lousa e me olhou assustada.
- Fique longe de mim e de Luísa! Você não tem o direito de me tocar quando eu não peço, certo?! - Gritei e peguei minhas coisas.
Desci a rampa apressada e entreguei o envelope das provas na secretária. Fui para o estacionamento já ligando para ela, mas Luísa ignorou as três primeiras ligações e depois desligou o celular.
Entrei no carro e dirigi em alta velocidade até o apartamento. Por sorte, ela estava com o carro na garagem. Subi no elevador batendo o pé, impaciente com a demora.
- Luísa?! - Chamei assim que entrei e fechei a porta.
A luz do nosso quarto estava acesa, então fui quase correndo e a encontrei enfiando algumas roupas dentro de uma mochila preta.
- Ei, vamos conversar. Não faça nada...
- Ana, me deixa, OK? Eu vi vocês se beijando! - Ela falava alto e em um tom de raiva.
- Ela me beijou e eu tentei empurra-la, mas ela forçou contra mim! Eu juro, amor!
- NÃO ME CHAME DE AMOR! Não chame algo que eu não sou pra você! - Ela fechou o zíper e calçou o chinelo.
- Pra onde você vai? - Perguntei segurando seu braço enquanto ela tentava se afastar, mas não deixei. - Fique aqui, você está nervosa!
- Não interessa pra onde vou, Ana! - Ela gritou e tentou se afastar novamente.
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Ela e eu
RomanceLuísa sempre teve um olhar diferente para uma professora de sua faculdade. Quando finalmente consegue lhe ter nas mãos, será mais difícil do que pensava para manter quem sempre quis ao seu lado.