Vigésimo Nono

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Abro os olhos lentamente, viro-me de barriga para cima e fico encarando o teto, hoje é o chá revelação de Priscila, ela queria adiar por conta do aborto que tive, mas eu não permiti que fizesse isso. As coisas já estavam encomendadas e arrumadas, não valeria a pena cancelar tudo por minha causa. Priscila está super ansiosa, além de ter o chá revelação hoje, um homem vai vir conversar com papai para poder namorar com Priscila.

Sula ainda está aqui em casa, meu sogro foi embora anteontem, disse que tinha alguns assuntos para resolver, minha sogra ficou muito abalada quando soube o que aconteceu, ela estava presente no enterro e permaneceu ao lado de seu filho. Papai decretou luto de dois dias no restaurante, hoje eles irão abrir normal estou pensando em ficar com eles o dia inteiro, acho que se ficar em casa eu irei atrapalhar mais ainda.

Pego meu celular e vejo uma mensagem de Lucas dizendo que iria comprar um presente para Priscila mas que logo iria vir me ver, respondo a mensagem e levanto da cama indo em direção do banheiro, tomo meus remédios da última receita que Maycon passou e já escovo os dentes, tiro minha camisola e tomo um banho morno, amanhã começa o verão e no fim de semana vamos para praia. Lavo meus cabelos e passo um esfoliante no rosto, deixo agir enquanto tomo banho e logo depois já retiro, desligo o chuveiro e enrolo meu cabelo em uma toalha e me seco em outra, saio do box do banheiro e visto minhas roupas intimas, passo um creme hidratante no corpo e um creme próprio para o rosto. Saio do banheiro com a toalha no cabelo e vou em direção do guarda roupa, escolho um vestido fresquinho e visto ele, tiro a toalha da cabeça e penteio meus cabelos.

Saio do quarto com o celular na mão e desço as escadas indo em direção da cozinha, Cinthia estava terminando de fazer panquecas, abro a geladeira e pego uma jarra d'agua coloco um pouco de água no copo e bebo um gole.

- Você tem a mesma mania do seu pai. – Disse Cinthia me olhando.

- Isso é bom? – Sorrio e olho ela. – Dizem que beber água em jejum faz bem à saúde.

- É o que dizem. – Ela me abraçou. – Como está se sentindo hoje?

- Bem. – Retribuo o abraço. – Na medida do possível.

- Sabe que pode chorar seu luto sem ter vergonha do que vão achar. – Ela sussurra.

- Eu sei, mas não preciso fazer isso toda hora. – Olho ela. – Estou bem mal por dentro, mas hoje é um dia feliz.

- Tem certeza de que vai ficar para o chá? – Ela acaricia meus cabelos molhados. – Caso você não quiser participar, nós entendemos.

- Eu quero participar. – Respondo e termino de tomar minha água. – Prometi isso a Priscila.

- Tudo bem. – Cinthia desligou o fogo. – Ela ainda não levantou, vou deixa-la dormir mais um pouco.

- Dormir é maravilhoso. – Digo me sentando, coloco uma panqueca em meu prato e jogo calda de caramelo por cima, dou uma garfada e olho para minha madrasta. – Eu amo suas panquecas.

- Você ama qualquer tipo de comida. – Respondeu ela gargalhando.

- Exato. – Dou mais uma garfada.

Atravesso a rua e vou em direção do restaurante que parecia estar com os mesmos clientes de sempre, todos os dias de manhã o pessoal das empresas passam no restaurante para tomar café, o que é ótimo para aumentar a "fama" do restaurante. Abro a porta e entro no mesmo, realmente está se enchendo de gente, pessoas com trajes formais, alguns homens com uniforme de uma empresa de doce que ficava na entrada da cidade, umas professoras que sempre vinham tomar café antes de irem dar aula, todos estavam ocupados demais para perceber minha presença ali. Vou em direção do balcão e vejo Anderson anotando algumas coisas em um pedaço de papel, sorrio para ele e o mesmo me abraça.

MariposaOnde histórias criam vida. Descubra agora