Hoje completa duas semanas da minha fuga, duas semanas que estou internada por causas dos ferimentos da bala que me acertaram. Conseguiram prender Geovane e ao ficar sabendo disso, Scott procurou a polícia e se entregou. Quando voltei para casa, naquela noite, Raphael e Daniel estava prestes a ir para cidade vizinha onde disseram que me viram andar pelas ruas. Se eu tivesse demorado mais alguns minutos, todo meu esforço teria sido em vão e Geovane teria me matado.
O médico disse que a bala que acertou minha coluna quase tirou o movimento das minhas pernas, e foi por isso que não sentia mais as mesmas, porém com fisioterapia tudo iria melhorar. Thomas e Mathias estão inconformados com a conduta que Scott teve ao aceitar participar do plano de Geovane, afinal foram eles que me apresentaram Scott. Daniel está se sentindo culpado por ter ido a tal reunião aquele dia, não tinha tanta necessidade da presença dele, mas eu insisti para que ele fosse, afinal ele que formou o projeto que estava em pauta.
- Como está se sentindo hoje? – Disse Daniel se sentando ao meu lado na cama.
- Melhor que ontem. – Sorrio fraco e dou espaço a ele na cama.
Daniel se ajeita do meu lado e passa seu braço ao redor do meu corpo, sua mão começa a acariciar meu cabelo enquanto me escorro em seu corpo.
- Tem alguma coisa te incomodando? – Pergunto a ele. Dani estava quieto demais.
- O que aconteceu entre vocês dois na cabana? – Ele disse baixo. – Geovane me mandou uma carta da cadeia e disse que você se declarou a ele.
- Fazia parte do plano. – Respondo. – Teve um dia que eu percebi que estava perto de casa e que eu iria conseguir fugir, mas ele queria me levar embora. – Dou uma pausa e olho ele. – Fiz uma torta de maracujá, porque iria faze-lo dormir e fingir estar do lado dele.
- Vocês chegaram a...? – Ele me olha.
- Eu disse que estava menstruada. – Sorrio fraco. – Mas nós nos beijamos. – Digo baixo. – Eu tinha que fazê-lo acreditar e confiar em mim, ao ponto de dormir na cabana.
Daniel continua me olhando, mas não respondeu nada, levou sua mão ao meu rosto e acariciou de leve, se inclinou em minha direção e depositou um beijo em meus lábios.
- Estou feliz por você ter conseguido fugir. – Ele sussurrou.
- Não está bravo por conta do plano? Eu me senti mal com isso. – Assumo. – Queria te pedir perdão por isso.
- Não estou bravo e não tenho nada para perdoar, mas se isso vai te fazer sentir melhor... – Ele sorriu. – Eu te perdoo Mariana e eu amo você.
- Eu amo você. – Sussurro e fecho os olhos. – Se importa se eu dormir de novo?
- Claro que não amor. Fique à vontade. – Ele deposita um beijo na minha testa e começa a cantarolar uma música que gostávamos bastante.
A bala que acertou meu braço, não fez muitos estragos. Na verdade, por Deus, ela não pegou em nenhum músculo, veia ou osso. Agora meus dois braços estão ferrados, por mais que as injeções estão dando bons resultados, não poderei fazer esforço por um bom tempo.
Senhor Hall veio me visitar na semana passada, disse que trocou a companhia de vigilância que estava cuidando da segurança da fazenda, estamos desconfiando que Geovane pagou a eles para desligarem as cercas elétricas e as câmeras, e que reforçou ainda mais a segurança pelo bosque e aos arredores. Ele me pediu mil perdões outra vez por todo problema que aconteceu, e eu disse que não era culpa dele, ninguém tinha culpa, não culpo nem Scott. O único culpado já está preso.
Em falar em Scott, como ele se entregou para a polícia, sua família ficou saída. Apenas ele trabalhava para sustentar a casa, sua mulher estava grávida e tinha uma criança de dois anos para criar sozinha. Eu não consigo imaginar o desespero dessa mulher sozinha e com os filhos para criar, eu precisava fazer alguma coisa.
- Amor. – Sussurro ainda de olhos fechados. – Está acordado?
- Quem deveria dormir é você. – Ele respondeu baixo. – O que está te incomodando?
- Scott. – Respondo. – A família dele.
- Também estava pensando neles. – Ele afirmou.
- Queria poder ajuda-los de alguma forma. – Tento me sentar na cama, Daniel me ajuda e arruma o travesseiro.
- Já tem algum plano? – Ele coloca uma mecha atrás da minha orelha.
- Contratar ela? A casa da fazenda é enorme, daria para ela morar lá com os filhos e me ajudar com os afazeres da fazenda. – Digo. – Afinal, ela está gravida e não pode fazer muito esforço, acredito eu.
- É uma boa ideia. – Daniel cruza os braços. – Por quanto tempo ela ficaria?
- Até Scott sair da cadeia?
- Ele vai ficar por uns dois anos. – Afirma. – Mas e depois?
- Depois a gente se preocupa com o depois. – Olho ele. – Não iria conseguir dormir em paz sabendo que ela vai estar jogada com os filhos.
- Nem eu conseguiria fazer isso. – Ele suspira. – Vou tentar entrar em contato com ela.
- Boa tarde meu casal preferido. – Disse Rafa entrando no quarto.
- Boa tarde meu cunhado preferido. – Digo olhando-o.
- Oi Mari. – Disse Hadassa entrando no quarto. – Fiquei tão preocupada quando fiquei sabendo do sequestro. – Ela se aproxima e me abraça.
Hadassa virou minha melhor amiga, depois de todo aquele período de estranhamento, ela assumiu que estava com ciúmes, mas acabou percebendo que não aconteceria nada entre Raphael e eu. Eles queriam ter vindo na semana passada, mas o médico só liberou a visita ontem, Daniel era o único que ficava no quarto comigo.
Consegui conversar com minha família, eles estavam bem preocupados. Meus pais não vieram para o Texas porque acreditavam que a qualquer hora eu poderia aparecer na cidade pedindo ajuda, ou simplesmente aparecer falando que desisti do haras. Papai estava um pouco abatido, pensou que iria me perder, mas graças aos céus isso não aconteceu.
- Ainda não acredito que você estava tão perto assim do haras. – Disse Hadassa se sentando na beirada da cama.
- Sim. – Digo. – E quando percebi isso, eu criei um plano para escapar.
- Você foi bem corajosa. – Disse Rafa. – Estávamos preocupados.
- O cavalo que estava com o sequestrador, era do haras? – Perguntou Hadassa.
- Sim, era o cavalo que Scott tinha preparado para mim. – Respondo. – Mas por que?
- E ele conseguiu passar pelo bosque, o corredor de espinhos, passou pelo riacho e ainda pulou a cerca? – Hadassa arqueia a sobrancelha.
- Na onde está tentando chegar? – Perguntou Dani olhando para ela.
- Vocês não perceberam? – Ela sorriu. – Você é uma ótima treinadora!
- Aquele cavalo não iria aguentar tudo aquilo se não tivesse tido um bom treinamento. – Afirma Raphael.
- Acha que podemos usar isso como uma boa divulgação? – Digo.
- Cavalo determinado é cavalo do haras Sant'Anna. – Disse Daniel sorrindo.
- Ah pronto. – Digo e começo a rir. – Belo slogan.
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Mariposa
Teen FictionMariana é uma jovem que sofre de uma doença onde seus ossos, do braço esquerdo, são frágeis. Filha de Denis e enteada de Cinthia, Mari segue a vida tomando seus remédios e vitaminas na esperança de ter uma vida normal. Porém, Mari terá que tomar a...