Luísa:No réveillon, compramos ingressos para um show fechado de algumas bandas brasileiras em um grande hotel da cidade. Estávamos Fernando, Cecília, Raquel, Marcelo, a esposa Rafaela, Ana e eu.
- Vou buscar duas cervejas no bar. - Falei no ouvido de Ana e ela assentiu.
Senti Raquel atrás de mim e quando cheguei no bar e fiz o pedido, ela fez o mesmo. Abri minha latinha e ela fez o mesmo.
- O que está rolando? - Ela perguntou me encarando.
- Como assim?
- Você e Ana estão meio afastadas, não sei. Estão brigadas?
- Não, não. - Sorri sem graça.
- Me diz o que está rolando, Lu.
- Até parece que Ana não te contou. - Ela negou. - Tudo bem... Então, desde o Natal, minha mãe perguntou sobre netos e eu desconversei, e naquela mesma noite quando falei com Ana sobre o assunto de filhos, ela disse que não queria e que não teríamos.
- E você quer muito ter filhos?
- Por enquanto, não. Só que futuramente eu sei que vou querer adotar pelo menos um menino, mas não vou aguentar algo com alguém que não vá querer a criança.
- Olha, desde pequena Ana detestava brincar de bonecas, ela sempre preferiu brincar na rua de bola, por exemplo. Quando ganhava bonecas, ela trocava o presente ou me dava. - Ela balançou os ombros e sorriu. - Ela me contou algumas vezes que já viu crianças em shopping e sentiu vontade de ser mãe, mas é algo que logo passa quando lembra do trabalhão que dá.
- Mas depois tudo vale a pena.
- Eu sei, eu quero ser mãe e tenho sorte que Cecí também! Estamos mimando ao máximo a filha de Rafaela e Marcelo e nos organizando para dar um passo a mais.
- E sua mãe nunca vai saber disso?
- Por enquanto eu vou esperar pra não morrer antes de casar com Cecília. - Acabamos rindo e ela beijou meu rosto. - Por favor, não deixe algo que possa ser mudado ou conversado no futuro estragar o agora. Volte na Ana e beije aquela boca.
- Sai daí, Raquel! - Empurrei-a devagar e peguei a cerveja de Ana no balcão.
- Aproveite antes que aquela mulher beije. - Raquel apontou uma loira oxigenada e reconheci-a conversar com Rafaela e Marcelo, mas lançar olhares a Ana.
- Ela não é louca! - Joguei minha latinha vazia no lixo e pedi outra cerveja.
- Ei, quem é?
- A pata choca que beijou Ana na faculdade.
- A tal Paula?! - Raquel disse de boca aberta. - É muita audácia uma mulher dessa vir aqui!
Peguei a cerveja e retornamos para a roda de conversa. Quando cheguei, Paula me encarou e senti os braços de Ana ao meu redor, me puxando e beijando meus lábios com vontade. Retribui o beijo e finalizei dando três selinhos.
- Que foi isso?! - Perguntei rindo.
- Vontade de te beijar. - Ela sorriu e pegou a latinha da minha mão. - Um brinde a nós!
- Amém! - Brindamos e bebemos a cerveja. - Ei, a pata choca falou contigo?
- Apenas um oi. - Ela balançou os ombros e me puxou para perto de Fernando e das meninas.
- Essa mulher merece uns tapas. - Raquel falou.
- Agora pronto, a família inteira odeia a Paula. - Fernando riu.
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Ela e eu
RomanceLuísa sempre teve um olhar diferente para uma professora de sua faculdade. Quando finalmente consegue lhe ter nas mãos, será mais difícil do que pensava para manter quem sempre quis ao seu lado.