Horas como essas

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P.O.V.  Pedro Pontes

As semanas logo vão embora, como estou de ferias passo muito do meu dia com Pietra, é incrível conhecer-la sem o peso enorme da dor, culpa ou do medo.

As aulas do Pinheiros já começaram, Safira não me contou e nem a ninguém porque ficou tão chateada depois do baile, quando Thales questionou o Teodoro ele não quis contar, mas garantiu que não era culpa dele, eu acredito que nem se fosse de fato culpa dele ele não saberia, Safira está em seu estado normal de sempre mas eu sei que não é o normal dela, fico muito preocupado com ela, e comigo preocupado Thales fica também, então eu não deixo transparecer.

- Pedro? - ouço meu pai me chamar no corredor são pouco mais das 23 horas

- Tudo bem?! - me levanto rápido preocupado.

- Acho melhor você vir comigo. - Baraque fala com pressa, o olho confuso.

- Aconteceu alguma coisa? - me vejo falando, fecho a porta do quarto com meu celular nas mãos - Pai? Está tudo bem?

- Sra. Margarida me ligou. - Ele diz sem jeito seguindo as escadas para o térreo

- Te ligou? Como assim? Por que?! - disparo com meu coração a mil por hora.

- É complicado... Você precisa sem forte certo? - Meu pai me encara firme - Não se preocupe tanto, Pietra ela está bem.

Consigo respirar de novamente.

- Então o que aconteceu pai? - o apresso

- O avô dela... Está no hospital. - Ele diz enquanto encontra a porta da garagem - Estamos indo pra lá... Venha.

O sigo a passos rápidos, Pietra me contou que isso podia acontecer espero que o Sr. Otávio resista como vem resistindo até agora.

- Sua mãe vai quando amanhecer.... Parece que alguns amigos seus vem ver como está o Murilo. - Baraque informa pela minha falta de perguntas.

O hospital que meu pai me leva é o mesmo que Pietra ficou uns dias, um particular Dumont, encontro a mãe do Murilo na sala de espera com um homem meio ruivo que penso ser Mario o esposo dela, a mulher me encara com desdém evito encontrar seu olhar.

- Pedro que bom que veio. - Margarida me cumprimenta com pressa - Obrigada por vim Sr. Baraque.

- Pietra e Murilo como eles estão? - Pergunto com medo

- Eles estão melhor... - a mulher diz sem jeito - Estão no quarto pode ir encontra-los.

- Obrigado - Digo rápido saindo pelo corredor, deixo meu pai conversando com Margarida.

Encontro a porta meia aberta, bato de leve para chamar a atenção deles Murilo sorrir sem jeito ao me ver na porta, adentro o quarto para receber Pietra em meus braços, a seguro firme, deixo que ela chore.

Com Pietra mais calma ela se senta em uma das poltronas, na maca o Sr. Otávio respira ligado a aparelhos, ofereço meu abraço para Murilo que recebe com força.

- Veio com quem? - Murilo pegunta depois de um tempo me contando que o avô dele teve mais uma parada respiratória, e mesmo que ele não queira dizer o Sr. Otávio corri altos ricos de sofrer morte cerebral.

- Meu pai... - Respondo - Safira e o Thales vem de manhã com minha mãe.

Me sento ao lado da Pietra na poltrona, nunca sei o que falar nesta horas, eu desejo que o Sr. Otávio melhore mais é quase impossível. Tomo a mão da Pietra para mim, a seguro firme com se esse simples gesto pudesse falar por mim.

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P.O.V.  Pietra Mendes

É um gesto simples, Pedro apenas segura minha mão com firmeza e ao mesmo tempo gentileza, eu sei que Pedro não é bom com palavras, sei que ele está aqui agora ao meu lado por mim, nem se eu obrigasse ele ir embora ele não iria.

As horas se passaram, os médicos mandaram a gente se retirar do quarto, Murilo, Pedro e eu obedecemos a contra gosto, estamos sentados no piso frio do corredor do lado de fora do quarto onde meu avô está, eu gostaria de ter o conhecido a mais tempo, gostaria de ter mais tempo com ele. Pedro não soltou minha mão em nenhum segundo, esse simples gesto me faz lembrar que Deus também não me soltou, que Deus não me abandonou mesmo que meu avô não resista mais algumas horas eu quero ter forças para resistir mais uma perda.

- Você está bem? - Pedro sussurra para mim.

- Vou ficar. - digo com um meio sorriso, recebo um beijo na minha fronte em resposta, respiro fundo sentido seu cheiro que me acalma.

- E você amigo? - Pedro pergunta para Murilo sentado do outro lado dele - Vai ficar bem?

- Eu não sei ainda... - Murilo responde sem ânimo - Mas eu acredito que uma hora eu vou está bem.

- Vai sim... Sabe que pode contar comigo. - Pedro diz confiante - Não posso fazer muito... Mas o que der eu ajudo.

- Eu sei cara. - Murilo responde com um sorriso sem jeito - Valeu.

- E sua mãe? Como ela está? - Pedro pergunta baixo

- Como sempre. - Murilo dar de ombro irritado - Meu pai está mais preocupado que ela afinal...

Fico em silencio apreciando a mão quente do Pedro junto da minha, não quero pensar em como a Sra. Clara lida com sua dor de forma tão interna sem deixar transparecer sua fragilidade. Eu não quero internar minha dor, sei o quando isso é prejudicial.

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Nunca sei o que fazer ou para onde ir em horas como essas. A sala de espera ganhou um número maior de pessoas, reconheço alguns que são amigos do Pedro e do Murilo, Safira, Thales e a Sra. Andreia trouxeram eles de carro, Teodoro chegou um pouco depois com um homem que acho ser um motorista dele, todos eles abraçam Murilo são todos uma familia na academia de arte, sentada em meu canto em uma das muitas cadeiras observo o movimentos das pessoas, ouço as diferentes vozes, em meio minha espera sem esperança para ouvir a péssima notícia, imagino como seria se Diehvo estivesse aqui comigo.

Mas meu irmão não está comigo.

- Pietra. - Margarida se aproxima de mim, pelo olhar dela, pelo sentimento em sua voz, pelo tom que usa para dizer meu nome.

E tudo de novo eu ouço as vozes a minha volta sinto Pedro me envolver em seu peito, posso sentir as lágrimas nasceram, posso ver as pessoas se moveram a minha volta, vejo Murilo que recebe o abraço do Thales, mas tudo é distante de mim, tudo é sentindo de forma insubstancial.

Eu nunca sei o que dizer em horas como essas.

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Eu não sei se esse era o desfecho que vocês esperavam, o Sr. Otávio Rocha faleceu Pietra meio que entra em choque, mas eu escolhi assim afinal mesmo quando estamos tentando acertar coisas ruins ainda acontecem.
O fim esta próximo mas um caps... Oooooohhh...

Quero dizer que esse livro foi o mais gostoso de escrever e com certeza (ate a data de hoje) é um livro meu que eu vou ficar abrindo e lendo o começo e o final varias vezes (assim como eu faço no DE VOLTA AO JARDIM)

Acho que todo escritor deve por obrigação escrever algo que tem prazer de ler... Estou errada?!

Para Não Desistir De Viver.Onde histórias criam vida. Descubra agora