Capítulo 23

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Valentina abre a porta e de imediato encontro Cal com o meu olhar. Ele olha para mim, chateado. Engulo em seco. Sinto uma mão nas minhas costas e olho para trás.

"Vai entrar?" - Jackson pergunta

Assinto e sento-me o mais longe possível de Cal. Estou sentada ao lado de senhor Henry Raymond, que está na ponta, e Valentina está ao me lado, do mesmo canto que eu. Alexander está à frente do pai, na outra ponta da mesa. Cal está ao seu lado, à frente de Valentina e Jackson está à minha frente, ao lado de Jackson também.

"Eu gostaria de ouvir ambas as partes das histórias." - Raymond sénior requesta

"Posso começar?" - ouço a voz de Cal, mas não olho para ele

"Sim."

"A Danaë e eu envolvemo-nos. Mais do que uma vez. Num desses envolvimentos ela pediu para eu lhe tirar uma fotografia, ach-" - olho de relance para ele 

"O quê?" - interrompo

"Menina Scott, a sua vez vai chegar." - o pai deles avisa-me

"E até lá vou ouvir mentiras?" - atiro - "Eu nunca te pedi nada! Tu é que, literalmente, di-" - ele olha-me furioso e a memoria de quando ele me encostou à parede de minha casa com a mão no meu pescoço volta-me à memoria

"Quer continuar?" - olho para Alexander, que percebeu o meu medo

"Não." - abano a cabeça 

O medo percorre o meu corpo e quero fugir. Quero chorar. Quero estar longe dele.

"Danaë pediu para eu lhe tirar uma fotografia." - ele continua - "Foi o que fiz, achei algo normal, visto que passávamos as noites nas camas um do outro." - a minha cabeça está baixa e eu abano de leve a cabeça - "Recentemente, fui para Los Angeles e ela mandou-me a fotografia a dizer que tinha saudades minh-" - arrasto a minha cadeira e levanto-me, coxeando até à porta.

"Menina Scott." - ouço o patrão

Abro a porta e saio da sala. Entro na casa-de-banho feminina entro num das portas, sentando-me no chão, deixando-me chorar. A porta da casa-de-banho é aberta e alguém começa a abrir as portas, reparando que a minha estava trancada.

"Queres falar comigo?" - é Valentina

"Eu quero ir embora."

"Para voltares a ter o trabalho convém que termines a reunião."

"Ele está a mentir." - acuso

"Tu vais ter o teu momento para contares a história toda."

O facto de ela não me conseguir ver cria uma certa forma de confiança em mim.

"Eu não posso." - admito

"Porquê?"

"Posso?" - escuto uma voz masculina, sabendo perfeitamente quem é.

"Pode." - Valentina responde

"Menina Scott?" - Alexander chama

"Sim?" - limpo as lágrimas, no rosto, com os meus dedos

"Precisamos apenas que esteja presente."

"Não."

"Nós precisamos de saber o que é que aconteceu, para lhe podermos dar o trabalho de volta."

Eu não respondo, nem me mexo.

"Valentina, vá dizer ao meu pai que a menina Scott se sentiu mal." - ouço-o 

"Claro."

Os sons dos seus sapatos confirmam-me que ela está a caminhar para a porta e pouco depois, sei que saiu.

O SucessorOnde histórias criam vida. Descubra agora