Sexto

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Desço do carro de Lucas assim que ele para em frente do restaurante de papai, olho pela janela do carro e vejo Priscila sentada na mesma mesa que a namorada de Abner, esqueci que elas eram amigas. Sorrio para Lucas e abro a porta ao mesmo tempo que ele também abre a porta, saímos do carro e ele faz questão de pegar minha bolsa e abrir a porta do restaurante para que eu entre.

- Obrigado mocinho. – Sorrio fraco e entro no restaurante.

- Tem uma maneira de me agradecer. – Ele fala enquanto fecha a porta. – Almoça comigo hoje?

- Você não precisa trabalhar? – olho ele colocando a minha bolsa atrás do balcão de Cinthia.

- Digamos que hoje estou de folga. – Ele sorriu e debruçou em cima do balcão. – Sabe, eu mudei de cargo aqui dentro.

- Sério? – sorrio abertamente. – Que bom. Mas e aí, o que você faz aqui agora?

- Ajudo Cinthia no escritório. – Ele me olha.

- Contabilidade. – Respondo. – Tudo o que você sempre quis.

- Ainda lembra de quando eu queria fazer contabilidade? – ele arqueia as sobrancelhas.

- Claro que lembro, não faz tanto tempo assim. – digo passando para o lado detrás do balcão. – Estou feliz por você. – Abraço ele.

- Mari, você não precisa fazer isso por causa da namorada do Abner. – Ele sussurrou.

- Acha mesmo que eu faria alguma coisa para afetar ela? – solto ele e o encaro. – Por que está tão incomodado assim com essa situação?

Lucas suspira profundamente e olho para baixo.

- Eu simplesmente não entendo, Lucas. – Reviro os olhos e pego minha bolsa. – Vou para casa.

- Não íamos almoçar? – ele me olha.

- Não precisa fazer isso. – Passo por ele e vou até a cozinha.

Peço para que façam uma marmita, pego uma garrafinha de suco de laranja e agradeço o pessoal da cozinha, dou um beijo em papai e outro em Cinthia, passo por Lucas e não digo nada, e ele...também não diz nada.

Já era noite, o restaurante estava lotado. Tão lotado que Cinthia me chamou para ajuda-los, já que Priscila simplesmente sumiu desde a tarde, como já era de se esperar. Coloco meu celular para carregar em uma tomada que ficava atrás do balcão de Cinthia e prendo meus cabelos enquanto vou em direção da cozinha. Sorrio para a equipe e lavo as mãos.

- É nova por aqui? – disse um novato chegando perto de mim.

- O que? – viro-me para ele, enquanto seco as mãos.

- Primeira vez trabalhando aqui na cozinha? – ele me olha.

- Tecnicamente, sim. – Vou até uma bancada e vejo alguns pedidos.

- Você não pode fazer isso! – diz ele pegando os pedidos da minha mão.

- E por que não? – olho ele.

- Novatos apenas varrem o chão. – Ele dá de ombros, enquanto solto uma gargalhada.

- Isso é o que você deveria estar fazendo? – respondo e pego os pedidos da mão dele. – Já cortaram os cogumelos? – pergunto para Vania, uma ajudante do meu pai.

- Quem você acha que é? – disse ele irritado.

Ignoro ele e começo a cortar os cogumelos. Ele vem atrás de mim e pega a faca da minha mão, reviro os olhos e olho para ele.

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