Capítulo 96

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"Estava tudo tão bem hoje de manhã." - a sua voz está rouca

"Estávamos a ignorar o obvio." - abro a porta do quarto

"Não te vás embora, Danaë." - ele segue-me - "Por favor. Fica. Só mais esta noite. Se esta é a minha última noite contigo, deixa-me dormir agarrado a ti, só mais uma vez. Sem sexo, sem nada."

Olho para ele e ele finalmente limpa as lágrimas.

"Por favor." - ele cai de joelhos à minha frente e eu recuo com o susto.

"O que é que tu estás a fazer?"

"Só mais uma noite."

"Levanta-te." - largo a minha mala

"Prometo que não te faço nada que tu não querias."

"Levanta-te, Alexander." - mando

"Fica esta noite."

"Levanta-te do chão!"

"Diz-me que ficas cá esta noite." - ele olha-me, com atenção.

Os meus olhos estão tão molhados que ele parece desfocado. Esfrego-os com as mãos.

"Só uma última noite."

"Levanta-te, por favor."

"Fica, por favor."

"Eu fico." - digo, sem sequer pensar no que pode vir a acontecer.

Ele levanta-se com calma e fico a olhar para ele.

Alexander Raymond acabou de se meter de joelhos à minha frente. Acabou de se meter de joelhos por mim. Eu sou uma cabra de primeira. Eu estou completamente vazia por dentro. Como é que alguém me pode partir se eu já estou partida?

"Obrigada." - ele sussurra

Assinto com a cabeça, pois não sei que mais possa fazer.

O jantar foi estranho. Nenhum de nós falou. Olhávamos um para o outro, mas era constrangedor. E quando nos deitamos na cama... bem, a sua T-shirt está no meu corpo. Os seus braços estão à minha volta, as minhas costas estão encostadas ao seu peito e os seus lábios estão contra o meu pescoço.

A sua mão procura a minha e eu entrego-a a ele. Ele entrelaça os nossos dedos e deixa-me um pequeno beijo no pescoço. Estremeço ao sentir o beijo e sinto-me a começar a chorar de novo.

Eu não devia ter aceite ficar. É pior para ambos, mas é sempre uma maneira de nos despedirmos.

Se ele for a pessoa com quem eu deveria ficar, ele vai voltar. É assim que o destino funciona. Se calhar voltamos a encontrar-nos daqui a vinte anos, quando ele se divorciar da sua mulher, com quem teve cinco filhos, e eu me divorciar do meu marido... com um filho.

Se for para ser, será.

"Eu tenho de te ouvir dizer que me amas, uma última vez." - ele sussurra-me

Viro-me para ele, largando a sua mão. Olho-o nos olhos e falo com a maior certeza do mundo.

"Eu amo-te. Eu amo-te. Eu amo-te." - os meus lábios tocam nos dele, por um segundo, mas esse segundo-o deixa-o de olhos fechados pelos próximos dez.

"Porque é que me estás a deixar?" - ele abre os olhos

"Porque o amor não chega, de vez em quando, Alex. Eu tenho de trabalhar comigo mesma. Eu tenho de perceber-me."

"E não o podes fazer enquanto estás comigo?"

"Não." - massajo-lhe a bochecha com o meu polegar - "Desculpa."

Ele parece uma criança inocente. Ele dá-me pena. Como se lhe tivesse tido que o seu cachorro acabou de ler levado para longe. Como se lhe tivessem impedido de comer guloseimas para até ser adulto.

"Tu estarás sempre aqui." - pego na sua mão, encostando ao meu peito, do lado do coração. - "Sempre."

Alexander's P.O.V.

Acordo com a merda do despertador e desligo-o. Procuro Danaë na cama, mas ela não está. Os meus olhos abrem-se de repente e vejo um papel e o anel que lhe ofereci sobre o mesmo, no seu lado da cama.

Querido Alex,

São quatro da manhã. Estou a olhar para ti a dormir e.... eu vou sentir falta disto. Escrevo-te aqui tudo o que me vai na mente. Podes deitar isto fora depois de leres.

Queria começar por pedir desculpa. Desculpa por ter sido tudo tão de repente. Desculpa por não te ter explicado como merecias. Desculpa por desperdiçar estes meses da tua vida, quando poderias estar atualmente com a mulher dos teus sonhos. A futura mãe dos teus filhos.

Fi-lo por ti. Fi-lo por mim. Eu não confio em mim nem em ninguém, tu sabes. Não te posso pedir para que sejas paciente comigo. Sou assim desde que me lembro, tenho vinte e três anos e nada mudou.

Tu foste um sonho que tive acordada. Tu deste-me felicidade nas coisas mais pequenas. Os teus braços à minha voltam faziam-me sentir em casa. As saudades que eu tinha da minha casa na Grécia diminuíram, porque tudo o que eu queria, era estar contigo.

Tu foste o meu melhor sonho, mas a uma certa altura, temos de acordar dele.

Devolvo-te o anel mais bonito que alguma vez me deram porque seria injusto da minha parte guardá-lo. Ele deve-te ter custado imenso dinheiro. Podes fazer o que quiseres com ele. Esse também tem um lugar especial no meu coração.

Foste o meu melhor presente. Tive de te devolver, antes que te partisse.

Acredito no destino, mal posso esperar para saber o que é que ele te reserva. Se não for comigo, eu desejo-te a maior sorte do mundo. Tu mereces ser feliz. Tu mereces tudo de bom que há no mundo.

Sempre tua,
Danaë.

Sempre minha? Como é que ela se atreve a dizer que é sempre minha se acabou de me escapar pelos dedos.

As lágrimas caem pelo meu rosto e eu pego no anel. Salto da cama e corro para o andar de baixo, na esperança de a apanhar.

[Fim do capítulo]

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