Capítulo LXXIV

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Lavínia narrando...

Depois que tudo isso passasse eu iria conseguir suportar né? Estou fazendo isso pro meu bem e pro bem dessa criança, eu não pretendo ser mãe agora. Fechei os olhos e voltei a ouvir o som de alguns minutos atrás, tum tum tum. Esse som tinha me marcado de uma forma tão forte e inexplicável, senti um aperto no coração e uma enorme vontade de chorar, mas ao pensar nesse som eu me acalmava.

- Por favor para - eu disse abrindo os olhos e chamando a atenção da médica - Eu não consigo fazer isso, desculpa

- Tudo bem - ela me olhou e sorriu - Muitas mulheres que vem aqui não conseguem, ter um filho não é a pior coisa do mundo, você vai sentir coisas que nunca havia sentido, mas ser mãe é uma das melhores coisas do mundo.

- Espero que eu seja uma boa mãe - murmurei me levantando e sorri pra ela - Me desculpa por ter feito você perder seu tempo comigo

- Tá tudo bem, fique bem e seja feliz, agora com seu filho - ela disse e eu sorri assentindo - Você não vai se arrepender...

Assim que eu me vesti, despedi dela e fui ao encontro da Tracy que estava com cara de choro.

- Você fez? Como você pode... - ela disse negando com a cabeça

- Eu não fiz, Tracy - eu disse, ela me olhou sorrindo e me abraçando em seguida 

- Eu sabia que você não ia fazer - ela disse me encarando - Eu vou te ajudar sempre, com tudo tá bom? Você vai ser a mãe mais linda do mundo 

- Obrigada, Tracy - eu disse segurando sua mão - Você tá sendo incrível comigo! Me ajudando em tudo.

- Irmãs servem pra isso né? - ela disse e eu assenti rindo

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Olhei meu reflexo no espelho e sorri ao lembrar do coração do bebê, do meu bebê.

- Eu vou te proteger de todas as coisas ruins - eu disse passando a mão na barriga sem volume - Se você for um menino, vou te ensinar a respeitar as meninas e nunca magoá-las. Se for menina, vou ensinar a nunca ser trouxa e abaixar a cabeça pra alguém que não merece. Me desculpa se um dia eu quis te fazer algum mal, pode deixar que eu nunca mais vou pensar algo assim...

- É a sua mãe - Tracy disse colocando a cabeça na porta com o telefone em mãos 

LIGAÇÃO

- Oi mãe

- Oi meu amor, estou com saudades

- Eu também, você tá tão longe... - eu disse sentindo um nó se formar na minha garganta 

- Como estão as coisas aí? - ela perguntou e eu suspirei, eu deveria contar?

- Eu acho que bem, eu preciso conversar com você - eu disse 

- Tudo bem, o que você quer falar?

- Primeiro, preciso que você prometa que não irá contar isso pra ninguém - eu disse com medo dessa notícia chegar ao Gui - Você sabe que eu nunca te escondi nada né?

- Tudo bem, promessa de mãe - ela disse rindo baixinho - Me conta logo

- Lá vai, mãe - eu disse suspirando - To grávida - eu falei e só ouvi a respiração dela na linha - Mãe? Mãe tá ai? Você tá bem? Me responde

- Oi, como assim grávida? - perguntou

- Grávida mãe, com um bebê dentro de mim sabe? - eu disse tentando amenizar o clima pesado 

- Lavínia, como você deixou isso acontecer? - perguntou com tristeza na voz - Eu sempre te falei tudo, se cuide e previna-se, pelo jeito você não me ouviu

- Eu ouvi mãe! Sempre me cuidei, achei que isso era impossível porque eu me cuidei ao máximo...

- Se tivesse realmente se cuidado não estaria assim - ela disse e eu comecei a ficar com vontade de chorar, hormônios chatos! - Eu preciso de um tempo tá? Quero pensar mais sobre, não quero falar coisas pra te magoar

- Tudo bem mãe... - eu disse triste

- Não fique assim, querida - ela disse - Saiba que eu vou te apoiar sempre!

- Tá bom mãe, beijos - eu disse ainda chateada 

- Beijos meu amor, te amo 

- Te amo mãe

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Sabe quando você sabe que a sua mãe ficou triste com algo que você fez, ou decepcionada? Eu senti isso tudo, só por ligação e me machucou, porque eu não queria deixar a minha mãe assim, ela não merece nada disso... Eu já sentia as lágrimas rolando pelo meu rosto, deitei na minha cama e involuntariamente coloquei a mão na minha barriga, me deixando mais calma. Sorri com a sensação e fiquei ali, pensando em tudo que estava acontecendo, tantas coisas em pouco tempo...

Aos poucos meus olhos foram ficando pesados e consequentemente foram fechando e eu acabei adormecendo e dessa vez eu não me sentia mais sozinha...

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