P.O.V. Pietra Mendes
Pensei muito sobre o que a Margarida falou, ela quer fazer uma reunião familiar, mas depois da minha conversa com meu irmão eu só quero ele como minha familia.
Depois de tomar o café da manhã sozinha na cozinha, já que Murilo está na casa da frente, procuro o Sr. Otávio ele não está no quarto, também não está na biblioteca, escritório, não conheço muito essa casa enorme, mas o encontro em um quarto que nunca entrei, nunca o vir destrancado.
- Posso? - pergunto batendo de leve na porta aberta
O senhor com uma roupa simples, descalço ele olha para trás de si com curiosidade, seus olhos negros brilham com lágrimas, ele não si importa que eu o veja assim, seus cabelos estão molhados de um banho recente, analiso que quarto é esse, tem uma pintura de uma bailarina rosa acima da cabeceira da cama tubular enorme, o piso é de madeira lisa sem tapete, o teto é liso em um tom alaranjado, vejo vários brinquedos arrumados em uma estante ao lado da porta dupla de uma sacada coberta por uma cortina rosa clara.
- Sr. Otávio? - pergunto novamente sem saber se posso entrar ou não.
- Amiga? N-ã-ã-o é? - ele fala com dificuldade.
- Sim. O senhor lembrou. - digo entrando devagarinho
- Conhece? - Ele pergunta analisando o quadro acima na cama com carinho.
- O que é? - pergunto
- Uma bailarina... Rosa.. - ele rir sem saber - Minha filha... Foi a uma exposição.. - ele conta entre sua respiração - Me-e fez comprar... Isso...
- Sua filha? Ana Clara? - pergunto curiosa
- Não-o, não menina Amiga... Clarisse. - a voz dele diz com urgência.
Meus pés se firmam no piso, não pelo medo, ou pelo respeito por está no quarto dela, mas não sei se tenho permissão de está aqui.
- Eu tenho a ch-have daqui. - Sr. Otavio fala me trazendo a realidade - Mas nunca venho aqui... Ela não gosta de ninguém no quarto dela... - ele sorriu com a lembrança tão real para ele.
- Devo sair Sr. Otávio? - pergunto com um pedido silencioso que ele me mande sair.
- Ho não!... Você é menina Amiga... Minha Clarisse não se importará... Se for você.
- Por que?
- Simples... Você tem o colar dela. - ele declara sem receio.
- Não se importa que eu tenha o colar dela? - pergunto me aproximando dele perto da estante.
- Não, não-o Amiga... É seu. - ele diz gentil. - Quer ver a vista? - ele aponta as cortinas rosas sem jeito
Não digo nada, só espero ele afastar as cortinas, uma fina camada de poeira cobre o vidro grosso, liso, observo as mãos trêmulas tentar encaixar a chave na fechadura.
- Pegue. - ele me entrega as chaves com vergonha - Eu-u não consigo.
Com um movimento destranco a porta, o sol da manhã faz sombra na sacada idêntica a do meu quarto, a baixo se ver o que era para ser um quintal lindo, verde, com fores, com os caminhos das pedrinhas indicando as direções, acima da garagem uma lage plana, limpa, existe uma escadaria em espiral em acesso, quero ir lá assim que der.
- Era mais-s bonit-o. - Sr. Otavio diz olhando em volta
- O que aconteceu? - pergunto
- Minha Carla si foi... - Ele diz com pesar - E com ela toda a beleza daqui...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Para Não Desistir De Viver.
EspiritualA vida é algo tão insignificante. Há quem diga que para morrer só precisa está vivo. A vida pode ser algo frágil, mas que se bem cuidada pode durar anos a fio. De que forma vale a pena viver, se um dia todos chegaremos ao impasse da morte? Duas vida...