Capítulo 26

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"Estou." - assinto, ainda de costas para ele - "Já passei por pior." - respiro fundo e volto a olhar para ele

"Não precisas de te fazer de forte, sabes? Eu lamento imenso o comportamento do meu irmão."

"Eu apenas quero voltar ao trabalho, senhor Raymond."

"Não fales assim comigo." - ele mostra-se seriamente magoado - "Eu estou a fazer o que acho melhor para ti."

"Não quero saber o que achas melhor para mim. Para a próxima não me beijes e abandones no dia seguinte. Isso é de muito baixo nível."

"Foi apenas um beijo." - ele fala, com toda a certeza

Solto um riso, sem emoção e passo por ele, destranco a porta e caminho de volta para o elevador. Ele não vem atrás de mim. O dia de trabalho parece demorar uma eternidade a passar. Quando finalmente chego a casa vou direta para o quarto. Ouço barulho do quarto de Zoey e demoro segundos a perceber o que se passa. Pego numa almofada e envolvo-a à volta da cabeça, tentado tapar os ouvidos. A luz do meu telemóvel chama-se à atenção, mas ignoro quando vejo o nome de Alexander no mesmo. Fico com os ouvidos tapados até ter a certeza que eles acabaram.

Pego no meu computador e meto um filme da dar. O Guarda-Costas. Nunca se torna velho este filme. É romântico, mas ao mesmo tempo tão triste. O quanto eles se apaixonam um pelo outro, mas o trabalho dele proíbe com que os dois se possam envolver emocionalmente. E durante todo o filme, sempre que o vejo, tenho uma pequena esperança que no o fim mude e que os dois acabem juntos, mas não. Nunca acontece. O amor não ganhou, no caso deles.

O fim de semana chega entretanto. Tenho ignorado qualquer chamada de Alexander e sempre que o vejo passo por ele sem dizer nada. Não preciso de levar com a estupidez dele.

"Ok, a viagem foi horrível." - Dean reclama quando entra no apartamento

"O que interessa é que já chegaste." - abro a porta do meu quarto para que ele meta as suas coisas lá dentro - "Estive a falar com a D.J., achas que é na boa se formos jantar com ela, hoje à noite?"

"Qual é a tua cena com ela, Dalu? Deixa-a ir. Não vale a pena."

"Vale sempre a pena. É apenas um jantar, por favor." - imploro

Ele revira os olhos e senta-se na porta da minha cama.

"Sim. Pode ser."

"Obrigado!" - agarro as suas mãos, apertando-as de leve

"Podemos falar um pouco?" - ele pede e aponta para o lugar ao seu lado, na cama

"Sim." - sento-me ao seu lado, sem largar as suas mãos

"Eu sei que não me expliquei bem ao telemóvel, mas eu ando metido em sarilhos e não quero que saibas muito mais que isso."

"Posso pelo menos saber que tipo de sarilhos são esses?"

"Devo dinheiro a umas pessoas." - ele explica - "Umas pessoas um pouco... perigosas. Ameaçara-me. A mim e a ti e ao pai e à minha mãe. Não sei se era apenas para me assustar ou se era a sério, mas quero apenas ter a certeza de que estás bem."

"Estou bem." - assinto com a cabeça

"Que história foi essa do acidente que a tua amiga estava a contar?"

"Oh. Tive um acidente de carro, nada de mais. Apenas me magoei no tornozelo e no pescoço, mas já estou pronta para outra." - solto um pequeno riso

"Tens a certeza de que estás bem?"

"Sim. Já não ando a mancar nem nada."

A campainha é ouvida e eu levanto-me, caminhando até à mesma. Abro sem perguntar quem é, mas assim que vejo Alexander, tento fechar a porta, mas ele impede-me.

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