Capítulo 22

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Um telemóvel a tocar acorda-me, sei que é de Alexander, por isso não abro os olhos. Sinto-o mexer-se e aperto mais a minha mão na sua, para que ele não a largue.

"Raymond." - ouço-o - "Merda! Sim, eu sei, pai. Ouve, invente uma desculpa. Diga que estou preso no trânsito... Certo! Vou já." 

Ele levanta-se da cama e a sua mão deixa de tocar na minha.

"Desculpa." - falo, abrindo os olhos

"O quê?" - ele pergunta, enquanto calça os sapatos

"Tu avisaste que tinhas uma reunião e eu-"

"Eu esqueci-me de meter o despertador. A culpa não é tua." - ele conta

"Podes passar cá à tarde?"

"Hoje não. Tenho coisas combinadas." - ele pega no seu blazer

"Oh. Ok." - sorrio-lhe

"Bem, uhm... depois falamos."

"Sim." - assinto

Ele sai de minha casa e eu sinto-me como uma tonta a olhar para a porta do quarto, a sorrir. Zoey aparece de repente e eu solto um grito.

"Credo, Dana! Sou só eu!" - ela avisa

"O que é que estás aqui a fazer? De pijama?"

"Eu quis mesmo dizer pôr-do-sol, desta vez. Cheguei a casa às duas da manhã e vi aquele dinheiro na tua cama, queres explicar?"

"Estava apenas com medo e ele ficou."

"As paredes dos quartos são bastante finas, queres que eu ignore o barulho que a cama fez? Eu até acho que ouvi um gemido."

"Não!" - sento-me na cama - "Foi apenas um beijo!"

"O quê? Eu estava a brincar! Eu não ouvi nada!" - ela corre e salta para cima da minha cama - "Ele beijou-te?"

Olho para ela, um pouco chateada.

"Parva."

"Conta lá!" - ela pede

"Foi apenas isso. Um beijo." - encolho os ombros

"E como é que tu te sentes?"

"Sinto que tu não conheces nem um pouco do Alexander." 

"O quê?"

"Estivemos a falar. Sobre as nossas famílias e tal. Ficas a saber que ele não é um mulherengo. Ele é bastante simpático e carinhoso na verdade."

"Eu vi o quão carinhoso ele foi no sofá de sua casa." - ela revira os olhos - "Foi tão violento que senti que me ia partir alguma coisa, mas hey! Foi muito bom! Muito bom mesmo. Não fazes ideia."

Abano a cabeça e coloco ambos os meus pés no chão. O meu tornozelo ainda dói, mas menos. Tenho de andar com um pé em picos de pé.

"Não está torcido." - falo

"Eu quero saber do Alexander agora, Dana."

"Se calhar estava apenas pisado ou assim. Porque passaram-se dois ou três dias e a dor parece estar a diminuir." 

Quando saio do quarto consigo ver o meu telemóvel sobre a mesa e é aí que me lembro de Dean. Pego no mesmo e procuro o número de casa dos meus pais. Toca por volta de cinco vezes até que a minha mãe atenda.

"Hey, mã. Podes passar ao Dean?" - peço

"Claro." - ela responde - "Dean!" - ela grita, nada contente. - "A tua irmã." - ela avisa

O SucessorOnde histórias criam vida. Descubra agora