Noite 1 - No Parque

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P.O.V.  Pietra Mendes

As palavras da minha mãe ainda ecoam na minha mente, pela primeira vez conseguir sorrir para meu reflexo de forma espontânea, isso é até algo impressionante, já estou quase pronta para sair ao parque como Pedro pediu, meu cabelo nunca esteve tão arrumando, encontrei vários produtos para cabelos no banheiro além das caixas com secador, chapinha, bebilisse, na escrivaninha do quarto, enrolei as pontas do cabelo para ficar diferente do liso habitual, minha franja está bem volumosa, estou até usando maquiagem, coisas que raramente uso, escolhi um vestido simples em jeans com um cinto do mesmo tecido, e tênis branco, olhando meu reflexo gosto de pensar que estou fazendo o que minha mãe me pediu na carta; Que não seja igual a ela, eu quis ser como ela, sempre quis, quis ir embora-pra-sempre como ela foi.… mas talvez.... Somente Talvez eu não deva mais querer.

Pego meu celular e um pouco de dinheiro e coloco no bolso do vestido, nunca gostei muito de usar bolsa, são pouco mais das 19h30 Pedro não me falou que horas eles estaria lá, então não sei dizer se estou atrasada ou adiantada, isso não importa só quero que Pedro realmente apareça, ele prometeu então sei que vai cumprir.

- Pra onde vai toda arrumada?! - Murilo diz quando encontro ele no corredor dos quartos.

- Sair. - Dou de ombro sem parar de andar.

- Que pressa... - Ele diz acompanhado meus passos,  - Vai sair? Tipo um encontro é? - Murilo fala com uma piscadela divertida.

- N-não. - digo tentando parecer confortável com essa intimidade do garoto ruivo. - Não tem mais o que fazer não é?

- Claro que tenho.

- Então?

- É que isso - Murilo aponta de mim para ele - É mais importante.

- Isso o que?! - Me irrito

- Nossa amizade é claro. - Ele diz sorrindo alegre, giro os olhos impaciente ele vai mesmo insistir nisto? - Então.... Vai sair com quem? - Ele recomeça para meu desagrado - Eu conheço? É seu amigo? Ele é boa gente? Mora onde? Ele vem de pegar aqui ou vai encontrar com ele? Qual o nome dele?

- Tá! Tá! - Grito para ele se calar - Pra que tantas perguntas?

- Só quero saber, nada de mais. - Murilo diz contente.

- Me deixa em paz Murilo! - digo quando enfim encontro a porta de saída a fecho atrás de mim para não deixar que o Murilo me acompanhe de novo.

Espero ouvir os passo do Murilo se afastando da porta para soltar a maçaneta, quando enfim parece que ele se foi, caminho para o portão da frente, o guarda me encara desconfiado.

- O que? - pergunto pelo seu olhar até que engraçado.

- Nada. - ele disfarça - É que você parece com sua mãe.

- Você já trabalhava aqui... Quando ela morava na casa? - pergunto sem me conter.

- Não... Nas fotos... Pela casa. - ele informa, seu olhar não é mais curioso mas com cuidado.

- Ham... É... Pode abri? - digo apontando o portão.

- Tem autorização?

Aceno que sim, minto sem um pingo de vergonha, não sei como essa coisa de autorização para sair da casa funciona.

- Ham. - ele diz ponderando com a cabeça - Sei que não tem autorização eu teria sido avisado garotinha.

- Vamos lá deixa eu sair... É... - procuro o nome dele no uniforme, está escrito Benedito, mas lembro que a Margarida falou de um Beto, deve ser ele - Por favor Beto.

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