Conversa

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P.O.VPietra Mendes

Observo Margarida sentada na minha cama, ela parece cansada, me sento na cadeira da escrivaninha quero descobrir tudo o que eu posso, tudo e mais um pouco sobre essa familia que diz ser a minha única ligação com minha mãe.

- Faz quando tempo que trabalha aqui? - pergunto sem emoção.

- 30 anos. - ela diz com um suspiro - comecei como assistente da governanta, sou formada em administração, aqui foi basicamente meu primeiro trabalho, tinha 24 na época.

- Você conheceu minha mãe? - Faço uma pergunta sem pensar.

- Sim, ela tinha 8 anos e a irmã dela tinha 5 quando comecei. - Margarida responde.

- O que aconteceu? - pergunto sem deixar as minhas emoções me dominarem, mas confesso que lutar contra as lágrimas não é fácil.

- Como o que? - Ela pergunta.

- Eu não sei, mas minha mãe nunca falou sobre... Tudo isso. - Aponto a casa enorme e rica. - Penso ter acontecido alguma coisa...

- Eu sei... Não é tão horrível como pensa. - faço silêncio, Margarida sabe que eu quero saber, ela continua - Seu avô, Sr. Otávio é dono de uma montadora de automóveis, e também faz parte de uma instituição não governamental vinculada com o estado em prol da... Como se diz... Expansão da cultura - Margarida rir sozinha - Ele gostava de falar que era assim... Essa instituição é o que mais rende em lucros...  Hoje ele é aposentado o genro dele cuida da montadora com os outros sócios, a sede fica na Capital, na época ele ainda estava no comando de tudo, e em uma confraternização da firma... Ele e sua mãe, Clarisse, discutiram, ele à chamou de varias coisas que não devia... Clarisse depois de receber o desagrado do pai, não falou nada, não abaixou a cabeça, não se via lagrimas nos olhos nada... - Margarida seca suas próprias lágrimas, lembrar é reviver, eu sei bem o peso desta verdade - Ela foi embora, deixou tudo pra trás, só tinha 15 anos... se foi apenas com a roupa de corpo.

- Por que ele... Fez isso? - pergunto confusa.

- Clarisse... Estava grávida - Margarida diz com cuidado - Mas não foi por ela está gravida, Sr. Otavio não queria que fosse assim com sua filha tão nova, ainda no ensino médio, mas era seu primeiro neto... Então não tinha o que fazer, a não ser cuidar da criança... - Margarida dar de ombro para descontrair. - A questão foi de quem era o pai... Afonso Filho Mendes.... Esse nome não era nada para o Sr. Otávio, uma familia pequena, pobre, um jovem também no ensino médio... O sr. Otávio queria a criança... Só não queria o pai dela, como o nome da família Rocha seria envergonhado, ele conversou com sua mãe para ela desistir do casamento. … Sabe deixar o namorado, ficar em casa com o bebê que ainda estava no seu ventre... Mas Clarisse amava o Afonso, queria se casar, formar uma familia...

- O que aconteceu? - pergunto curiosa.

- Seu avô tramou... Para tirar o Afonso da vida da filha, ofereceu dinheiro para cancelar o casamento, ofereceu carros, apartamentos... Tudo e ele não queria, então movido pelo frustração o quis... Matar, e quase conseguiu... Por pouco o Afonso não morreu - Margarida conta com vergonha - Quando sua mãe soube... Ela não suportou, fez um tremendo escândalo na confraternização do Sr. Otávio queria vingança, humilhar o pai... Ela conseguiu, depois de expor o pai na frente de todos os sócios e funcionários... Ela deu as costas e saiu pela porta da frente.

- E a mãe dela?! Não fez nada para impedir ou algo assim? - pergunto interessada.

- Ela até tentou, mas um ego ferido é muito difícil de curar, a Sra. Carla não concordava com o esposo... A irmã dela discordava de todos, a solução mas simples para a Anna Clara... Era -  Margarida diz com medo - O aborto, pôr um fim no começo... E esquecer tudo.

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