Não o conheço

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P.O.V   Pietra Mendes

Acordei quando o efeito do remédio finalmente passou, são quase cinco da manhã, tomo um banho de gelar os ossos, visto o uniforme de sempre, calça jeans com a blusa com uma xícara desenhada, a minha de mangas longas, não gosto do olhar de repugnância ou medo das pessoas ao perceberem minhas cicatrizes, o que eles pensão? Que sou louca? Doente? Eu estou muito bem obrigada, e isso não é dar conta de ninguém.

- Pietra você não precisa começar assim tão cedo. - O Sr. Leonardo diz assustado ao me ver.

Ele arruma as mesas, eu o ajudo em silêncio a reabastecer os guardanapos, o espaço é bem grande, o balcão redondo em 180 graus as mesas também ficam neste giro, são umas trinta ao todo, atrás do balcão de vidro onde ficam as tortas, bolos de vários tamanhos e sabores em exposição, com as máquinas de fazer capuccino, sorvete, vitaminas, tem a porta para o corredor que leva para meu quarto, banheiros, cozinha.

- Tem falado com seu irmão? - o Sr. Leonardo continua, enquando eu limpo a vidraça da frente para a calçada.

- Humhum - resmungo - Ele sempre liga a noite. - digo sem jeito.

- Ele tá bem? - Ele pergunta preocupado.

- Acho que sim, - digo tentando encerra o assunto - Ele está em Lira, não sei quando ele volta.

- Você... Quer ir até... ele? - Sr. Leonardo fala devagar, ele assim como a esposa sabe de tudo que aconteceu com Diehvo, sabe que ele se envolveu com coisas erradas, e pelo peso em seu olhar agora sei que ele tem medo que eu também siga por esse caminho.

- N-não e-e-eu - começo com dificuldade - Eu não... Quero.

- Sabe que pode ficar aqui o tempo que quiser né? - Ele diz com um sorriso simples.

Aceno um "sim" sem jeito com a cabeça e desviou olhar para uma mesa qualquer, a arrumo sem está desarrumada.

- Eu sou quase seu tio... - Sr. Leonardo começa a contar enquando ele reorganiza as coisas no balcão - ... Não temos o mesmo sangue, mas isso não tem muita importância, eu a segurei nos braços quando você nasceu... Vir seus primeiros passos... Você é muito bem vinda aqui, pra ficar o tempo que quiser Pietra, e além do mais você ajuda muito no Café...

- O Senhor me paga pra isso. - digo sem rodeio, arrancando uma risada ele.

- Ainda é muito pouco, o que acha de aumento?

- Não precisa não, eu tô bem assim. - respondo com um sorriso torto. - O senhor já me dar o bastante.

- Se você acha... - Ele deixa a voz morre, assim como o assunto entre nós.

Em pouco tempo os clientes aparecem, como a Letícia está de ferias do colégio, ela faz o segundo ano do médio no Pinheiros, também joga no time de futebol feminino, não sei como ela aguenta só de pensar já estou cansada. Ela e mãe dela também chagam cedo.

A manhã se passar devagar, os pessoas vem e vão em constante movimento, como estamos no meio do ano, a maioria das pessoas, os jovens em sua maioria estão de ferias, as familias aproveitam a oportunidade para sair em familia, seja para o parque, shopping, praia ou tomar um bom café.

Dois meninos e uma menina entram pela porta, nunca os vir aqui antes, eles procuram um assento, escolhem uma mesa perto da vidraça lateral, já que o estabelecimento fica em uma esquina, é um bom ponto comercial. Espero a Letícia ir até eles, ela está ocupada com uma senhora de idade, Letícia tem que repetir tudo unas cinco vezes para a senhora conseguir entender, procuro a Sra. Patricia ela está no balcão não pode sair agora.

Para Não Desistir De Viver.Onde histórias criam vida. Descubra agora