Capítulo 79

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Ela está a desligar a água quando volto. Ela observa o que tenho na mão e depois arregala os olhos, recuando um passo.

"O que é isso?"

"São os teus presentes de natal."

"Explica o saco da Versace." - ela aponta

"Abre e vês se gostas."

"Ainda nem é meia noite." - ela olha-me nos olhos 

"Não queres abrir?"

"Quero. No dia vinte e quarto. Mas o saco da Versace assusta-me, Alex. Eu não comprei nada de m-"

"Depois vês se gostas." - interrompo-a

Dispo-me e entro na banheira, esperando que ela faça o mesmo. Ela senta-se entre as minhas pernas e encosta a sua cabeça ao meu peito. 

"Benjamin." - ela desperta-me. Sinto-me a ficar com ciúmes, até que ela continua. - "Gostaria que o meu primeiro filho se chamasse Benjamin."

Ela pensa em nomes para os seus filhos? Eu nunca pensei nisso. Penso em ter filhos, sim, mas não nos nomes. Acho que isso vem com o tempo.

"É bonito." - pego na sua mão

"Não quero ter filhos agora... só quando tiver uns... vinte e oite, se calhar."

"A minha idade, com que então." - solto um pequeno riso.

Eu não sei o que é o futuro nos reserva, mas imaginemos que continuo a ser o homem mais sortudo do mundo e fico com a Danaë. Quando ela tiver vinte e oito anos, eu terei trinta três. Trinta e três anos é muito. Eu teria de esperar mais cinco anos para ter filhos, quando já gostaria de ter, pelo menos, um. Agora.

"E se for rapariga?" - tento concentrar-me na conversa e não no meu pensamento.

"Uhm... é mais complicado, não é? Gosto de Samantha. Gosto de nomes que possam ter uma alcunha. Como Benjamin, seria Benny. Samantha, seria Sammy. E tu?"

"Não sei. Nunca pensei nos nomes. Pensei mais em fazer as crianças do que no resto."

"Pois, a parte mais divertida." - ela solta uma gargalhada

"Não terias filhos, antes do vinte e oito?"

A minha pergunta desperta a sua atenção. Ela levanta-se para se voltar a sentar e estar sentada de frente para mim.

"Eu queria ter a minha vida organizada por completo antes de começar uma família."

"Tu tens. Um trabalho. Uma casa." - isto é muito cedo para ter esta conversa. Demasiado cedo.

"A Zoey vai sair do apartamento, tenho de pagar as contas sozinha. Não sei como, mas vou."

E é aí que eu não penso com a cabeça, mas sim com a boca e tenho a certeza que estou prestes a assustar o inferno para fora dela.

"Vem viver comigo."

Ela paralisa. O seu olhar fica bloqueado no meu e a sua boca abre-se.

"O quê?" - ela sussurra

"Vem viver comigo." - oh, sim, repete isso mais vezes, para que ela se assuste mais.

"Estás louco?" - a sua cabeça abana

"Não."

"Eu não posso viver contigo. Namoramos há um mês, não um ano." - ela volta a mexer-se. Por segundos penso que não está assustada, mas quando volta a olhar para mim, percebo que ainda está.

O SucessorOnde histórias criam vida. Descubra agora