Capítulo 56

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Tento passar, mas a velha mete-se à minha frente.

"Desculpe, precisa de alguma coisa?" - levo a minha mão esquerda ao cabelo, puxando-o para trás.

"Tu não vais subir." - ela avisa-me

"Eu tenho de subir."

"Vais ter com a clarinha, não é? Bem, não vale a pena, ela não te quer ver."

"E quem é você para me dizer isso?"

Ela solta um riso estranho.

"Elas podem ser chatas, e são, mas a rapariga está um caos. Todos os dias quando me vê, oferece-me um chá, não porque quer que eu tome chá, mas sim para não estar sozinha no seu apartamento, quando a amiga não está. Eu já vivi imensos anos neste mundo e sei que tu," - ela aponta-me o dedo - "Tu, não és bom para ela!"

"Com todo o respeito, senhora, deixe ser ela a decidir isso."

Ela olha-me intensamente, quase assustando-me, na verdade. Ela dá um passo para a sua direita, deixando-me caminhar para a porta. Toco logo à campainha, tenho de o fazer três vezes até que ela fale.

"Credo! Calma! Sim?" - ela fala, nada animada.

"É o Alex." - murmuro

O silêncio instala-se. Nenhum de nós fala. Até que eu quebre o silêncio.

"Alexander Raym-"

"Eu sei quem és." - sei que revirou os olhos - "Se veio ver se eu estava bem, estou. Obrigado e boa noite."

"Danaë. Abre a porta."

"Não."

O olhar da sua vizinha está em mim, como se me estivesse a tentar dizer que me avisou.

"É rápido. Prometo."

"Não." - ela repete - "Eu não quero." 

"Deixa-me falar contigo e depois eu vou-me embora, nem tens de me responder."

"Não. Não sou obrigada a fazê-lo, não estou no meu posto de trabalho e...." - ela para de falar durante uns segundos - "O meu horário de trabalho terminou."

"São dois minutos."

"Adeus." - um som esquisito prova que ela já não me está a ouvir.

"Ela decidiu." - a sua vizinha estúpida comenta

Danaë's P.O.V.

"Sim, e aceitou as férias. Comprei o bilhete para o dia vinte e dois." - a campainha toca

"Ah, tão bom! O teu pai pensava que não vinhas!"

"Porquê? Vou sempre." - pego nos meus chinelos

"Porque foste de férias este fim-de-semana, pensávamos que tinhas gasto muito dinheiro." - a campainha volta a tocar

"Eu vou, mãe. Olha vou ter de desligar. Falo contigo amanhã."

"Está bem, querida. Beijo grande."

"Para vocês também." - desligo no momento em que tocam pela terceira vez - "Credo! Calma! Sim?" - pego no telefone da campainha

"É o Alex." - ouço e o meu coração parece parar

Não sei o que fazer por isso fico em silêncio. Durante algum tempo

"Alexander Raym-"

"Eu sei quem és." - reviro os olhos - "Se veio ver se eu estava bem, estou. Obrigado e boa noite."

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