Décimo Sétimo

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Estávamos sentados em volta da mesa, meu avô estava tentando entender o motivo de não termos falado antes sobre a gravidez de Priscila. Lucas estava um pouco cabisbaixo, ele não sabia o que fazer em relação a isso, minha avó estava ao lado vovô segurando sua mão e tentando acalmá-lo, Priscila me olhava um pouco triste.

- Eu realmente queria ter falado. - Ela sussurra.

- Mas não falou. - respondeu meu avô. - Eu estou decepcionado com você.

- Nossa vovô. - Digo levantando-me e indo até Priscila, que estava começando a chorar. - Não precisa falar desse jeito.

- Claro que precisa. – Ele dá uma pausa. - Se Priscila não tivesse saído com todos os homens... - ele começou a falar.

- Ela foi vítima. - O interrompo. - Ela foi vítima de um estupro. É tão difícil de você entender isso?

- Me respeite menina. - Ele se levanta.

- Respeite ela então. - Digo olhando-o. - Vem amor, não precisa chorar.

Lucas e Priscila se levantam, abraço minha irmã enquanto Lucas se aproxima, olho ele e ele confirma com a cabeça.

- Só vamos descansar um pouco e já vamos embora. - Digo olhando para vovó.

- Mas vocês iam ficar dez dias. - disse minha avó se levantando.

- Se Priscila não é bem-vinda nem respeitada aqui, então também não somos. - Digo soltando Priscila.

Meu avô olha para seus dedos e logo após se levanta.

- Não deveriam nem ter vindo. - Ele sai da sala e Priscila volta a chorar.

Vovó a abraça e acaricia seus cabelos. Suspiro fundo e sinto Lucas pegar em minha mão.

- Perdão por isso. - Ele sussurrou.

- A culpa não foi sua. - Sorrio fraco e abraço ele. - Ele teria que saber mais cedo ou mais tarde.

- Mas com calma. - Ele suspirou.

- Você não fez nada de errado. - Digo para ele e deposito um beijo em sua bochecha. - E você também Priscila, não fez nada de errado. - Digo pegando em sua mão.

- É tão bom ver vocês duas unidas desse jeito. - Minha avó sorriu. - Vou preparar alguma coisa para vocês comerem.


Estava pegando uma troca de roupa para ir tomar um banho, Lucas está dormindo e Priscila está com vovó no bosque, decidimos ir embora amanhã cedo já que o caminho é longo e cansativo. Cinthia mandou mensagem, perguntou como estava as coisas e eu contei sobre vovô já saber da gravidez de Priscila.

- Mariana. - Ouço vovô me chamar depois de dar duas batidas na porta. - Está acordada?

- Estou. - Digo abrindo a porta e encostando-a logo a seguir. - Lucas está dormindo.

- Espero não ter acordado ele. - Ele sorriu fraco. - Podemos conversar em outro lugar?

- O que quer conversar comigo? - digo fechando a porta e cruzando os braços.

- Já visitou o jardim? - ele me olhou. - As flores sentiram sua falta e eu também... - ele sussurrou.


- Realmente acha que Priscila foi estuprada? - perguntou ele enquanto olhávamos algumas flores.

- Realmente está me perguntando isso? - devolvo a pergunta.

- Ela já inventou tanta coisa. - Ele suspira. - Só estou preocupado.

- Não acho que ela iria mentir sobre algo tão sério. - Dou de ombros.

- Também não acho. - Ele sussurra.

- Então ficou tão bravo daquele jeito? - olho para ele.

- Estava preocupado. - Ele me olha. - Não é fácil descobrir que sua neta está grávida contra a vontade.

- É difícil de aceitar isso. - Suspiro e me sento em uma cadeira que havia ali. - Ela me contou primeiro.

- Então realmente é verdade. - Ele concluiu. - Ela não iria conseguir mentir para você por tanto tempo assim.

- Por que acha isso? - olho para ele.

- Conheço minhas netas. - Ele dá de ombros. - Priscila consegue mentir para qualquer um, menos para você.

- Enfim, ela não quer ficar com a criança. - Suspiro. - Bom, foi o que ela disse semana retrasada.

- Espera que ela mude de ideia? - ele se levanta.

- Espero. Priscila vai enfrentar muita coisa por causa dessa gravidez e no fim, vai doar o bebê? - olho para ele.

- Mariana, minha filha. - Ele se aproxima de onde eu estava sentada. - Queria te pedir perdão pelo jeito que tratei vocês três hoje de manhã.

- Eu te perdoo vovô, mas não sei se Lucas e Priscila também vão te perdoar. - Continuo olhando para ele.

- Sua avó está fazendo um jantar para hoje à noite, sua tia Jaqueline chega amanhã depois do café. - Ele segura minha mão. - Tome cuidado com a sua prima, ela sempre quis ser você.

- Obrigado vovô. - Sorrio fraco e aperto sua mão de leve. - Acho melhor eu voltar para o quarto, Lucas deve ter acordado.

- Ah, e sobre esse jovem. - Ele se levanta. - Gostei do jeito que ele se posicionou em relação a você e Priscila. Ele é um bom rapaz.

- Fico feliz por isso. - Sorrio e abraço vovô. - Mas acho que o senhor deveria falar isso pessoalmente a Lucas.

- Vou fazer isso, quando for pedir perdão. - disse vovô retribuindo o abraço. - Agora vamos você tem que se arrumar para receber a sua tia.

- E minha amada prima. - Reviro os olhos e sigo em direção da casa.

- Eu espero que vocês fiquem. - Ele sussurra. - Pelo menos por uns três dias.

- Vou conversar com Lucas e Priscila. - Digo assim que entre na cozinha e vejo os dois sentados na mesa com minha avó.

- O que quer conversar? - disse Priscila. - O que estava fazendo com ele?

- Aconteceu alguma coisa? - Lucas de se levantou.

- Boa sorte. - Sussurro e vou em direção de Lucas. - Está tudo bem, vovô quer conversar com vocês.

- Estava preocupado. - Lucas sussurra.

- Eu estou bem. - Sorrio fraco e beijo sua bochecha. - Vou tomar um banho e já desço para comer esses biscoitos deliciosos, vovó. - Digo dando um beijo na testa de minha avó.

Tiro minhas roupas e ligo o chuveiro, passo uma máscara de limpeza no rosto e entro debaixo do chuveiro, lavo meus cabelos e tomo um banho um pouco lento. Escuto a porta do quarto de abrir e fechar logo em seguida desligo o chuveiro e enrolo uma toalha no cabelo depois me seco e me enrolo com outra toalha. Saio do banheiro e vejo Lucas sentado na cama, abro a porta do guarda roupa e pego minhas roupas íntimas.

- Seu avô me pediu perdão. - disse ele.

- Ele também me pediu. - Digo de costas para ele, visto minhas roupas íntimas e tiro a toalha do cabelo.

- Ele disse que sou um bom rapaz. - Ele se virou para mim.

Começo a pentear meus cabelos molhados e sento-me na beirada da cama, sorrio e deposito um selinho em seus lábios.

- O que mais ele disse? - falo segurando seu rosto.

Sinto suas mãos rodeando minha cintura, ele me olha sorrindo e suspira.

- Pediu para ficarmos mais uns três dias. - Ele me olha sério. - Priscila disse que iria falar contigo.

- Você quer ficar?

Lucas me puxa mais para seu corpo e me abraça.

- Eu quero. - Ele sussurrou. - Eu gostei desse lugar, acha que seus avós me aceitariam aqui?

- Quer se mudar para cá? - olho ele.

- Claro, posso trabalhar com seu avô ou em algum lugar na cidade. - Ele me olha. - Não gostou da ideia?

- Não é isso amor. - Me levanto. - Acha que sua mãe vai mesmo te colocar para fora de casa?

Lucas se levanta e confirma com a cabeça, sua expressão é de pura tristeza.

- Tudo isso é culpa minha. - Sussurro. - Perdão por isso. - Faço um coque no cabelo que estava molhado.

- Não pensa nisso amor. - Ele me abraça pela cintura.

- Vamos ficar longe e é tudo culpa minha. - Sorrio fraco e fecho os olhos enquanto abraço Lucas.

- É por pouco tempo, eu prometo. - Ele beija minha testa. - Olha para mim. - Ele pede, e assim eu faço. - Assim que você terminar a faculdade, nós vamos morar juntos, vamos construir a nossa família no nosso cantinho.

- Promete? - dou uma pausa. - Pelo mindinho? - ergo meu mindinho direito.

- Por todos os mindinhos do mundo inteiro. - Lucas entrelaça nossos dedos e deposita um beijo em meus lábios. - Eu amo você. - Ele sussurrou.

MariposaOnde histórias criam vida. Descubra agora