III

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Estávamos rodando pela cidade há quase meia hora e até agora Lucas não disse aonde vamos. Abner mandou mais umas vinte mensagens, disse que houve um contratempo, mas que sairíamos amanhã sem falta, não respondi nenhuma dessas mensagens. Reviro os olhos e afundo no banco do passageiro, olho pela janela e Lucas para o carro em um sinaleiro.

— Está tudo bem? — disse ele.

— Na onde está me levando? — pergunto baixo sem olhar para ele.

— É segredo. — ele respondeu.

— Me leva para casa. — peço. — Por favor. — olho para ele.

Lucas não responde nada, apenas segue em direção de casa, mas ele para em frente ao restaurante, que já estava com as cortinas abaixadas e as luzes apagadas. Abro a porta do carro e vou em direção da rua, mas sinto Lucas segurar meu braço.

— O que foi agora? — viro-me para ele. — Você me chama para sair, não diz para onde está me levando, roda a cidade toda e quando me deixa em casa, não quer que eu vá embora?

— Fazia tudo parte do plano. — ele sussurrou. — Desculpa.

— Parte do plano? — olho para ele sem entender.

— Vem.

Ele entrelaça nossos dedos e me puxa em direção ao restaurante.

— Está fechado, Lucas. — reviro os olhos enquanto vou com ele.

— Se eu abrir a porta, ele estará aberto.

Ele solta minha mão, Lucca pega a chave em seu bolso e ele abre a porta da frente.

— Meu pai sabe disso? — entro no restaurante e vejo várias velas acesas e pétalas de rosas espalhadas pelo lugar.

— Boa noite, senhores. — disse meu pai vindo em nossa direção. — Vou servi-los hoje.

— O que está acontecendo? — pergunto cruzando os braços.

— Para de ser chata, e relaxa. — disse Lucas parando na minha frente. — Vem comigo? — ele estende sua mão.

— A comida está esfriando! — escuto Cinthia gritando da cozinha.

— Tudo bem. — suspiro e pego em sua mão. — Vamos. — sorrio levemente.

Sigo papai até chegar a nossa mesa, a única mesa no meio do salão, Lucas puxa a cadeira para mim e ele se senta na minha frente, tiro meu sobretudo e coloco em cima de uma cadeira do lado. Meu pai trouxe um suco de uva para nós e meus remédios.

— Pai, traz uma bolsa de gelo, por favor. — peço baixinho.

— Claro, meu amor. — disse ele saindo de perto de nós.

— Você está bem? — Lucas pergunta.

— Sim, é só o braço que voltou a doer. — sorrio fraco. — E você?

— É impossível me sentir mal ao teu lado. — ele respondeu sorrindo, aquele sorriso maravilhoso.

— Assim me deixa sem jeito. — respondo.

— Você fica tão fofa assim. — ele pega em minha mão que estava em cima da mesa.

Olho para ele sorrindo, Lucas acaricia as costas da minha mão e enquanto seus olhos permanecem nos meus.

— Olha só o que eu trouxe. — disse papai se aproximando, puxo minha mão e papai nos encara. — Sua bolsa de gelo.

Pego a bolsa de gelo e puxo a manga da minha blusa, coloco a bolsa sobre meu pulso e começo a fazer uns momentos de abre e fecha com os dedos.

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