Capítulo 30

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A sua mão toca-me no joelho, de leve, metendo a minha perna como ele quer. O meu lado esquerdo do corpo está bastante revelador, enquanto o meu lado direito parece inocente.

Ele volta para a cadeira e olha para o buraco da camara.

"Não sorrias. Fica exatamente como estás." - ele manda

Eu nem sei como estou. Estou nervosa. Estou com a garganta seca e estou a desejar aquele homem. Estou a deseja-lo tanto. Fecho os meus olhos por um segundo, imaginando como seria ter o seu corpo sobre o meu. Os seus lábios no meu corpo. Os nossos corpos suados, colados. Volto a abrir os olhos de repente e num movimento rápido pego na minha mala.

"Então?" - ele fica confuso

"Eu tenho de ir embora."

"Porquê?" - ele questiona

"Porque... porque tenho de ir embora."

"Pensava que não trabalhavas amanhã."

"Não trabalho." - confirmo

"Fiz alguma coisa?" - ele levanta-se - "Foi por causa das fotografias? Eu posso parar." - ele arruma a camara na estante

"Não foi isso. Sou eu. Eu não posso." - aviso

"Não podes o quê?"

"Eu não posso deixar que isto aconteça. Eu não posso querer-te." - explico - "Eu não posso querer estar contigo, Alexander. Não posso."

"Podes sim." - ele caminha até mim

"Não!" - fujo dele, saindo porta fora

"Danaë!" - ele chama e vem atrás de mim

"Não! Tu não entendes!" - paro e olho para ele - "Tu não entendes o que isto me pode fazer, profissionalmente. Tu não tens nada a perder, Alexander! Nada! Eu tenho tudo a perder. Se eu perder aquele emprego eu não tenho como pagar a renda ou como comer!" - engulo em seco, tentando não me emocionar demais - "Eu quero. Juro-te que quero, mas não posso. E sabendo que tudo isto pode ser por causa de o raio de uma aposta..."

"Acabamos com a aposta. Desistimos dela!" - ele está a dez metros de mim, se tanto

"E depois disso, o que é que resta? Tenho sexo contigo uma vez e depois nunca mais ouço de ti? Se com um beijo desapareceste durante três dias, fará com sexo!"

"Tu és diferente." 

"E se calhar disseste isso as outras, mas não foram. Eu não posso, Alexander." - abano a cabeça

"Não o disse a mais ninguém. Garanto-te. Não ando por aí a dizer às pessoas que são diferentes."

"Tu estás apenas a tentar encontrar alguém que substitua a Penelope. Não te culpo por isso, nem te jul-"

"Não estou a tentar substituir ninguém." - ele mostra-se ofendido - "Estou a tentar dizer-te que quero estar perto de ti. Que sempre que me afasto de ti, quero correr para ti, encostar-te a uma parede e beijar-te os lábios. Pedir-te para que fiques perto de mim. Dia e noite."

Fico a olhar para ele, sem saber o que responder.

"Não te estou a usar." - ele continua - "Estou a querer-te."

Penso em saltar para o colo dele e beijá-lo, mas o meu corpo não colabora.

"É como se todas as vezes que tivesses comigo, o inverno se tornasse verão. Quando te ris é como se o mundo parasse. É o som mais bonito que alguma vez ouvi. Quando te vejo sorrir, essa imagem passa na minha mente em repetição. E podes pensar que estou apenas a tentar dizer coisas lindas, mas a verdade é que por mais bonito que isto pareça, dói não te ter por perto. Dói imenso."

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