Vigésimo Quinto

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Já estamos quase chegando em casa, papai e Lucas revezaram a direção do carro durante a noite e isso acabou deixando a viagem mais rápida, Priscila dormiu a viagem toda, outra vez, só acordou na hora que paramos para comer e depois voltou a dormir, Cinthia cochilou um pouco mas logo acordava e ficava olhando para a estrada, enquanto eu sofria de ansiedade, não sabia como a mãe de Lucas iria reagir ao saber da gravidez, papai também não disse nada sobre a gravidez e isso está me deixando mais ansiosa ainda.

- Para um pouco o carro. – Digo olhando para o motorista, que agora era papai.

- Está tudo bem? – perguntou meu pai parando o carro no acostamento.

- Está sentindo alguma coisa? – luvas virou-se para trás.

- Eu preciso tomar um ar, e vomitar talvez. – Digo abrindo a porta do carro e fechando logo em seguida.

Vou para trás do carro e me encosto no mesmo, coloco as mãos nos olhos e suspiro, isso está me matando. Sinto alguém me abraçar pela cintura e beijar a ponta do meu nariz.

- Pode falar o que está acontecendo. – Sussurrou ele.

- Se eu ficasse mais um segundo dentro do carro, eu iria pirar mais ainda. – Digo baixo e forço um sorriso.

- É só isso mesmo? – Lucas me olha enquanto tiro as mãos dos olhos.

- Sim. – Confirmo. – E quero vomitar, de novo.

Me distancio um pouco dele e acabo vomitando em uma moita que tinha ali, Lucas se aproxima com uma garrafa de água e minha escova de dentes, escovo meus dentes rapidinho e volto para o carro.

- Senta-se na frente. – Lucas abriu a porta do carro para mim. – Vocês precisam conversar um pouco e eu quero dormir um pouquinho também. – Ele sorriu.

- Tudo bem. – Beijo na bochecha dele e me sento no banco da frente enquanto ele se senta atrás, ao lado de Cinthia.

- Está tudo bem? – perguntou papai.

- Se quiser, a gente espera você melhorar. – Cinthia colocou sua mão em meu ombro.

- Podemos ir, já estou melhor. – Sorrio fraco e olho papai.

Ele volta para a pista e continua o caminho, falta mais ou menos meia hora até chegar em casa, e eu estava evitando ao máximo a ideia de conversar com meu pai, mas eu teria que ter essa conversa com ele mais cedo ou mais tarde.

- Pai, podemos conversar? – digo baixo.

- Agora? – ele me olha de relance. – Está passando mal?

- Não, estou bem. – Sorrio fraco.

- Pode falar, querida. – respondeu ele fechando a janela do lado dele.

- Pai, o senhor não disse em nada em relação a minha gravidez. – Olho ele. – Até vovô já mimou o bisneto que nem está gerado ainda, e você não disse nenhuma palavra.

Denis suspira e se ajeita no banco, aquilo lhe incomodava um pouco.

- Eu fiquei um pouco assustado. – Ele assume. – Mesmo sabendo que você poderia gravidar, afinal, você está namorando. – Ele dá uma pausa. – Eu pensei que iria demorar mais.

- Acredite, foi uma surpresa até para nós dois. – Digo em relação a Lucas e eu. – Me sinto insegura, são tantas coisas acontecendo e tantas coisas ainda vão acontecer.

- Estamos com você. – disse Cinthia entrando na conversa. – Da mesma forma que estamos com Priscila.

- Não vamos abandoná-las. – Completou papai, ele pegou em minha mão e acariciou de leve.

- Obrigado por tudo, e me desculpa se eu desapontei vocês. – Digo baixo.

- Meu amor. – Cinthia coloca sua mão em meu ombro e aperta de leve. – Você não nos desapontou.

- Não ache que estamos bravos contigo. – disse papai. - Nós te amamos Mari.

- Sua mãe também te ama. – Cinthia sussurra. – Denis, já chegamos? – ela olha para a estrada.

- Estamos quase entrando na cidade, meu bem. – disse ele.

Olho para trás e vejo que Lucas acabou dormindo, sorrio fraco e olho para Cinthia.

- Pronta para enfrentar um dos primeiros problemas de casal? – disse minha madrasta. – Nem sempre sua sogra vai te apoiar.

- Acho que ela nunca vai me apoiar, para falar a verdade. – Digo.

- O importante é se Lucas vai te apoiar e estar contigo nesse momento difícil. – disse ela me olhando. – Se ele estiver do seu lado, nada mais importa.

- Não quero colocá-lo contra a mãe dele. – sussurro.

- Ela que se colocou contra vocês. – disse Priscila acordando. – Já chegamos?

- Já sim, aposto que Vania fez aquele café maravilhoso que você tanto gosta. – disse papai parando o carro em frente de casa.

Desço do carro e espero Lucas descer também, pego minhas coisas e vou em direção de casa, entro na mesma e coloco minhas coisas na sala mesmo. Volto a fechar a porta de casa, depois de todos colocarem suas coisas ali e seguimos para o restaurante que já estava aberto, afinal eram umas nove horas da manhã.

- Vocês voltaram! – disse Anderson vindo nos abraçar.

- Que falta vocês fizeram. – disse Vania saindo da cozinha junto com toda equipe.

- Também senti a falta de vocês. – Digo abraçando Vania e depois as outras pessoas que estavam ali.

- Estamos com poucas pessoas hoje né. – disse papai olhando para os poucos clientes no restaurante.

- A maioria das pessoas foram viajar. – disse Anderson. – Mas até que estamos tendo um bom movimento.

- É verdade seu Denis. – Disse Thiago. – Ontem mesmo, ficamos até duas da madrugada com cliente.

- Vaniaaaa. – Disse Priscila indo abraçar ela. – Estou com vontade de tomar aquele seu café.

- Mas você já não tomou café? – Disse Lucas rindo.

- Mas não era o café da Vania. – Respondeu Priscila.

- Tudo bem meninos. – Respondeu Vania sorrindo. – O café já está quase pronto, podem se sentar.

- E você, está bem? – Disse Thiago se aproximando. – Não parece muito bem.

- Vomitei quase o caminho inteiro. – Sorrio fraco. – Mas já estou bem.

- Comeu alguma coisa que te fez mal? – Perguntou ele.

- Na verdade, não consegui comer nada. – Digo indo em direção da mesa onde todos estavam se sentando.

- Mas por quê? – Disse Vania.

Olho para papai e Cinthia e depois olho para Lucas.

- Não queria falar ainda, - digo olhando para eles. – é um pouco arriscado.

- Está nos assustando. – disse Anderson.

- Eu estou gravida. – Digo sorrindo fraco. – Por isso vomitei o caminho todo.

- Jesus. – disse Thiago me olhando. 

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