Sexagésimo Primeiro

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- O que está acontecendo, Catarina? – digo assim que entro no porão e Catarina fecha a porta logo em seguida.

Sebastian foi em direção de uns banquinhos que haviam ali, e se senta com seu irmão no colo. Catarina olha em redor e vê uma cadeira um pouco afastada, ela pega a cadeira e coloca contra a maçaneta, impossibilitando que a porta seja aberta.

- O que está acontecendo, Catarina? – pergunto novamente, mas não tenho resposta, outra vez.

- Avise seu Daniel que já estamos no porão. – disse Catarina vendo se havia outra passagem.

- O QUE ESTÁ ACONTECENDO? – Acabo gritando, já estava ficando nervosa com aquela situação. – Quem é tão perigoso assim para que meu jantar revelação fosse interrompido deste jeito?

- Geovane saiu da cadeia. – Catarina me olha. – Seu Daniel pensou que ele fosse atrás de você e ter ficado aqui na cidade foi uma ótima opção, até o momento.

- Por que não me falaram nada? – Olho ele. – E você sabia, por que não me falou?

- Não queríamos te deixar preocupada, isso poderia afetar os bebês. – Ela suspira. – Desculpa senhora.

Passo minhas mãos pelos meus cabelos e fecho os olhos. Geovane voltou e só de pensar nisso, meu corpo inteiro estremece. Pego meu celular e mando mensagem para Daniel, avisando que estava tudo bem e perguntando como estava as coisas.

- Senta um pouco, Mari. – Catarina aponta para uma cadeira. – Ele não tem acesso ao porão, Geovane não vai entrar aqui.

- Vocês têm certeza disso? – Olho ela. – A mesma certeza de que ele não viria mais atrás de nós.

Sebastian ainda segurava seu irmão, que dormia profundamente, ele me olhou e sorriu fraco.

- Vai ficar tudo bem, tia Mari. – Ele sussurra. – Só temos que ficar quietinhos.

- Eu fico tão admirada com a inocência das crianças. – Digo e começo a andar.

Andar sem rumo, andar em círculos e em passos curtos, não iria conseguir ficar parada. Além do medo que estava sentindo, lá no fundo eu estava com um pouco de raiva por não terem me falado que Geovane havia sido solto. Era a minha vida que estava correndo perigo e eu nem sabia disso.

- Ouviu isso? – Catarina sussurra, ela já estava sentada ao lado dos filhos. – Dona Mari.

- Eu ouvi mamãe... é a polícia. – Sebastian sussurrou também.

Sinto meu celular vibrar, pego o mesmo e vejo uma mensagem de Daniel.

"Está tudo bem aqui, amor."

"Em pouco tempo iremos nos ver novamente."

- Eu disse que iria ficar tudo bem. – disse Catarina. – senta um pouco, mulher.

- Acha que algum dia Geovane vai desistir de vir atrás de mim? – Suspiro e me sento em um banquinho que estava perto de Sebastian.

- Espero que sim, Mari. – Disse ela passando a mão no cabelo de seu filho mais velho.

- Já vamos ir embora daqui? – Perguntou o menino.

- Daqui a pouco meu amor. – Ela sorriu.

Estávamos há quase uma hora dentro do porão, e nada de Daniel vir nos buscar ou de responder minhas mensagens. Mais uma vez eu estava fugindo de um doido que não aceita minhas escolhas, eu estou cansada de não conseguir resolver meus próprios problemas. A única coisa que eu quero, a única coisa que eu preciso, que qualquer pessoa precisa, é ter paz para viver sem se preocupar se fulano ou ciclano vai aparecer pra te pegar.

MariposaOnde histórias criam vida. Descubra agora