Henrique Winter...
A Rodrigues não estava bem isso se percebia a quilômetros. Ela estava aérea desde o momento que saímos da biblioteca. E iria descobrir o que de fato estava acontecendo. Ela não queria contar e talvez só fosse o meu lado profissional falando. Assim que a deixei fui para o trabalho. Tive todos os atendimentos e as horas passaram voando. Mas ainda meu pensamento estava no que estaria acontecendo com a Milena que ela não me contaria? Talvez fosse apenas cansaço como a própria alegou, mas eu sentia que tinha algo mais, sou um bom observador, vejo os sinais corporais e como ela estava tensa pensando em algo, não cabia a mim questionar quaisquer tipo de coisa a ela, não queria me intrometer no que ela não sentia adepta a dizer. A respeitaria seu momento até por que acho que seja algo bem passageiro. Sair para almoçar com o Bryan.
- Boa tarde. - Respondi assim que cheguei o encontrando. Puxei a sua cadeira sentando ao seu lado.
- Boa tarde. - Disse. Achei estranho quando o ele me ligou me chamando para almoçar. Tinha certeza que algo havia acontecido. Conheço o meu irmão o suficiente para saber disso.
- Então o porquê do convite? - Indaguei. Sentia a ansiedade do meu irmão de longe algo não estava indo bem e disso eu tinha certeza.
- Tive uma conversa séria com o Talles. - Contou. Por que tinha a impressão que essa conversa iria acabar com o meu bom humor.
- O que foi a pauta da conversa? - Perguntei. O garçom se aproximou nos entregando o cardápio. Agradeci já que o homem a minha frente parecia preocupado demais. O que tinha acontecido nessa conversa?
- Como você viu. Chamei a Magali para ir à festa comigo, a mesma produtora de evento que conheci no evento beneficente onde fui leiloado. - Comentou. Primeiro vamos ao rodeio ao invés de ir direto ao ponto.
- Vai me dizer que ele deu em cima dela também? - Perguntei, não duvidava disso mesmo que ambos fossem amigo.
- Não, ele é louco, mas nem tanto assim. O que eu quero dizer é que tenho certeza que o Ferraço não vai desistir da aluna com a qual você está namorando. - Falou. Respirei fundo para me conter. Parecia que o Ferraço é louco sim e eu podia fazer o laudo. Minha impressão estava certa. Saber disso só piora as coisas. Não quero ter que me sujeitar a usar da força novamente, sou um homem civilizado embora minha vontade seja totalmente oposta.
- O nome dela é Milena Rodrigues. E sim ele vai. - Rosnei. Não importa os métodos que precise usar para isso.
- Henrique calma, te chamei aqui e estou te alertando como profissional. Mesmo que nunca tenha trabalhado na área de Psiquiatria você concluiu a faculdade e sabe do que estou me referindo. - Completou. Há um tempo. Acho que dois anos o Ferraço se relacionou com uma mulher que não estava preparada para a intensidade que ele tem. Acabou ficando obcecado por ela, na sua casa tinha um quarto só com fotos dela, um templo para adorá-la. Foi um baque quando ela descobriu. Acabou terminando com ele e o mesmo ficou internado por meses para se recuperar. E se ele estivesse fazendo o mesmo com a Rodrigues resolveria pessoalmente. Reconheço que ele é uma pessoa doente e com problemas, mas se ele continuar incomodando eu vou me esquecer disso.
- Bryan o que você faria se fosse com a sua mulher? - Perguntei. É fácil dizer calma quando não é alguém com a qual você está envolvido. Sei que isso é uma doença e que ele precisa de tratamento, mas não sou eu quem o fará, além de ser próximo, não vou conseguir me manter profissional quando ele começar me dizer o que se passa na cabeça dele com a minha namorada.
- Eu não tenho a preparação que você tem. Mesmo que você não possa ajudar, eu quero fazer algo ele é meu melhor amigo e não quero ver ele se afundando novamente. - Respondeu. Ele tinha razão. Poderia ver algum profissional que fosse muito bom na área.