Capítulo 92

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"O que é que se passa?" - ela larga a sua caneta sobre a mesa

"Posso te fazer uma pergunta? Tipo... pessoal?"

"Acho que sim." - toda a sua atenção cai em mim

"Tens namorado?"

"Mais ou menos." - ela sorri

"Confias nele?"

"Claro que sim."

"Uma relação sem confiança... não é relação."

"Não." - ela abana a cabeça - "Uma relação baseia-se na confiança."

"Era só isso." - assinto com a cabeça

"Tu e o teu namorado não estão bem?"

"Eu achava que estávamos, mas... não." - abano a cabeça - "Eu vou acabar com ele."

"O quê?" - ela abre a boca em choque

"Eu sei. Mas é para o bem dele. Ele vai entender." - levanto-me

"Tu tens a certeza do que estás prestes a fazer? Pensava que amavas o rapaz."

"Amo. Amo mesmo, mas tem de ser. Para o bem dele." - viro-me, saindo do escritório.

Na hora de almoço, vou ter Beau. Ele fala-me de um carro novo que quer comprar. Eu finjo-me interessada enquanto penso em mil e uma maneiras de como vou acabar com Alexander. Eu amo-o e a ideia de ir viver com ele estava a agradar-me imenso, mas a Penelope tem razão. Eu apenas vou estar a destruí-lo. Aos poucos.

Ele merece melhor. Ele merece alguém que lhe deia tudo. Ele merece tudo! 

"Dana!" - Beau chama-me

"O quê?"

"Estás ouvir o que te estou a dizer?" - ele pergunta

"Desculpa. Estava a pensar no trabalho que ainda tenho de fazer." - minto

"Vida de rica." - ele ri e eu junto-me a ele

"Quem me dera." 

"É o diamante que pesa?" - ela pega-me na mão

"Não." - abano a cabeça - "Este é bonito. Vê bem."

"Quem me dera ter alguém que me desse um anel destes. Quem me dera ter alguém." - ele larga-me a mão.

"Tu vais arranjar alguém, Beau. O teu príncipe encantado."

"É. É. Essa ideia já se foi. Tenho quase trinta anos e o que mais me agrada à noite é a minha mão."

"Informações a mais, Beau." - faço uma careta

"Desculpa." - ele pede, mas não se sente culpado de nada.

"Eu pensava que estavas a pensar adotar uma criança..."

"E estou, mas se calhar pai solteiro não será a minha cena."

"Tu não sabes." - bebo um pouco do meu Iced Tea - "Tenta. Tens vinte e nove anos e sempre quiseste ser pai."

"Mas eu pensei que fosse ter alguém quando chegasse a esta idade."

"Aguenta, Beau. Eu também pensei muita coisa e-"

"Tu estás com a porra de um bilionário todo bom, Danaë."

Claro que ele não iria perceber. Ninguém iria, porque ninguém sente o que eu sinto. Ninguém percebe a dor que eu senti quando o meu pai agredia a minha mãe e o meu irmão à minha frente. Quando o meu cabelo era puxado, apenas porque sim. Quando ouvia os gemidos das mulheres, no andar de baixo, e ao mesmo tempo ouvia o choro da minha mãe. Ninguém percebe o quanto eu queria que o meu pai se fosse naquela altura. Ninguém entende o quanto eu desejei que aquilo acabasse. 

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