Um Adeus

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P.O.V. Pedro Pontes

Respiro o mais fundo e a fatigado que consigo, sinto meus pulmões arderem com a entrada total do ar, solto o ar com força, esse gesto diversas vezes está irritando meu irmão, sorriu com esse resultado, estamos em Lira onde moramos nossas vidas basicamente toda, minha familia esta de mudança para Finís, a cidade vizinha, não fica a mais de 42 quilômetros de distância, nosso pai, Baraque, é advogado e recebeu uma proposta de emprego irrecusável na agencia do Sr. Jim, um dos maiores neste ramo.

Foi incumbido de acompanhar meu irmão na despedida da casa, agora nossa antiga casa, Thales é um ano mais novo que eu ele tem 20, devido uma doença quando ele ainda era só um bebé sua cordas vocais foram danificadas, ele se comunica por Libras, alem dele tenho uma irmãzinha de, mentalmente cinco anos, mas no RG tem seus 16, Safira.

Observo Thales andar pela casa agora vazia, nossos móveis já estão a caminho da nova casa, olho para meu celular me distraindo um pouco, minha mãe, Andreia, falou em todos os meus 21 anos que tenho que cuidar dos meus irmãos, Thales em especial, todos cuidam dele como se ele fosse o mais novo, ele e eu estudamos na melhor acadêmia de arte do pais, Orquídea Branca, no curso de Teatro, na verdade Thales ganhou a bolsa gratuita, eu conseguir com a ajuda de um bom advogado, vulgo meu pai, uma bolsa de 80% na mesma turma que meu irmão, assim eu cuido dele de perto, e por fora dou aula de música minha paixão, são cinco dias por semana na OB, morando nas dependências do campos, na capital, e dois dias em casa, em um destes eu dou aula de música no Centro de Reabilitação Social em Lira.

- Vamos? - pergunto chamando a atenção do Thales para mim.

- "Vai sentir saudades daqui?" - Thales pegunta em Libras, com o convívio eu sei bem entender e falar na lingua de sinais, todos em casa sabe, o difícil é ele se comunicar nas ruas.

- Não, aqui é só um lugar. - digo sem emoção, Thales é muito, muito sentimental, é frágil aos meus olhos, então eu emendo - As pessoas são importantes... E a gente ainda vai poder vir visitar todo mundo daqui... Então... Errr... - dou de ombro sem saber bem o que ele quer que eu diga.

- " Tem razão" - ele move as mãos rápido, olhando em volta ele sorrir simples, mas vejo a expressão em seus olhos não sei dizer o que é mas felicidade ou ate mesmo alegria que não é. - "Vamos".

Saiu na frente, deixo Thales fechar a porta com as chaves, agora a casa está oficialmente vazia, não sei se meus pais vão vender ou deixar-la esperando um futuro. Entro no meu carro, prata, quatro portas, Thales senta no meu lado, no passageiro, o silencio é sempre presente mas não é desconfortável, no percurso para nossa nova cidade Finís falo qualquer coisa sem sentido para fazer meu irmão sorrir, Thales é um cara bem 'na-dele', as vezes isso me irrita, esse jeito calmo, singelo, sensível de ser, tudo que eu não sou.

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P.O.V. Pietra Mendes

Eu não conseguir mais uma vez, com esta são 12 vezes que não conseguir, não era para ser tão difícil, é tão fácil nos livros, nos vídeos no YouTube, tantas pessoas já fizeram é por essa razão que sei que é possível.

Sair cedo de casa, se é que posso chamar um quartinho nos fundos de uma cafeteria de casa, sair as 3 da manhã, o sono não veio mais uma vez então sair pelos fundos sem que Demi, um dos funcionários do Café me visse, o estabelecimento funciona 24horas, é Finís fechar enquando todos ainda estão em movimento constante é burrice. Seguir a passos lentos pela rua, vestir um casaco de frio para enfrentar o vento forte, caminho para o litoral, não fica tão perto mas não me importo de andar, o céu ainda está no tom escuro da noite quando me sento no calçadão da praia, esse lado é alto meu pés ficam longe da areia as ondas estão calmas, mas ainda assim são fortes, seu som é alto, deixo o aroma salgado e o barulho das águas preencherem minha mente, deixo ela viajar no tempo em minhas lembranças.

A praia, especificamente ao pôr do sol, é o lugar preferido da minha mãe, quando a gente morava aqui por perto, tá nem tão perto assim, ela me trazia aqui com meu irmão todos os dias para ver o sol sumir nas águas aquela luz dourada é mágica na minha memoria, ainda de olhos fechado sindo o frio mas presente em meu rosto, meu nariz está gelado, sinto uma lagrima deslizar quente pela minha bochecha, é tudo que eu tenho lembranças, lembranças que me ferem por dentro todas as vezes que deixo em minha total fraqueza elas virem para minha mente, pensei que os remédio me ajudariam a superar, que o emprego que tenho de garçonete do Café ao menos me distrairia, mas não, claro que não, nada pode me fazer esquecer o que aconteceu, até essas lembranças dos momentos "felizes" se é que posso chamar assim me fazem sofrer, me fazer querer esquecer que um dia eu sorrir, que um dia eu foi feliz, não, não todo foi uma completa mentira, um tão dito "fachada" ou "aparência" eu prefiro o verbo conjugado - Ela mentiu.

Agora eu me vejo partida, perdida, todos se foram ficando apenas eu, meu pai sumiu no mundo, dele não sinto falta, meu irmão se envolveu com "coisas erradas" mudou de nome agora se chama Diehvo, atualmente está em Lira cumprindo ordens de sumir por um tempo, ele mim liga toda noite para ouvir eu dizer as palavras "Eu estou bem", minha mãe... Ela escolheu ir embora mais cedo, tento não sentir raiva, não chorar, não gritar com os céus, tento continuar vivendo mas a morte fica cada dia mais atrativa.

Ela sussurra para mim na calada do meus pensamentos que ela é a porta de escape, a saída mais simples, o esquecimento de todas essas lembranças, ela me promete todo que eu quero, parece bom demais para ser verdade, mas eu tenho medo da dor, o que é bem irônico contados todos os cortes que já me fiz, nos braços, pernas, pulsos, em qualquer lugar que seja possível esconder, a maioria deles é tentando amenizar a dor que existe pressa em mim, eles são úteis a seu propósito, por mais que temporário consigo tem um motivo palpável para chorar, dor física, arrependimento por se tão burra e me cortar.

São as marcas da minha constante luta contra a vida.
Eu desistir.
Só não tenho coragem de dizer para alguem.
Eu já morri, só não consigo deixar de sentir essa dor.
Só me falta dizer Um Adeus.

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Hoje (24/12/18) é um dia especial meu niver!!!!!
E também o inicio desta história.... Me digam o que acharam desta forma com o ponto de vista (P.O.V.) de Pedro e Pietra?

Um feliz natal... Bjs.

Instagram dos livros; Escritora.NKFreitas

Para Não Desistir De Viver.Onde histórias criam vida. Descubra agora