Capítulo 58

485 33 1
                                    

Faço o meu caminho para o grande salão, no rês-do-chão, numa entrada escondida. Estou para entrar quando ouço vozes a mais. Reconheço-as todas. A mãe delas está com elas.

"Tens de falar com ele, sabes disso." - espreito, vendo Audrey a anotar alguma coisa num caderno

"Eu sei, mas... como?"

"Mãe, estamos aqui há quase um mês. Se demorares mais tempo vais estragar-lhe o natal." - Paisley toca no ombro da sua mãe

"Ele não vai entender. Tu sabes como ele é." - Olivia senta-se numa cadeira

"Ele não tem de entender. Tem de aceitar. Tu e o pai estão separados há nove anos, tu seguiste em frente. É normal." - Paisley pega numa cadeira, sentando-se à frente da sua mãe

Oh, não.

"Não. Ele não vai entender." - Audrey contraria a sua irmã - "O Alex sempre foi o único que acreditou que o pai e a mãe iriam voltar. Sempre. Agora a mãe vai-lhe dizer que tem um namorado há quase um ano." - ela ri-se, chateada - "Ele vai entrar em depressão."

"O Jackson não reagiu mal." - Olivia pega na mão de Audrey

"O Jackson e o Alexander são água e azeite. Nada haver." - Audrey semicerra os olhos - "Podes tentar dizer o que quiseres, o Alex não vai aceitar. Nem o Alex nem o pai, mas isso é outra história."

"O que é que é suposto eu fazer?" - ela pergunta-lhes

Como é que ela não foi capaz de contar ao filho? Ela não sabe que quanto mais tempo esperar pior é? O facto de ele acreditar que os pais se possam vir a juntar deixa-me triste. Como é que ele ainda não desistiu dessa ideia nove anos depois deles se terem separado? Eu sabia que por vezes os seus sentimentos são de meninos. De criança. Ele gosta de acreditar que um dia, o mundo irá ser apenas paz e amor. E porra!

Corro de volta para o elevador, subindo. Assim que alcanço a andar corro para o seu escritório, passando por Abigail.

"Vou avis-" - ignoro-a, abrindo a porta.

Ele levanta o olhar de uns papeis que tem à sua frente e põe-se em pé rapidamente, supresso por me ver. Salto para o seu colo, depois de fechar a porta, e beijo os seus lábios. Ele agarra-me com força, sorrindo a meio do beijo.

"Sim?" - ele questiona, contra os meus lábios

"O quê?" - olho para ele, separando-os

"Tentamos?"

"Namorar?" - desço do seu colo, confusa

"Não?"

"Eu... eu não sei." - dou um passo atrás - "Tens a certeza?"

"Claro que tenho, senão não fazia a pergunta."

"Tu não perguntaste." - reviro os olhos

"Queres que pergunte?"

"Não." - abano a cabeça - "Seria estranho." - riu-me

"Mas é um sim, certo?" - ele pega-me na mão

"Acho que sim." - as minhas bochechas queimam

"Tinha saudades desse teu tom vermelho." - o seu indicador toca-me na bochecha - "E tuas." - ele pega em mim ao colo, voltando a unir os nossos lábios

A minha boca abre-se para que a sua língua possa tocar na minha. Ele senta-se na sua cadeira, comigo ao colo.

Não o estou a fazer por pena. Gosto mesmo dele, mas a verdade é que ele já vai sofrer imenso com isto. E está será a única maneira de eu poder estar ao seu lado sem que ele pense que é por pena. Não é! 

O SucessorOnde histórias criam vida. Descubra agora