VIII

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Luísa:

Quando as meninas chegaram com as crianças, desci as escadas e fiquei conversando com elas e Ana, enquanto eles brincavam. Cecí decidiu fazer o almoço e Ana foi lhe ajudar. Fiquei assistindo um episódio de uma série no sofá com Raquel, ela perguntou como tinha sido e contei, falando até sobre o beijo.

- Se eu fosse você não recuaria, continue saindo com essa garota, mesmo que seja apenas um fica qualquer ou amizade. Ana precisa sentir a dor de perda de verdade de alguém. Eu ainda vou conversar com ela, acho que na semana.

- Hoje Tainah vai jantar com o pai, ela é bem jovem e bem família, isso é legal, ela cuida do irmão mais novo e ajuda a mãe...

- Então converse com ela. Diga se vai continuar rolando algo entre vocês ou não, esse fato dela ser muito família, pode ser também que ela goste rápido das pessoas.

- Sim, vou conversar com ela depois.

- O almoço está pronto! - Cecí falou na porta da cozinha. - Venham ajudar a colocar a mesa.

Nós levantamos e ajeitamos tudo. Sentamos e almoçamos em harmonia, mesmo com a discussão entre Ana e eu, respondíamos a outra normalmente, até porque não tinha motivo de ficar dando piada na frente das meninas e das crianças.

Depois que terminamos, as meninas ajudaram nas louças, se despediram e foram embora. Falei que iria dormir um pouco, pois havia dormido mal na noite anterior. As crianças pediram para assistir filme no mezanino, Ana disse que iria com eles, então segui para o meu quarto.

***

Na segunda à noite, depois da última aula, fiz a chamada dos alunos e comecei a guardar o material enquanto eles iam embora. Notei Tainah se aproximar da minha mesa com a mochila nos ombros.

- Oi, como você está? - Ela sorriu.

- Oi, a gente nem se falou hoje, eu estava ocupada demais na delegacia. Bem e você?

- Também. Deixa eu te contar, consegui um estágio pela manhã! - Ela estava bem animada e acabei rindo.

- Parabéns! Onde?

- Teve uma seleção no seu escritório e eu consegui passar na entrevista. Até quem me entrevistou com Dra. Raquel. Começo amanhã.

- Meu Deus, eu esqueci totalmente dessa seleção, eu ia até avisar em sala. - Acabei rindo. - Merecemos uma comemoração.

- Concordo, no final de semana?

- Que tal irmos agora? Estou com fome, podemos ir jantar.

- Vou parecer interesseira demais, porém você pode me deixar em casa depois, por favor?

- Nem precisa pedir, Tainah! Vamos.

Peguei minhas coisas e descemos conversando sobre como foi a sua seleção do estágio. Seguimos para um restaurante próximo da casa dela, era simples, mas ela disse que a comida era uma delícia.

- Em que seus pais trabalham? - Perguntei depois de terminar os pedidos.

- Minha mãe trabalha para uma multinacional, então ela viaja algumas vezes, mas não muito. Meu pai trabalha como vendedor numa loja de veículos no centro da cidade, somos uma família simples, apesar daquele apartamento. Minha avó morava lá, então ela acabou falecendo e meu pai, como único filho, herdou. É a única coisa que temos, além de dois carros.

- Gosto do seu jeito humilde, não se passa por outra pessoa, o que acontece com algumas pessoas da faculdade.

- Odeio pessoas assim. Meu pai ficou muito feliz quando consegui o estágio, espalhou para todos os amigos e a família do interior, fiquei até chateada, eu nem comecei ainda.

Ela e euOnde histórias criam vida. Descubra agora