Capítulo 29

641 55 4
                                    

"Eu já te desejo há demasiado tempo."

"Não me conheces há demasiado tempo." - relembro-lhe

"Conheço-te há tempo suficiente."

Solto um suspiro e cruzo as pernas. Um empregado vem até nós e Alexander pede um prato qualquer que inclui lagosta. 

"A minha situação com o Cal ainda é muito fresca, eu não me quero meter em mais nada até ter a certeza de tudo." - interrompo a refeição para falar o que ia na minha mente

"Certeza de quê?"

"De que ninguém me faz o mesmo que o Cal me fez." - respondo - "O Dean conseguiu com que a imagem desaparecesse da internet, porque... eu sou uma ninguém. A foto não tinha sido muito partilhada, mas sempre assim, a foto existiu. E algures, alguém ainda a tem."

"Tu achas que eu seria capaz de fazer a mesma coisa que o teu ex fez?" - ele pega no guardanapo

"Ele não é meu ex. E eu pensava que conhecia bem o Cal, mas vê bem o que ele fez, Alexander! Eu não vou passar pelo mesmo. Quero estar sozinha. Não quero romance, amantes ou namorados. Quero-me a mim mesma e ponto final."

"Eu não vou discutir contigo sobre o que tu queres. Vou respeitar a tua decisão." - ele continua a comer

"Obrigado." - faço o mesmo

Depois do jantar, Alexander paga e o carro já está de novo à frente da porta. Alexander aceita as suas chaves, do homem e entra no carro. Junto-me a ele.

"Podes vir na mesma a minha casa ou isso também está fora de questão?"

"Fazer o quê?" - olho para ele

"Tomar um café."

"Não bebo café."

"Chá?"

Não respondo e pela a estrada que ele está a usar, sei que levou o meu silêncio como um sim. Ele estaciona o carro no parque subterrâneo e desliga-o. Ambos ficamos parados a olhar para a parede à frente do carro. Ele vira o seu anel, que se encontra no indicador, com o polegar.

"Obrigado pelo jantar." - falo, não olhando para ele

"Foi um prazer."

Ele finalmente liberta-se do cinto e eu faço o mesmo. Saímos do carro e cainhamos, juntos para o elevador. A música de elevador é horrível, como sempre. Olho para ele, que está encostado à parede, com a ponta do pé direito contra o chão, atrás do seu pé esquerdo. Ele tem os braços cruzados e está a olhar para mim também. Eu estou no outro canto do elevados, com as costas no espelho e as ambas as minhas mãos a segurarem a minha mala. O seu cabelo está puxado para trás, o que me faz ter a perfeita visão para os seus olhos. Os seus lábios separam-me, apenas por alguns milímetros, mas prova-me que ambos queremos a mesma coisa.

A minha respiração acelera, só de olhar para ele. É o toque do elevador, a avisar que chegamos ao andar, que quebra esta tensão. Ele deixa-me sair em primeiro e espero por ele à frente da sua porta, a única porta deste andar na verdade. Ele pega na chave e abre-a. 

"Sabes uma coisa?" - viro-me para ele, caminhando de trás.

"O quê?" - ele fecha a porta

"Nunca me mostraste a tua casa. Estive aqui duas vezes e nem direito a uma visita guiada tive."

Ele deixa a chave sobre a comoda de espelho, ao lado da porta e ri-se.

"Vem." - ele estende a mão - "Vou-te mostrar a minha casa."

O SucessorOnde histórias criam vida. Descubra agora