Mariposa

Vigésimo Sexto

Acreditem ou não, mas quando Lucas chegou em casa suas roupas estavam em sacos de lixos espalhados pela casa inteira. Ele ficou super mal por isso, mesmo assim marcou outro jantar com nossas famílias, dessa vez em casa. É bom ter a certeza que o arroz não estará salgado e nem a batata crua, e a priminha não estará presente pois já foi embora. Lucas conversou com seu pai e ele também vira para o jantar, ele, Sula e a mãe de sula. Não sei se isso me acalma ou me deixa mais ansiosa ainda.

O jantar será hoje à noite e passei o dia todo limpando e arrumando a casa, fui no Maycon dias atrás para que ele pudesse me examinar, descobri que já estou no segundo mês e iniciei um novo tratamento mais leve com algumas vitaminas inclusas, ele disse para ter cuidado pois há chances da gravidez ser interrompida e não queremos isso. Priscila entrou no seu sétimo mês de gravidez, ainda não foi revelado o sexo do bebê, ela está muito ansiosa para saber, mas vai fazer um chá revelação no começo do mês que vem.

Papai e Cinthia estão terminando de cozinhar, meu sogro está hospedado aqui em casa, afinal meus sogros não se dão bem. Sula ficou com Priscila no quarto e Lucas continua com sua mãe, daqui a pouco eles chegam e eu ainda tenho que me arrumar. Sinto que meus pés vão explodir a qualquer momento, me sento na cama e logo acabado me deitando. Respondo a mensagem de Lucas e bloqueio o celular, fecho os olhos e suspiro fundo. Minha maior vontade nesse momento é dormir, dormir o resto da noite e só acordar amanhã com todos os problemas resolvidos.

- Mari? - ouço Sula bater na porta. - Posso entrar?

- Pode. - Digo alto para que ela ouça. - Deita aqui comigo.

Ela se deita ao meu lado, abro os olhos e viro para ela.

- Qual o motivo desse jantar mesmo? - ela me olha, nem Sula nem meus sogros sabe da gravidez.

- É surpresa, já falamos. - Sorrio olhando para ela.

- Algo que diz que vou ser tia. - Ela me olha desconfiada.

- De onde tirou isso? - me sento na cama.

- Seu rosto está diferente, você está um pouco diferente. - Sula também se senta na cama. - Pode contar a verdade para mim.

- Acho que teu irmão queria contar isso. - Me levanto, Sula continua me olhando. - Não fale a ninguém, por favor.

- MEU DEUS! - ela se levanta e me abraça. - Eu sentia que iria ser tia.

- Finja que não sabe, por favor. - Digo retribuindo o abraço.

Ela deposita um beijo em minha bochecha e vai até a porta, abro a mesma e me olha.

- Fingir que não sei o que? - ela me olha sem entender e eu sabia que poderia contar com ela. - Vá se arrumar.

- Eles chegaram! – disse Cinthia batendo na porta do quarto. – Está pronta?

- Ainda não. – Digo e contínuo parada em frente ao espelho. – Daqui a pouco eu desço.

- Está tudo bem? – Cinthia continua a falar.

Suspiro um pouco e passo as mãos no rosto.

- Sim, está. – Respondo um pouco seca.

- Qualquer coisa é só chamar. – Disse ela se afastando da porta.

Viro-me de lado e vejo o pequeno volume em minha barriga, passo as mãos pela mesma e sorrio, olho meus seios e sinto o quão doloridos eles estão, meu rosto está um pouco inchado por conta da alteração dos remédios.

- Mariana? – Ouço Lucas. – Posso entrar? – Ele roda a maçaneta, mas espera minha resposta.

- Pode. – Digo baixo. – Vem ver. – Olho para ele através do espelho.