Capítulo 25

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"Eu lamento muito, D.J."

"Dizes isso sempre. Tu não tens de lamentar nada! Não foste tu. Foi ele."

"Eu sei, mas também o sinto."

"Eu sei, pequena. Eu sei. Bem, o Owen está a chorar. Vou ter com ele. Marcamos qualquer coisa para breve?"

"Sim!"

"Porta-te bem, Danaë. E pensa no que te disse sobre o quebra-nozes."

"Quebra-nozes?" - riu-me

"Alexander Raymond."

"Eu penso." 

Terminámos a chamada e bato com a cara no cobertor. Penso em soltar um grito, mas Zoey é capaz de vir a correr e pensar que alguém está a fazer mal a alguém. Prefiro não fazer nada, apenas aguentar tudo cá dentro.

A noite vem e o sono também. Acabo por adormecer na sala, enquanto estava a ver um filme com Zoey. Quando acordo, sinto-me coberta e sei que foi Zoey que me cobriu. Olho para o aparelho da televisão, vendo que são cinco e um quarto da manhã. Levanto-me do sofá e o meu corpo obriga-me a baixar ao sentir a dor no meu tornozelo. Caminho, mancando, até ao quarto e deito-me na cama. Conseguindo voltar a adormecer. 

"Honestamente, estou tão contente por estares de volta." - Beau diz quando nos encontramos no elevador 

"Também estou."

"Eu não sabia que tu e o Cal tinham uma cena." - ele mostra-se um pouco afetado por não lhe termos contado

"Desculpa não te ter contado, Beau. Não foi por mal, apenas não queríamos contar a ninguém porque não podíamos estar juntos, tu sabes... o contrato."

"Ninguém sabia?"

"Não." - abano a cabeça - "Se fosse por mim eu nunca teria começado, mas eu não poderia adivinhar que ele fosse fazer tal coisa."

Cal era a melhor pessoa para mim, ele fez me acreditar que roubava o sol e a lua por mim. Ele fez-me acreditar em tantas coisas que eu até conseguia imaginar um futuro com ele, mas neste momento, nem o quero ver à minha frente. Ele mete-me medo. Do dia para a noite, ele mudou. Eu gostava de Cal, não o amava, mas gostava dele. Poderia vir a ama-lo um dia, na altura, mas agora, tudo o que consigo é odia-lo.

"Foi horrível. Sem dúvida." - as portas abrem no rés-do-chão

"Podemos esquecer tudo isto? Podemos fazer de conta que nada disto aconteceu?" - saímos do elevador, para a receção, onde Valentina me mandou esperar

"Eu quero saber como é que tu vais andar para trás e para a frente a andar dessa maneira."

"Eu estou melhor." - aponto - "Muito melhor. Daqui a alguns dias já nem sinto nada."

"Vem aí o diabo." - ele avisa e olho para trás vendo Valentina a caminhar até mim

"Não é assim tão má, sabes?"

Valentina sorri-me, carinhosamente.

"Bom dia, Danaë." 

"Bom dia." - sorrio-lhe de volta

"O teu novo posto vai começar da melhor maneira."

"A sério?" - começo a ficar entusiasmada

"Jackson Raymond pediu para ser o teu primeiro hospede oficial no teu novo posto."

"Oh, boa." - ouço Beau, atrás de mim

Suspiro. Ela aponta para os elevadores e eu assinto.

"Suite setecentos e trinta e três." - ouço-a

O SucessorOnde histórias criam vida. Descubra agora