Dia 4 - Aposta entre Irmãos

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P.O.V. Pietra Mendes

- Clarisse? - o Sr. Otávio me chama, ele pediu para dançar comigo Pedro não questionou claro, sento arrastando pela Adriane pela sala.

- Oi. - respondo a contra gosto, o senhor é mais baixo que eu com sua postura curvada pelo tempo.

- Onde está... Afonso? - fico paralisada com sua pergunta - Filha? Afonso não sabe nem dançar... Você ensinou pra ele... Eu lembro.. - Sr. Otávio começa contando.

Não me movo sob os meus pé, o que eu digo?! Sei que meu pai não foi o genro preferido nem ao menos um bom genro, não quero dizer o que ele quer ouvir, Margarida aparece na sala como disse que voltaria ela fica contente ao me ver 'dançando' com o Sr. Otávio, na verdade estamos apenas de pé um de frente para o outro sem o menor movimento.

- Como vão Pietra? - Margarida me pergunta com um sorriso.

- Ele falou do... Meu pai... - sussurro a contra gosto as palavras amargam na minha boca.

Minha mente perde o foco ao ver Pedro sair da sala irritado, não sei o que acontece mas minha vontade é ir atrás dele não importa de fato para aonde, Margarida me manda sentar enquando a Adriane reassume sua função.

- O que disse a ele? - Margarida procura meu olhar não deixo que encontre.

- Não sei responder. - digo querendo fugir desta conversa.

- Eu entendo. - Margarida suspira a fatigada.

As horas se passam rápido a aula acaba em poucos minutos, vejo Thales se despedir dos idosos, ele sair com a Safira em seu encalço não vir Pedro em nenhum lugar depois que ele saiu no meio da aula.

- O que vamos fazer agora? - Murilo se aproxima aminado.

- Voltar pra casa. - Margarida responde - Já está bom por hoje... O Sr. Otávio tem que descansar.

Sigo Margarida para a limousine parada da rua, meus pensamentos não param quietos, não sei o que sinto quando o Sr. Otávio me chama de Clarisse, quando ele faz perguntas que só ela sabe responder, e o que ela fez? Foi embora-pra-sempre deixando muita gente machucada por causa dela, não quero fazer igual a ela e deixar as pessoas que me amaram sofrendo quando eu for, mas eu sei que quando mais tempo fico nesta familia, quando mais profundo eu entro na vida de cada um estou aumentando o raio de alcance da perda, estou aumentando a quantidade de lágrimas que o organismo vai produzir só para serem derramadas por minha causa.

Eu não quero que seja assim. Porém não vejo outra forma de me ver livre da dor.

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Encontro o caminho do meu quarto sem problema algum, deixo a porta da sacada fechada, só o que eu quero é dormir, dormir e talvez com um golpe de sorte não acordar mais, levo meu pulso ao olhos com o curativo que a enfermeira fez, retiro com cuidado a pele ainda está sensível, a linha por onde a lamina afiada andou ainda está avermelhada, percorro a superfície do corte com meus dedos.

- Eu quase conseguir. - murmuro para meu pulso fragilizado - Foi por tão pouco... - me lamento deixo me lagar sobre a cama macia meu olhos se enchem de lágrimas não me importo que caiam pelo meu rosto,

Eu quase conseguir, minha mente repete várias vezes, seria tão simples para me ter conseguido naquela madrugada, mas meus pensamentos teimosos ficam me dizendo que existe as outras pessoas que vou machucar profundamente, Pedro chega na minha memoria como um bálsamo, as lagrimas silenciosas param aos poucos, lembro do seu perfume que acalma minha dor, do seu toque delicado e firme na minha mão que fazem meu peito bater forte me fazendo esquecer que eu vou embora.

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