Milena Rodrigues...
Estou deitada, abraçada pelo Henrique e nem sei que horas são na verdade, depois de chegar aqui desabei no sono, não dormi nada na noite anterior foi como se o pesadelo se repitisse e se repitisse mil vezes em minha cabeça. Minha mãe mostrou que não existe o tempo que se passe ela nunca vai entender como me sinto em relação ao monstro do Simões. A verdade é que por mais tempo que passe a imagem do homem que ela pintou ficaria cada vez mais aliçercada em sua cabeça. Respirei fundo puxando os braços do Henrique para que me abraçasse mais, que não me soltasse nunca, o único lugar que eu não quero ter que sair daqui. Ele morde a minha orelha e beija o meu pescoço puxando-me mais.
- O que está acontecendo Lena? – Pergunta. Eu sei que vou ter que contar o que houve ontem. Que deixou-me completamente abalada. Queria realmente não ter passado pela experiência de ficar mais uma vez sozinha com o Samuel. Viro-me para poder encará-lo. Passo a mão por seu rosto tirando o cabelo caído em sua testa, deslizo as mãos por seu rosto e o beijo.
- Sentir sua falta, muito principalmente depois do que aconteceu ontem. – Digo ainda abraçada a ele, preciso desse contato, de sua pele quente, e principalmente desse olhar que me transmite toda confiança possível. Percebo que ele está se controlando. Levanto o olhar sustentando o seu.
- Me diz o que aconteceu ontem. – Pede. Eu imagino o quanto ele deva estar preocupado comigo, de ter me encontrado devastada por ter vindo tirar férias e relaxar e acabar pior do que imaginei. Respiro fundo, sabendo que vou ter que contar o pesadelo que passei ontem.
- Desculpas ter te ligado daquela maneira sabia que te deixaria preocupado, mas ontem foi um dia horrível. – Respondo. Ele me olha paciente, como se pudesse entender qualquer coisa que eu dissesse e eu sei que ele vai entender, um Psicólogo tão renomado já deve ter ouvido barbaridades e aposto que casos parecidos com o que passei ontem.
- Não se desculpe. Estou preocupado e quero entender o que aconteceu! – Exclama deslizando as mãos por minhas costas deixando-me ainda mais presa em seus braços. Beijo o seu tórax por cima da camisa sentindo o seu cheiro, sabendo que tudo vai se resolver da melhor maneira possível.
- Sair pra jantar com minha mãe e a Cinthia, conheci o meu cunhado e ele é maravilhoso não imagino que alguém possa amar e cuidar dela como o Heitor.Foi tudo perfeito relembrei os momentos do passado. – Desabafei lembrando dos momentos bons antes de chegar em casa e ficar trancada em meu quarto com o Samuel.
- O que aconteceu que te deixou abalada? Você é uma mulher tão forte que imagino que tenha sido algo muito grave. – Afirma. Não tem como não se sentir um pouco mais aliviada depois de passar essas poucas horas aqui, sabendo que ele me ver como uma mulher forte.
- Quando entrei em meu quarto o meu ex estava lá. Minha mãe deixou ele entrar e me aguardar. Ela tem um tipo de admiração por ele. Pensa que é o homem da minha vida. E estou fazendo um erro. – Conto. Sei que pro Henrique não deve ser nada fácil ouvir isso, mas principalmente pra mim não é a coisa mais fácil. Saber que a minha própria mãe coloca um ser asqueroso em meu quarto e vai dormir tranquilamente com a certeza que eu e aquele monstro vamos ficar bem. Ou pensar na hipótese que eu voltaria pro inferno que eu vivi com ele. E no momento estou com raiva de mim mesma por ter sido tão burra ao ponto de nem desconfiar do que minha mãe poderia fazer. E fez.
- Ele te fez mal? – Indaga alterando o tom da sua voz. Mordo o lábio inferior para conter o choro. Eu não posso cair agora. Fecho os olhos para poder voltar a mim. O Winter merece saber principalmente depois de toda confusão que eu causei em um momento de angustia. Mas mesmo assim se eu não tivesse ligado, eu contaria, não conseguiria esconder algo tão cruel.