O Sucessor

Capítulo 82

"Estás a levar isto muito a sério. Tu achas mesmo que o meu irmão quer saber com quem é que eu vou para a cama? Ele estava apenas a tentar assustar-te. Tu és um fofo." - comento, fazendo-o revirar os olhos. - "Esse teu colete."

"Danaë." - ele parece um professor a mandar vir comigo depois de me mandar calar dez vezes e eu voltar a falar.

"Sensual." - levanto-me, piscando-lhe o olho. - "Mãe! Precisas de ajuda?" - caminho para a cozinha

"Ah, não queria, obrigada. Está tudo pronto, mas... vem cá." - ela puxa-me para o mais longe da porta que eu possa estar. - "Como é que... tu e o Alexander Raymond..."

"Oh. Uhm... bem... ele é filho do meu patrão." - explico e a minha mãe assente, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. - "E.... sim, é isso. Conhecemo-nos, começamos a passar mais tempo juntos e agora... namoramos." - encolho os ombros

É estranho. Bastante estranho. Há meio ano atrás eu nem sonhava que o ia conhecer. Na verdade, há meio ano atrás estava a tentar perceber o que é que o Cal e eu eramos. Nada. A resposta é que Cal e eu não eramos nada.

"Foi com ele que foste de viagem?"

"Sim." - confirmo

"Para Aspen?" - ela inclina a cabeça, sorrindo

"Sim." - sorrio de volta

"Gostas mesmo dele?"

"Eu amo-o." - admito - "Ele faz-me sentir... merecida, sabes? Como se eu fosse alguém."

"Tu és alguém, querida. Tu és fantástica." - ela aproxima-se de mim, passando a mão pelo meu cabelo

"É.... ele trata-me como se eu fosse um diamante e eu..."

"Por causa d-"

"Mãe, eu sei que tu leste o meu diário e eu perdoei-te, mas não vamos falar disso."

"Eu só te quero ajudar, querida."

Olho para ela, atentamente e assinto.

"Ok. Uhm... posso te fazer uma pergunta? Que não sai daqui."

"Claro." - ela continua com a sua mão no meu cabelo

"Imagina, que o Alex me pede para ir morar com ele e eu acabo por aceitar, sem lhe contar tudo sobre o meu passado. Entrar em casa dele, como se tivéssemos casado, mas ter aquela parte de mim que não quer contar. Aquela parte que eu sei, um dia vai chegar à superfície, mas eu não a quero contar-"

"Estamos a falar do teu pai ou do Kaleb?"

"Kaleb."

"Eu não acho que lhe tenhas de contar sobre o Kaleb. Não é como se alguém lhe fosse contar. Gostaria que tivesses falado comigo na altura."

"Não podia. Era horrível. Tão horrível." - as imagens assombram-me e abano a cabeça

"Eu sei." - ela abraça-me - "Como é que eu nunca descobri? Desculpa-me." - a sua voz treme - "Que deus abençoe o Kenneth."

"Sim." - é tudo o que consigo dizer

"Posso?" - a voz de Alex faz-nos separar e limpar rapidamente as lágrimas

"Claro." - a minha mãe sorri, entre as lágrimas.

"Está tudo bem?" - ele mira-me

"Sim." - assinto - "Saudades."

Ele caminha até nós passando a sua mão pelas minhas costas.

"Então, Alexander. O que é que a tua família acha da minha Danaë?"